Prólogo

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Meu pai nem sempre foi um homem "mau", apesar de trair minha mãe várias vezes, ele ainda era meu "super herói". Depois que descobrimos que a mamãe estava doente com um câncer em estágio avançado, ele passou a ficar mais em casa e ao nosso lado. O que não fez a relação amorosa dos dois melhorar novamente, afinal, minha mãe já estava ciente de todas as traições de meu pai, especialmente com suas alunas, já que ele era um professor de educação física.

Mas o apocalipse havia começado, e minha mãe, que já estava muito debilitada e com os hospitais fechados para tentar conter a epidemia ela não podia continuar o tratamento da forma certa, ela acabou falecendo e virando uma daquelas coisas, que eu prefiro chamar de zumbis, mesmo assim ela tentou nos proteger se acorrentando a cama, ela não queria nos machucar depois de ter virado um daqueles monstros.

Meu segundo nome foi em homenagem a ela, Lucille, mas hoje parecia que ela se quer existiu, já que esse nome foi passado para a porcaria de um taco de beisebol com arame farpado que as vezes meu pai trata melhor do que eu, que sou de verdade em carne e osso.

Era noite e meu pai estava aterrorizando outro grupo de sobreviventes na mata, todos eles estavam de joelhos em fileira, enquanto meu pai conversava com eles, obviamente com Lucille em seus ombros, enquanto eu estava sentada dentro da van olhando pela janela. Todos estavam em completo choque e chorando, meus olhos se arregalam quando ele começou a bater com o taco várias e várias vezes na cabeça de um homem ruivo.

Quando pai queria ser cruel, ele conseguia muito bem.

Em poucos minutos o chão de areia estava coberto de sangue e pedaços de cérebro, eu poderia ver aquela cena mais de mil vezes, eu nunca iria me acostumar com isso. Foi quando um dos homens que estava ajoelhado se levantou e deu um murro no rosto do meu pai, meus olhos se arregalaram mais ainda, se é que era possível.

Meu pai provavelmente iria liberá-los depois de ter matado o ruivo, mas depois desse golpe, ele provavelmente iria matar outra pessoa. Ele foi para perto de um homem asiático.

O homem era algo de uma mulher que estava doente na fileira, e meu sentido dizia que ela também estava grávida, já que toda vez que meu pai chegava perto dela, suas mãos iriam direto para sua barriga, como se estivesse tentando proteger algo que estava ali dentro.

Aquela criança merecia um pai presente no meio daquele caos todo, eu não poderia deixar meu pai matá-lo. Quando ele iria dar o primeiro golpe, fechei a cortina da janela e eu comecei a bater na porta do trailer, chamando a atenção dele, dos salvadores e daqueles outros sobreviventes. Eu queria ter ido para o lado de fora mas a porta estava trancada, então o único jeito foi ficar dando várias porradas na porta do trailer.

Ele revirou os olhos antes de entregar a Lucille para Simon, seu braço direito, e veio até o trailer, abrindo a porta e entrando antes daquelas pessoas conseguirem ver que eu estava dentro dela, apesar de tudo, meu pai me protegia de todos os seus inimigos e não deixava ninguém me ver e saber da minha existência, além dos outros salvadores.

— O que foi, Seline? - Ele perguntou impaciente. Pelo seu jeito de olhar ele realmente não havia gostado de eu ter interrompido o showzinho dele.

— Pai, você não pode matar aquele homem, por favor. - Segurei em sua mão, tentando mudar sua ação, às vezes um pouco de drama era sempre necessário.

— Eles mataram nossos homens e um deles ainda teve a coragem de socar a cara do seu pai! Eu preciso fazer esses sacos de merda aprenderem uma lição. - Ele ameaçou sair da van novamente, mas eu puxei sua jaqueta.

— Papai, me escuta pelo menos uma vez! Poxa, a esposa dele está doente e grávida, é aquela mulher de cabelos curtos, aquela criança não pode crescer sem um pai. Imagine se fosse você no lugar dele e eu fosse aquela criança. - Eu cruzo meus braços e o encaro.

Paternidade, esse era o ponto fraco de Negan. Mamãe sempre deixou claro que ele não era um pai presente na minha vida, isso parece que o traumatizou um pouco, e com razão.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos e suspirou, passando a mão pela barba grisalha, me encarando.

— Cacete, menina. O que eu não faço pra ver você feliz. - Sorri e dei um beijo rápido em sua bochecha fazendo ele sorrir também.

Negan saiu da van, trancando a porta novamente e foi para perto do grupo novamente. Eles ainda estavam assustados, mas pareciam estar mais calmos.

Abri a cortina da janela novamente e não vi mais aquele grupo de pessoas, os salvadores já estavam entrando em seus carros, foi quando a porta do trailer se abriu com brutalidade e Dwight empurrou um dos homens daquele grupo, amarrado para dentro, o reconheci como o homem que deu um soco em meu pai.

— Vamos voltar para santuário. - Negan entrou e se sentou na parte de trás ao meu lado. - Dwight, mande Sherry ajudar a preparar a cela do nosso mais novo prisioneiro. - Ele disse animado.

Olhei para o homem que estava sentado no chão e acenei pra ele, ele olhou para mim, fazendo uma feição estranha, talvez pela forma que eu estava vestida, talvez um pouco arrumada demais para um apocalipse. Voltei a olhar para frente quando o trailer começou a ir para o santuário.

𝗪𝗶𝗰𝗸𝗲𝗱 𝗚𝗮𝗺𝗲, Rick Grimes Where stories live. Discover now