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O gelado do ar condicionado envolve o banco do passageiro do meu carro, enquanto meu celular insiste em sua melodia incessante ao tocar. São vinte e cinco minutos de viagem sem rumo por Cousins desde que Conrad me resgatou daquela festa de merda. Ele, tenso, segura o volante com firmeza, sugerindo que atenda as chamadas perdidas de Jeremiah Fisher, que persistem em minha caixa postal.

— Você deveria atender — Conrad comenta, desviando os olhos da estrada por um momento.

— Eu sei, eu vou atender — respondo, encarando o celular até que finalmente se cale. "Ele desistiu," penso aliviada.

— Se ele não fez nada, atende o telefone. — Conrad diz, entre dentes.

Mal pronuncio essas palavras na minha cabeça, meu celular toca novamente, a risada sarcástica de Conrad confirma sua previsão. Respiro fundo e, relutante, levanto o telefone para atender a ligação, dizendo um hesitante "Alô?" pro outro lado, enquanto Jeremiah espera uma explicação para o meu nervoso e breve silêncio.

Onde você está? — a voz fria de Jeremiah é cortante ao amaciar o silêncio que se instaurou depois de eu não respondê-lo da primeira vez — É sério, Betty. Onde você está?

A voz de Jeremiah soa impaciente do outro lado da linha, cortando o silêncio tenso que se instalou após meu silêncio. Seus dedos devem estar inquietos, pressionando o telefone contra a orelha enquanto ele espera por uma resposta que eu reluto em dar. Eu posso imaginar o leve franzir de sua testa, o gesto automático de coçar a nuca enquanto a frustração se acumula dentro dele.

— Onde estamos? — murmuro para Conrad, girando o celular entre meus dedos enquanto tento disfarçar minha conversa.

Ele me responde com calma, nomeando as ruas ao nosso redor como se fossem conhecidas para mim, embora eu saiba que não são. Minha mente está em outro lugar, focada na chamada que parece não querer terminar.

— Estamos na sessenta e seis com a Melbourne — respondo ao telefone, apenas copiando e ecoando as palavras de Conrad. Do outro lado, Jeremiah bufou alto, sua irritação transparecendo mesmo através da linha.

Ele não está chateado porque saí sem avisar, ou porque estamos em uma rodovia aleatória, mas sim porque saí com Conrad, evitando-o deliberadamente.

Tudo bem, estou indo te buscar. — sua voz soa decidida, enquanto o som das chaves sendo retiradas do bolso indica sua determinação. Eu ainda consigo ouvir a música no fundo da ligação.

— Não! — minha voz se eleva involuntariamente, interrompendo a determinação de Jeremiah. Ao meu lado, Conrad arqueia uma sobrancelha, surpreso com minha súbita intensidade. — Eu não quero que você venha me buscar, Jere. Estou bem com o Conrad, não preciso disso. Não faça uma cena.

Ele bebeu, Betty! Pra cacete. Você não pode surtar e se enfiar em um carro com o Conrad bêbado. Não é assim que as coisas funcionam.
— ele diz, de forma madura, daquele jeito que ele sabe que eu odeio quando o faz. Como se fosse superior a mim, como se soubesse de tudo e pudesse me julgar e palestrar sobre minha irresponsabilidade.

— É assim que as coisas funcionam a partir de agora. — eu corto sua autoridade com minha firmeza. — No momento, ele parece mais sóbrio do que você — disparo, minhas palavras cortantes e carregadas de ressentimento. — Vamos só ao McDonald's e depois para casa. Deixe-me em paz, Jere. Vá beijar alguém e aproveitar sua festa.

Jeremiah não contestou, nem mesmo insistiu. Suas palavras finais foram um eco suave de preocupação, antes de eu desligar, ele estava resignado, como se engolisse todo o ciúme que o consumia.

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⏰ Poslední aktualizace: Apr 22 ⏰

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ᴏᴜʀ ʟᴀsᴛ sᴜᴍᴍᴇʀ | tsitpKde žijí příběhy. Začni objevovat