Capítulo 2: Boas-vindas à nova vida

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As gotículas de água ainda refletiam todas as cores naqueles corpos que caminhavam abraçados até seu destino. Os sorrisos não deixavam aqueles rostos iluminados pela luz da lua. E o brilho da lua só não era mais nítido que os dos olhos daqueles dois apaixonados.

- Surpresa! – Gritaram todos do Naitandei ao mesmo tempo assim que Ramiro e Kelvin puseram o primeiro pé dentro do bar.

Kelvin abriu ainda mais o sorriso e já sabendo daquela surpresa, afinal era seu idealizador, virou para o marido perguntando num sussurro: - Gostou da surpresa, meu amor? É sua festa de boas-vindas.

Ramiro sentiu-se arrepiar. E não era de frio por terem passado algum tempo no rio. Não. Era um arrepio bom como ele jamais sentiu na vida. Afinal, ele nunca tinha se sentido assim: incluído.

Ele não soube o que responder ao seu pequetito logo após a surpresa. As palavras lhe faltaram, mas seus sentimentos gritaram e fizeram seus olhos se encherem de lágrimas. Num esforço murmurou: - Brigado. – Tal qual um menino que se emociona ao receber um presente que sempre quis.

Kelvin passou os braços em volta dele, dando-lhe um abraço apertado que foi retribuído. Se pudesse não o largaria, mas todos queriam dar as boas-vindas a Ramiro, para maior surpresa do mesmo. Pela primeira vez na vida ele estava recebendo abraços calorosos e sinceros. Até abraçava sem jeito, já que a única pessoa que havia se acostumado a abraçar atendia por seu marido agora.

- Seja bem-vindo de volta a liberdade, Ramiro. – Luana começou. – Agora que você não tem mais contas a pagar com a justiça, pode considerar isso aqui sua casa. Também porque eu sei que você não tem pra onde ir, por enquanto. E como você já está casado com a minha velha mesmo... – Riu junto de Kelvin. – Bom, eu deixei vocês ficarem com o quarto que era da Cândida pra morarem aqui até conseguirem outro lugar, tá? O Kelvin já estava usando mesmo e... Ah! E tem um monte de foto sua colada lá, eu não ia mexer.

- Eu não ia deixar. – Kelvin retrucou para a amiga.

- Brigado. Brigado, Luana. Eu soube que cê é a dona do bar agora, né? Que a dona Cândida deixou procê memo.

- Foi. Mas, o seu Kelvinho aí não saiu perdendo, não, tá? Depois o Rodrigo explica. Agora vamos brindar... – Ela pegou uma taça de várias dispostas no balcão, seguida dos demais. – Que hoje nós estamos comemorando duas coisas importantes: a liberdade e a paixão. A paixão que esse casal aqui vai poder finalmente viver, graças a liberdade do Ramiro. E não só dele, mas do Kelvin também, né, minha velha? – Piscou para o pequeno. – Afinal, todos nós sabemos que Ramiro não viveu só preso como estava até agora, mas preso em vários sentidos. E agora, se libertou. Se libertou para amar. E o Kelvin merece ser amado. E agora os dois vão ter toda liberdade do mundo pra viver esse amor. – Kelvin olhou para o marido que lhe devolveu o sorriso, parecendo compreender o que Luana estava discursando. Ela continuava falando, agora se juntando ao noivo. – E a segunda comemoração do dia é... O anúncio da data do meu casamento!

Essa, sim, era uma surpresa para todos. Ninguém sabia que Luana e Rodrigo já haviam marcado a data. Todos brindaram, contentes com as novidades. Logo trataram de dispersar, bebendo e perguntando mil coisas a Luana sobre os detalhes do casamento. Rodrigo, no entanto, chamou Kelvin e Ramiro para uma conversa mais séria.

- Vejam só... Eu quero falar sobre a soltura do Ramiro, mas antes quero explicar o que a Luana quis dizer quando mencionou que o Kelvin não saiu perdendo com a resolução de que o bar havia sido realmente deixado de herança para ela pela dona Cândida.

- Ah, sim, fala pra ele, Rodrigo! – Kelvin pediu.

- Então, Ramiro, você sabe que o Zezinho havia ficado como dono, mas não tinha dinheiro para investir no bar, sobretudo pra pagar as dívidas, que foi o que o Kelvin fez, né? Daí, por ter investido no bar, saldado as dívidas e ainda ter feito melhorias e pequenas reformas, o Kelvin ficou legalmente com direito a tudo que ele fez aqui no bar. Mas, como foi comprovado que o bar era legalmente da Luana, e não tinha como o Kelvin desfazer tudo que ele investiu aqui, só teria dois modos de eles não entrarem em outra briga judicial pelo bar. Ou o Kelvin compraria o bar da Luana, sendo descontado o que ele gastou aqui; ou a Luana iria ressarcir o Kelvin pelo que ele gastou no bar dela. Você tá entendendo?

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