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Maya fica encarando Bill que de canto de olho enquanto ele ficava fazendo uma ligação após a outra em seu escritório. A garota permanecia sentada no sofá, com um livro em seu colo no qual ela já nem se lembrava mais qual era a história, seus olhos só deslizavam pelas paginas lendo palavras aleatórias como "água" e "inverno". Por mais que ela tentasse focar ali, a qualquer movimento que o Bill fazia a sua atenção voltava a ser dele, igual uma criança encantada quando chega no parque da Disney.

Já tinham se passado dois dias desde o beijo, e nenhum beijo voltou acontecer, e nem menções sobre o assunto. O café da manhã seguia como sempre, somente acompanhado de um "como foi a sua noite?" e finalizado indo até o escritório.

O mistério do Bill a intrigava, era difícil prever os seus movimentos, difícil saber o que ele esteva pensando, e em como poderia reagir. Diferente do Tom, que sempre foi tão sincero em seus toques e em suas vontades com ela.

— Você vai fazer um buraco no meu rosto. — Bill diz sorrindo enquanto fazia mais uma ligação.

— Nem estou te olhando. — Ela volta a encarar o livro e dá de ombros, fazendo ele sorrir enquanto a encarava.

— Quer ir almoçar fora hoje?

— Pode ser.

— Pode ser.


Eles vão até um bistrô francês, Bill pede o lugar mais afastado e eles são levados para o fundo do restaurante, uma garrafa de vinho branco é servido e Maya começa a encarar o cardápio.

— O que você quer tanto falar comigo? — Bill pergunta enquanto gira a sua taça em seu próprio eixo fazendo o liquido dentro dela se movimentar.

— Eu não queria falar nada. — Ela diz sem encara-lo lendo os nomes dos pratos em francês.

— Então você é só uma observadora?

— Apreciadora talvez. — Ela sorri pegando a sua taça com bebida. — Para você não significou nada?

Ele passa a sua língua nos lábios e os aperta com um pouco mais de força, enquanto encarava o menu que estava na mesa. Os seus olhos escuros se levantam e a encaram por um longo tempo, como se buscasse as palavras corretas.

— Eu só não quero passar dos limites com você. — Ele responde e pega a sua taça novamente.

— Não quer... — Maya parecia processar as palavras. — Passar dos limites? — As palavras saindo da sua boca pareciam mais sem sentido quando ditas em voz alta.

— Sim. — Ele apoia um cotovelo na mesa a encarando. — Você já teve uma má impressão minha, se eu ficasse atrás de você igual um cachorrinho, o que mais você poderia pensar?

Justo – ela pensou.

— Eu poderia pensar que você gostou de me beijar. — Ela sorri para o garçom fazendo ele se aproximar. — Mas acho que me enganei. — Ela começa a encarar o garçom que parava sorrindo ao lado da mesa deles. — Quero um Quiche Lorraine. — A sua voz mudava ao tentar falar com o sotaque francês.

— E para o senhor?

— A mesma coisa. — Bill balança a mão indicando que o garçom saia. — Eu nunca disse que eu não gostei.

— Mas não disse que gostou também.

— O fato de eu querer manter uma boa imagem para você deveria querer dizer algo. — Ele cruza os braços.

Os dois ficam em silencio por alguns segundos, mas o barulho de vidro quebrando ao longe no bistrô fez o espaço do silencio ser preenchido.

— Eu gostei e quero mais. — Bill sussurra inclinando o seu corpo para frente. — Quanto mais, melhor.

ACORRENTADOS  [+18]Where stories live. Discover now