Único

25 2 0
                                    

Por onde quer que andasse Draco não andava de cabeça erguida, olhava para os próprios sapatos enquanto seguia seu caminho em direção ao observatório, a visão que tinha dos campos verdejantes era simplesmente inigualável! A estação mudara, e com ela o clima se tornava mais frio, forçando todos a vestirem casacos mais grossos e quentes. Draco usava um suéter de lã que sua mãe mandara naquela mesma manhã, seu cheiro ainda era forte no material, um perfume de flores francês que usava e com qual seu pai a presenteara.

Subindo as escadas sobre os olhares dos quadros vigilantes, ele parou por um momento quando a pintura de uma bruxa lhe falou: — É muita petulância sua andar por estes corredores depois de tudo que você fez!

— Deixe o menino em paz, Dália, sua velha rabugenta. — Em um outro quadro um bruxo de cabeça pelada falou, Draco o olhou em silêncio, sem saber o que falar.

— Ora, mas o que falei de mal? Esse garoto estava mal comungado com Você-Sabe-Quem, não só ele, como toda sua família!

— E todos foram absolvidos de seus crimes, velha linguaruda! Talvez não tenha sabido, vive enformada na sua velha moldura que sequer busca se informar, não é mesmo sua caranguejeira?

Da outra extremidade da escada ele surgiu, com seus longos cabelos pretos e um piercing de uma longa corrente dourada preso ao seu nariz e que seguia até a sua orelha. Era um adorno indiano, disso Draco sabia, mas não sabia qual. Harry havia abraçado fortemente sua ancestralidade oriental, isso havia acontecido no início do ano, quando fora flagrado com aquele mesmo adorno em uma Copa de Quadribol, Draco vira a foto do garoto no jornal local e ficara encantado com a beleza do adorno e de alguma forma a de seu usuário.

Harry parecia uma pessoa completamente diferente, descendo as escadas na direção contrária, olhou para o quadro onde a dita Dália olhava em choque para ele, que apenas retribuiu o olhar com suas íris esmeralda. Se de alguma forma fosse possível, faíscas poderiam emanar daqueles olhos, eles transpareciam energia, uma energia que apenas Harry Potter emanava.

— E digo mais: se continuar a falar asneiras sobre o que não sabe eu vou pessoalmente atrás de McGonagall para dar queixa de você! Vai ficar lindo para você, não acha, a diretora ter que largar os seus afazeres por conta de implicância de um registro em tela!

— N-não é necessário, não precisamos incomodar a diretora! Me desculpe, rapaz, me desculpe!

Draco olhou para Harry surpreso. Eles nunca foram amigos, muito menos próximos um do outro, haviam vivido uma vida inteira de provocações e implicância, em sua grande maioria vindas dele próprio. Era até estranho não haver mais aquela tensão os esmagando, o desejo de superá-lo a qualquer custo, quando o que mais desejava no momento era existir imerso em uma irrelevância que não lhe cabia. Ele era um Malfoy, e Malfoys foram feitos para serem vistos e não para passarem despercebidos.

— Não precisava escorraçar a mulher, Potter. — Pela primeira vez em sua vida, e isso não passou despercebido por ele, aquele nome não saíra de sua boca de forma tão afetada e maliciosa que era habitual.

— Bom, eu só quis fazer o certo.

— Como sempre, não é mesmo?

Aquilo havia saído de forma natural, mas como o nome do seu protetor essas palavras eram libertas de malícia. O silêncio entre eles foi desconfortável até mesmo para seus espectadores silenciosos presos em suas prisões emolduradas nas paredes.

Eles sorriram sem jeito um para o outro e logo cada um assumiu seu caminho em direções opostas; pelo menos até que Harry chegasse a metade da escada, parando tão de repente que os quadros nas paredes agora olhavam ansiosos a espera de um conflito, uma vez que conhecida era a rivalidade dos meninos de diferentes casas.

— Malfoy — Chamou Harry, e Draco parou no corredor, olhando para o Garoto-Que-Sobreviveu. — Belo suéter.

Os olhos azuis do garoto se arregalaram até que se tornassem pequenos pontos azuis em sua face pálida.

— A cor lhe cai muito bem!— Ele estava certo, a cor ficava muito bem no garoto, contratava bem com sua pele albina.

Deixando esse elogio no ar, Harry deixou as escadas em silêncio, com as mãos no bolso e um calor incomparável em seu rosto. Não ficou para ver a expressão do garoto, cujas feições brancas agora se tornavam rosadas, tamanho era se desconserto que até mesmo esquecera que estava indo para a torre do observatório. De debruçou na escada, olhando o garoto do alto e vendo-o desaparecer num arco na parede.

Draco estava prestes a seguir seu caminho, quando uma ideia perpassou-lhe a cabeça: olhou para todos os lados, e ao contestar que não havia nenhum monitor ou professor por perto, apontou a varinha para o quadro da tagarela Dália e num floreio de varinha fez com que o objeto virasse na parede e ficasse “de costas” para as escadas. As lamúrias da mulher eram altas e as risadas de seus companheiros também, seria só uma questão de que os escutassem, e ele não ficaria para responder às perguntas de ninguém.

Draco saiu em disparada pelo corredor em direção a torre, pensando no elogio que recebera e que enrubesceu suas feições.

Ai ajuns la finalul capitolelor publicate.

⏰ Ultima actualizare: Jan 27 ⏰

Adaugă această povestire la Biblioteca ta pentru a primi notificări despre capitolele noi!

Suéter Azul Escuro - Drarry.Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum