Ocean Eyes

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Olá, suas sem vergonha! FELIZ CARNAVAL. Mas aqui está mais um capítulo de Shameless para as enfermas que curtem uma leitura, ao invés da folia! Esse capítulo é especial e estou muito feliz com o resultado dele. Por isso, vamos curtir e comentar para a Karilala ficar feliz.

Música do capítulo: Ocean Eyes da Billie Eilish.

Boa leitura. 🩷

Olhava para as minhas próprias mãos cheias de sangue e precisava admitir; estava completamente enojada.

Sangue nunca me incomodou como qualquer um poderia dizer ao me conhecer um nível além do habitual. Nunca me importei em cuidar de pacientes em que haviam rompido uma artéria ou exposto os órgãos em algum acidente ou fatalidade. Aprendi desde muito nova que ter o sangue de alguém em minhas mãos enquanto salvava uma vida era uma parte positiva, porque significava esperança para qualquer indivíduo.

Mas naquele momento, estava terrivelmente nauseada ao ter o sangue de um abusador em minhas mãos.

Observei meus dedos mais atentamente. O fluido corporal de Christian estava seco e empregado em mim naquele momento, em uma cor menos viva e mais escurecida. A parte racional de mim, dizia que era apenas o mesmo sangue comum de qualquer outra pessoa, só que não era. Não emocionalmente falando. Era como se aquele sangue fosse o mais sujo e intoxicante que já pude ter em minha pele e estava desesperada para retirar todo o indício que poderia existir, como se fosse uma doença contagiosa que estivesse me sugando a energia vital.

Estava sentada na mesa de uma sala de interrogatórios tão fria que chegava a doer. A única proteção contra aquele frio era o jaleco que eu estava usando sob as minhas roupas, porque nem mesmo tive tempo de retirá-lo antes de correr desesperadamente para salvar Lauren.

Deve ter sido um cenário bizarro para as autoridades e curiosos quando eu fui levada por um oficial até a viatura policial sem necessidade de algemas, porque eu estava assumindo meu ato. Mas ainda assim, estava com as mãos ensanguentadas e havia o vermelho em meu jaleco que já não poderia estar perfeitamente branco enquanto meu irmão gêmeo estava sendo socorrido e levado pela ambulância com urgência pelo seu estado crítico causado por mim.

Quando a culpa não me envolveu, fechei os meus dedos lentamente ao recordar detalhadamente do que fiz e parte de mim, lamentava apenas não ter continuado.

Ele estava vivo. Eu sabia que ele não iria morrer por aquilo e por mais que eu o tenha agredido violentamente, não era o suficiente, tampouco. Ironicamente, Christian deveria agradecer Lauren. Ela foi a única luz aos meus olhos enquanto eu enxergava vermelho ao espancá-lo. Eu nem mesmo percebi que não deveria ser eu, aquela a levar a sua vida, até que ela me lembrasse e me tirasse de cima do seu corpo imundo.

A dor de reconhecer Christian como o responsável atroz de tantos acontecimentos dolorosos, traumáticos e desumanos, não estava me permitindo sentir nada além de raiva. Mas nem mesmo essa raiva tinha alguma importância agora quando eu estava afastada de Lauren naquele momento. Minha mulher passou por uma tentativa de abuso e o meu único consolo era saber que ela entrou em outro carro com Megan e estava aqui, em algum lugar. Eu sabia que a proporção daquele acontecimento desencadeou outro e todo o hotel havia sido invadido por agentes federais.

Algo maior do que a surra que eu dei em Christian estava acontecendo, mas estando presa dentro daquela sala, eu estava impossibilitada de saber.

Lauren...

Eu daria tudo para abraçá-la naquele momento. Imaginava que ela estaria segura com toda a segurança policial, mas não conseguia me livrar da sensação que deveria estar com ela e protegê-la de absolutamente tudo. O que ela viveu naquela noite não foi fácil, porque ela foi arrastada até uma armadilha. Eu imaginava todo o medo que ela sentiu e eu precisei me encolher. Era tudo culpa da minha própria família...

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