charlie

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Eu não tinha nada Para fazer naquele quarto, não podia abrir as janelas pq tinham proteção, meu laptop ficou em casa (quando consegui sair daqui e ir Para casa por um tempo), meu celular está descarregado, minha bateria está em casa, é eu não tenho nada Para fazer oficialmente.

Mas o bom é que eu estou sozinho, eu gosto de ficar sozinho, sem ninguém parecendo uma rádio relógio no meu ouvido falando de cinco em cindo minutos " vc tá bem?" " já tomou seus remédios?" "Quer comer alguma coisa?" "Vc não quer sair um pouco?", é claro que eu sei que eles estão fazendo isso para o meu bem mas é tão cansativo, todos os dias a mesma coisa, a mesma pergunta e todos os dias a resposta é a mesma.

Ja era a segunda vez que eu estava sendo internado por causa da minha saúde mental, honestamente eu não tô nem pouco tentando ficar bem agora, vai ser assim para sempre! Nunca vou estar totalmente curado ou totalmente bem, isso é tão cansativo, saber que isso nem que seja um pouco vai durar minha vida toda.

- charlie? - escutei alguém bater na porta - oi, pode entrar.

Era o ajayi, ele é uma enfermeiro aqui do hospital que me ajuda desde da primeira vez que eu fui internado.

- vamos ter que trocar seus curativos e fazer uma bela limpeza nesses machucados. - ele falou pegando algumas coisas que estavam em uma caixinha de pronto socorro.

Ainda deitado só estendi o braço e ele tiro a atadura que estava enrolada em metade do meu braço, virei o rosto, não gosto de olhar, me lembra como o fiz e não gosto de lembrar disso.

Senti arder quando ele estava limpando e enfaixar o braço, ele fez a mesma coisa com o outro.

- sua janta já vai vir daqui a pouco - ele falou quardando as coisas de volta na caixinha de primeiros socorros.

-não tô com fome. -falei e me deitei de bruços, ajayi me olhou com tristeza e depois saiu do quarto.

Eu fui diagnosticado com anorexia aos 15 anos, mas a automultilação começou bem antes. Quando eu estava no nono ano, a escola inteira descobriu que eu era gay e começaram a fazer bullying comigo, foi horrível, eles me fizeram acreditar em cada palavras que eles diziam sobre mim. Eai comecei a pensar em como as coisas seriam mais fáceis se eu...morresse, não teria mais bullying, não teria que escutar meus pais reclamando de cada movimento que eu faço e nem sabendo oq o próprio filho estava passando, não me sentir sujo, ou com medo ou culpado. Era a única coisa que eu queria.

Aí...eu tentei, não deu certo, minha irmã tinha chegado mais cedo da escola e me encontrou no banheiro, aí depois teve várias tentativas mas nenhuma delas realmente funcionou. Oq me deixa bravo pq até pra morrer eu não sirvo.

Levantei da cama e escutei conversas no quarto da frente, abri a porta e me deparei com alguns meninos do truham, a escola onde eu estudo, com um bolo na mão, alguns balões e chapéus de aniversário. A porta do outro quarto foi aberta e um garoto de cabelos loiros e olhos castanhos apareceu, ele me parecia familiar.

Passei reto e fui Para o quarto de aled, um amigo que eu fiz no hospital. Bati na porta e esperei ele abri.

- charlie! Julie me contou que vc voltou, oq aconteceu dessa vez?

-nada de mais

Entrei no quarto e me sentei na cama de aled, ele gostava de desenhar e fazer quadros então o quarto dele era cheio de cores. Acho que isso mostravam pouco como ele era, os quadros cheios de cores vivas mas tão confusos.

- julie não está grávida? - Julie é outra enfermeira do hospital, eu gosto dela.

- esta - aled se deitou do meu lado - mas ela ainda esta trabalhando.

- vc viu os meninos do truham ali em frente ao meu quarto?

- ss, deve ser aniversário alguém

- sério aled?! Nem percebi. Não sabia que tinha alguém do truham internado aqui além de nós.

- tbm não, quer assistir alguma coisa?

-oq? - perguntei me deitando do seu lado - seila.





My Whole Life  (6 months)Where stories live. Discover now