Capítulo Dezessete

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Dylan

Então eu me vi ali, na escola, aquela mesma escola que fez mudar minha vida, mas de um jeito ruim. Péssimo, na verdade. Ouvi barulhos de tiros, mas eles estão longe, estou na mesma sala de brinquedos onde me escondi da primeira vez. Mas algo diferente, ouço baterem na porta e pedindo para abrir. Era a voz da minha mãe. Mas eu não consegui me mexer.

Enquanto eu escutava barulhos de tiro, eu ficava tremendo, me tremendo todo. Mas ainda escutava minha mãe me chamando, batendo na porta e implorando para que eu abrisse, mas como ela sabia que eu estava ali?

De repente eu ouço um barulho de tiro mais alto, como se tivesse mais perto, e com isso, não ouço mais minha mãe me chamar. Enquanto eu continuava ali parado sem forças para me mexer.
Se passaram cinco minutos até que eu ouço baterem na porta de novo.

- Dylan? Você está aí? - A pessoa falava quase num sussurro, com a voz trêmula pelo medo. Era Ashley. - Me ajuda por favor. Preciso da sua ajuda.

Não sei como, mas ouvi a voz dela fez meu coração se apertar, consegui levantar e ir em direção a porta, mas não a abri.

- Ashley? - Perguntei também quase num sussurro... Silêncio total. - Ashley? Ainda está aí? Diz que sim, por favor. - Digo pegando na maçaneta quase virando ela até que ouço a voz de Ashley.

Então com uma força que vem para meus braços, abro a porta e a vejo na minha frente, toda ensanguentada, chorando com uma marca de tiro no ombro direito, onde está saindo mais sangue. Olho por cima de seu ombro e vejo um homem mascarado que levanta sua arma e começa a mirar em nossa direção. Mais uma vez eu travo até que ouço o barulho do disparo. Um barulho alto, um barulho que me doeu, não os ouvidos, mas o coração. Sinto meu corpo caindo para trás. E no momento em que bato no chão, eu acordo.

Acordo assustado e me sento no colchão. Vejo que são seis horas da manhã. Ashley dormiu do meu lado, num outro colchão e acordou assustada por causa de mim, talvez eu tenha feito algum barulho quando acordei. Se senta ao meu lado passando sua mão direita pelas minhas costas.

- Você está bem? - Me pergunta.

- Acho que sim. Só tive um sonho ruim. Nada demais.

- Me conta como foi?...

- É... - Olho nos olhos dela, depois desço o olhar para sua tatuagem no ombro direito, o mesmo ombro onde ela tinha tomado um tiro no meu sonho. - ... - Volto o olhar para seus olhos. - Fico feliz que você esteja bem.

Ela me dá um beijo na bochecha e me abraça de lado.

Sei que talvez estejam se perguntando se rolou mais algo entre ela e eu antes de dormirmos, sinto decepcionar vocês, mas não rolou nada, nem mais um beijo.
Me levanto, acordo Ruan para irmos para a casa, é segunda feira e a gente trabalha, os quatro, na verdade.
Antes de ir, volto até Ashley que ainda está deitada, dou um beijo em sua cabeça e em seu ombro direito, me despeço e vou para o carro com Ruan.

- Notei que passou um tempo com Ashley. E vi um negócio no banheiro ontem, quando a gente ia vir para cá. - Comenta Ruan, ligando o carro.

- Aham, que bom então. - Respondo sem vontade.

- Não foi difícil saber que eram as iniciais de vocês dois ali. Sei que você gosta dela. Não sei em que sentido mas sei que gosta e...

- Ashley foi a minha amiga naquela época que você sabe bem qual foi. - Digo sem deixar ele terminar sua frase.

- Pô, acho que agora tudo faz sentido. Vocês sempre vão ter um conexão aí.

E o restante do caminho foi em silêncio, assim como o restante do dia. Pensei em Ashley o tempo todo, sei que a gente vai ter que conversar, tanto que assim que saio do meu trabalho, mando mensagem para ela, perguntando se a gente poderia conversar. Ela só me manda o endereço dela. Chamo um Uber e vou para lá.

Um Dia Muda Uma Vida (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora