Capítulo 1

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HANNA

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HANNA

Após três meses de insistência dos meus amigos, cedi e aceitei passar as férias no Himalaia. O desafio era enfrentar a neve incessante e um frio intenso, algo que não me agradava. Preferiria estar em uma praia no Rio de Janeiro ou em qualquer lugar longe desse inverno rigoroso.

Apesar do meu desgosto pelo frio, fomos esquiar e escalar montanhas, atividades que meus amigos achavam incrivelmente divertidas. No entanto, diante da iminente escalada do Monte Everest, só conseguia pensar que estaríamos prestes a nos tornar mais cinco alpinistas congelados.

Enquanto voávamos em direção ao destino final, desejava estar em casa, lendo um bom livro ou assistindo "Sobrenatural" e sonhando com Dean Winchester antes de dormir. Ao invés disso, me via a caminho de um possível congelamento nas montanhas.

"Se anima, Hanna," - Hugo fala ao sentar ao meu lado. - "Vamos nos divertir muito."

"Me enterrar na neve parece divertido," falo, e ele abraça meu pescoço.

"Será romântico," - fala olhando para mim. - "Nós dois na frente de uma lareira fazendo amor, será perfeito," sussurra perto do meu ouvido.

"Só se for nos seus sonhos, amigo," - falo, tirando o braço dele. - "Se eu aceitar ser sua namorada é o mesmo que está pedindo para levar um monte de guaias."

"Eu mandei. Droga."

"Só ontem, você pegou quatro meninas no hotel que ficamos. Como mudou?" pergunto. Ele bufa e se levanta.

"Você não sabe o que está perdendo," - fala, sorri de lado, e depois volta para o lugar dele.

"Idiota," - penso. O avião balança, e seguro na poltrona. - "Turbulência?"

"Ei, Patrício. Falei para alugar um avião maior e não essa lata velha," - Retielly fala bravo. O avião volta a balançar, e as garotas começam a gritar.

"Nós vamos morrer!" Drica fala com medo e abraça Retielly.

"Devido às falhas nos motores, vocês terão que pular de pára-quedas," fala um dos pilotos, e todos começam a falar em simultâneo. "Temos dez paraquedas, e vocês são oito."

"Estamos em cima de uma montanha," Hugo fala ao se levantar e vem até mim. Abraço ele. "Está tudo bem, Hanna," fala ao me abraçar.

"Após passar a montanha, vocês ficarão bem. Então, coloquem seus paraquedas," fala, e Hugo me solta. O piloto dá um paraquedas para ele, e o mesmo me ajuda a colocar.

"Eu nunca pulei de pára-quedas," falo com medo. Ele segura o meu rosto.

"Essa corda aciona o primeiro paraquedas. Se ele falhar, basta puxar essa aqui rápido, e o reserva sairá. Depois é só controlar o paraquedas."

"Estou com medo," falo ao abraçá-lo.

"Você ficará bem," fala, e me solto dele. Vejo que as meninas estão chorando e sendo consoladas pelos seus namorados. "Estou logo atrás de você," fala, e vejo o capitão abrindo a porta do avião.

"Estamos caindo rápido. Então, vão logo," o capitão fala. Vejo Patrício pulando com a namorada dele, e logo em seguida Retielly e Drica. "Vão," fala, e mais dois casais pulam. Hugo segura a minha mão.

"Vá primeiro," falo, e ele começa a andar, parando na frente da porta.

"Se sobrevivermos, você aceita namorar comigo?" Hugo pergunta, olhando para mim.

"Eu até caso com você," falo rápido. Ele sorri, me dá um selinho e pula. Meu coração acelera ao ver que é muito alto.

"Você tem medo de altura?"

"Medo. Estou muito apavorada," falo rápido, olhando para baixo. "Eu não vou conseguir," falo, afastando-me para trás.

"Desculpa, senhorita," fala, e ele me empurra. Solto um grito, vejo o avião se afastando e puxo a corda do paraquedas.

"Meu Deus do céu. Eu vou morrer," falo, um vento gelado bate na minha cara. O mesmo puxa o paraquedas na direção da montanha.

"Como controla essa coisa?" pergunto, seguro as cordas, tento controlá-lo, é inútil. Vejo que vou bater na montanha, solto um grito, coloco as minhas mãos na frente. Sinto um baque da batida, minha vista escurece e caio na escuridão.

SPRING

De todos os meus irmãos, eu sou o menor por isso, fui rejeitado pelas fêmeas da aldeia. Elas querem Yetis grandes e fortes, que são capazes de protegê-las e alimentá-las. Mas, devido ao meu tamanho, elas acreditam que não serei capaz de fazer isso e, para piorar, meus atributos são considerados pequenos para elas.

Então, o ancião me colocou para ser guardião do portão do nosso mundo. Tenho que viver solitariamente pelo resto da minha vida.

Pelo menos, meus irmãos vêm me visitar todos os dias e ficam enchendo o meu saco. Então, meus dias são ficar jogando com os meus irmãos.

Acerto a bola improvisada entre os dois vãos da rocha, meus irmãos comemoram, e escuto um barulho acima de nossas cabeças. Olho para cima e vejo algo estranho batendo nas rochas.

"O que será isso?" - Winter pergunta, e fico olhando para cima até que o vejo pernas - "Está caindo" - fala e pulo alto, conseguindo pegar.

"É uma fêmea" - falo ao colocá-la no chão.

"Ela é uma pele lisa" - Fall fala ao se aproximar - "Devemos matar essa coisa antes que ela nos mate."

"NÃO. Nossa mãe falou para nunca machucar uma fêmea."

"Mas elas não se importam de te machucar" - Fall fala bravo, e olho para ele - "Essa fêmea é um monstro, e temos que acabar com ela enquanto está inconsciente" - fala, e fico com raiva, rosno para ele.

"Vamos nos acalmar. A fêmea é muito pequena e deve ser um filhote. Se ela fosse um dos seus filhotes, ficaria bem com alguém querendo matá-la sem dar uma oportunidade antes."

"Não."

"Então, sem querer, matar a fêmea. Ela está ferida e precisa de ajuda" - fala, e fico olhando para a fêmea. A mesma geme e começa a tremer - "Ela tem frio. Melhor levá-la para sua casa, e vamos voltar na aldeia buscar pasta medicinal para os fermentos" - fala, agarra o braço do Fall e sai andando, obrigando-o a andar também.

"Nunca vi uma pele lisa tão perto" - falo e pego ela no colo - "Muito leve" - falo e começo a andar, indo para minha caverna.

Yeti. Meu adorável guardião ( Degustação)Where stories live. Discover now