do not be rude

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S/n

Eu ainda sentia o sangue fervilhando em minhas veias, um misto de raiva e proteção dominando cada pensamento. Eu havia sido rude, sim, talvez mais do que deveria, mas ver Camila sendo alvo de xenofobia mexeu com algo profundo e inegociável dentro de mim. Eu não podia, não conseguia ficar parada enquanto alguém tratava a pessoa que eu me importava dessa forma tão vil.

-- Camila -- comecei, minha voz ainda carregada de emoção -- eu só quero que você saiba que eu não vou tolerar pessoas te tratando dessa forma. Não importa quem seja, não importa a situação. Não é certo, e eu... Eu simplesmente não consigo ficar quieta quando vejo algo assim acontecendo.-- eu seguro com furmeza no volante de meu carro, estamos paradas na frente de sua casa, eu vim traze-la hoje, espero poder trazer ela todos os dias, gosto de ter ela por perto e saber que ela esta bem e segura

Eu esperava ver algum conforto em seu olhar, talvez até um pouco de gratidão, mas o que eu encontrei foi uma expressão suave, quase resignada, que me pegou de surpresa.

-- Eu sei, S/n, e eu aprecio muito que você se importe tanto, -- Camila começou, sua voz calma, pacífica até, -- mas você não precisa fazer isso. Pessoas são assim o tempo todo comigo. Eu aprendi a não deixar que me afetem. Ser rude com elas, confrontá-las... isso não muda quem elas são ou o que pensam. Só traz mais negatividade. Eu prefiro apenas ignorá-las.

Suas palavras caíram sobre mim como uma chuva fria, apagando a chama da raiva, mas deixando em seu lugar uma confusão de sentimentos. Parte de mim admirava a sua resiliência, a sua capacidade de se manter tão firme e positiva diante de tal negatividade. Mas outra parte, uma parte mais impulsiva, mais protetora, lutava contra a ideia de simplesmente deixar passar.

-- Mas como você pode simplesmente ignorar?-- Eu não conseguia esconder a incredulidade em minha voz. "Como você pode deixar que falem assim com você e não fazer nada a respeito?-- Camila sorriu, um sorriso triste que parecia carregar o peso do mundo.

-- Porque eu sei quem eu sou, e sei o valor que tenho. A opinião deles não muda isso. Além disso, gastar energia sendo rude de volta ou tentando mudar a opinião deles... é energia desperdiçada. Energia que eu prefiro gastar em coisas que me fazem feliz, com pessoas que realmente importam.

Houve uma pausa, um momento de silêncio que pareceu se estender por uma eternidade. Eu olhei para Camila, realmente olhei, e vi não apenas a mulher que eu me importava profundamente, mas também uma força tranquila, uma resiliência que eu começava a entender e admirar ainda mais.

-- Okay -- eu disse por fim, uma palavra simples que carregava dentro dela uma promessa, uma decisão. -- Eu vou tentar fazer do seu jeito. Mas saiba que sempre estarei aqui por você, não importa o que aconteça. Não vou deixar ninguém te machucar.-- Camila me deu um sorriso, um sorriso que iluminava seu rosto de uma maneira que fazia todo o resto valer a pena.

-- Eu sei, S/n. E isso significa muito para mim. Mas lembre-se, o mais importante é como reagimos a essas coisas. E eu escolho reagir com amor e positividade, sempre.

Naquele momento, eu soube que tinha muito a aprender com Camila. Sua força não vinha de confrontos ou de lutas; vinha de sua capacidade de permanecer íntegra e fiel a si mesma, não importa o que enfrentasse. E eu, humildemente, estava pronta para aprender.

-- e você me chamou de "minha namorada" -- ela diz animada, e eu riu fraco com sua empolgação

-- você pode ser a minha namorada, quando se sentir pronta para ser minha namorada, e para que eu seja a sua namorada -- digo sorrindo de lado. Ela se aproxima e me dá um selinho demorado

-- para os meus pais você já é a minha namorada... Eu já até me acostumei com isso -- diz com nossos lábios quase colados

-- irei fazer um pedido digno e bonito... Não quero que seja assim, quero que seja memorável -- respondo vendo ela sorrir

-- se me der um papelzinho escrito " quer namorar comigo?" Já vai ser extremamente memorável para mim -- responde e eu sorrio beijando seus lábios

-- você merece algo maior e melhor que só um papelzinho

-- você é perfeita, sabia?... Irritante, mas perfeita -- riu fraco e ela me dá um selinho demorado -- quero que venha passar esse fim de semana aqui em casa... Pode ficar sábado, domingo e na segunda de manhã vamos pra escola juntas

-- vai ser perfeito princesa -- beijo seus lábios

-- gosta de arroz con leche?-- pergunta e eu concordo com a cabeça -- vou pedir para mamá fazer, não existe arroz con leche igual o de minha mãe -- escutamos leves batidas no vidro do meu carro, e então direcionamos nosso olhar para o lado de fora, encontrando Alejandro, pai de Camila. Rapidamente eu abaixo o vidro

-- vocês estão muito perto uma da outra -- ele diz e eu sorrio meio nervosa

-- pai, não começa -- Camila diz e o homem ri

-- estou brincando hija... Tudo bem S/n? Faz tempo que não te vejo, você deu uma esticadinha desde os treze -- o homem diz sorridente

-- estou bem, e o senhor? Acho que cresci um pouquinho depois dos treze anos de idade -- respondo sorrindo para ele

-- estou bem sim... Quer entrar? Sei que minha filha mal educada nao te convidou

-- ela convidou sim, mas não posso, preciso ir para o treino do time. Vai ter campeonato no meio do ano -- explico e ele concorda com a cabeça

-- boa sorte então, mas você vem ai qualquer dia ne?-- concordo com sua pergunta

-- Camz estava me falando sobre isso agorinha... Ela quer que eu venha no final de semana, se não for incomodar, eu venho sim

-- você é muito bem vinda aqui em casa S/n, sabe disso... A unica coisa que fez você se distanciar foi a raiva emaculada de minha filha -- ele diz risonho

Dream With You (Camila Cabello/You Gp!)Where stories live. Discover now