Reinos em Conflito

Cicatriz amarga

Conrad é um nome que se traduz como "conselheiro", interpretado como "conselheiro corajoso" ou "aquele que aconselha com coragem". É um nome que reflete força, coragem e sabedoria.
Às margens do Rio da Serpente Dourada, erguia-se majestoso o Reino de Avalon, sob a regência da Rainha Elfrida. Uma donzela madura, seus cabelos negros caíam como a noite, e seus olhos castanhos claros refletiam a coragem de seu reinado. Com uma beleza que rivalizava com as mais raras gemas, ela sabia do poder que sua presença exercia sobre os corações dos homens, ciente do fascínio que sua figura provocava. Seu esposo partiu prematuramente, antes que a graça de um herdeiro pudesse ser conhecida, logo em seguida, o irmão do Rei, acometido de mal que durou um período, não resistiu e partiu desta vida. A Rainha Elfrida, uma mulher de força inabalável, viu-se viúva, desprovida da promessa de descendência real. Sua irmã, Matilda, uma beleza em sua juventude, porém habituada a viver nas sombras da poderosa rainha, tornou-se sua única companhia para compartilhar os raros momentos de deleite.
Do outro lado do mapa, o Reino de Invernia florescia sob o reinado do Rei Rhodri. Ao contrário de Elfrida, ele desfrutava da calorosa presença de sua família: uma filha astuta de treze anos, um filho de dezenove anos seguindo seus passos com admiração, e uma esposa, ainda viva, mas debilitada por uma doença persistente.
A única união entre os dois reinos era a amargura que nutriam um pelo outro, alimentada por narrativas sombrias, velhas como as pedras que pavimentavam seus caminhos. Contos mal contados e antigas maldições teciam uma tapeçaria de desconfiança e rancor, lançando as sementes do ódio e da guerra que ecoavam através dos séculos como ecos de batalhas passadas.
Sir Conrad de Montclair, aclamado como o "Senhor da Guerra" no Reino Avalon, lidera destemidamente os cavalheiros, sendo o comandante supremo que conquistou a confiança e estima do falecido Rei Andrew, o ex-marido da Rainha. Sua habilidade estratégica foi crucial nas vitórias notáveis da Guerra das Espadas Cruzadas, da Batalha dos Pássaros de Aço e da Invasão das Colinas Silenciosas.
Num dia sombrio, sob a fúria de uma tempestade chuvosa, Conrad estava em seus aposentos, afiando suas espadas e cuidando de suas armaduras.
Seu aposento era habilmente construído, ricamente adornado com pinturas refinadas. Uma janela ampla permitia a visão das majestosas montanhas e relevos, repletos de vida que resplandeciam sob os raios solares. Era, sem dúvida, o mais vasto dos quartos do castelo, exceção feita ao da nobre Rainha.
Apesar de não estar em serviço, Conrad sentiu o impulso de percorrer todos os cantos do castelo. Levantou-se da cadeira em que estava sentado, vestindo trajes comuns e desprovido de equipamentos de combate. Saindo do quarto, começou a andar pelo castelo para garantir que tudo estivesse em ordem.
Após percorrer os corredores do castelo, no retorno ao seu aposento, próximo à porta da rainha, Conrad avistou Godfrey, um dos servos mais antigos do Reino Avalon. O servo, visivelmente abatido, apoiava suas costas na porta fechada, demonstrando desconforto. Com mãos trêmulas, Godfrey tentava se segurar em algo. Conrad rapidamente se aproximou.

Conrad: Godfrey, o que está acontecendo?

Godfrey tentava articular palavras, mas a aflição impedia sua voz. Enquanto Conrad buscava desvendar o mistério, uma repentina erupção de sangue vômito jorrou de sua boca, dirigindo-se ao chão e aos pés de Conrad que continuou segurando Godfrey, que logo após faleceu em seus braços, enquanto Conrad clamava por auxílio aos habitantes do castelo, rapidamente, uma multidão se formou, composta por pessoas assustadas e perplexas diante do ocorrido. Logo em seguida, a Rainha abriu a porta de seu quarto. O vômito de sangue que jazia no chão escorreu para dentro da câmara real, arrastado pela entrada aberta, provocando uma leve expressão de repugnância no rosto da Rainha. Entretanto, essa expressão transformou-se em puro horror quando ela avistou Godfrey, inerte e manchado de sangue ao redor da boca, sendo segurado por Conrad. Este, por sua vez, dirigiu à Rainha um olhar triste, mas firme.

Conrad: Ele partiu.

Rainha Elfrida: Não, não pode ser.