Bom dia, estranho.

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Quando acordou, se sentou sonolenta na cama, agora, com mais calma, pode perceber os detalhes óbvios ignorados na noite anterior, e oque mais chamava atenção, era um saco de biscoitos pela metade no chão.

Ela se levantou em alerta, e saiu do quarto, sentindo seu coração se acelerar mais a cada passo. Na metade do corredor, sua barriga roncou alto quando seu olfato identificou o cheiro de algo comestível no andar de baixo.

Com cautela, ela intercalou olhares com a janela que havia no fim do corredor, e a cozinha no andar de baixo.

Provavelmente, sua presença ainda não havia sido notada, ou pelo menos, era isso que ela achava. Ela poderia pular a janela e fugir, ou tentar explicar a situação e pedir ajuda aos donos da casa.

Sua intuição, ou melhor, as vozes de sua cabeça, diziam para que fosse embora, mas quando estava prestes a abrir a janela e pular do segundo andar, escutou vozes no andar de baixo, parecia ser um casal se divertindo animado, oque a faz tomar coragem e descer até lá.

Meu deus, não sei como anda o nosso laço, mas por favor, que aqui, não more um velho com uma doze enferrujada, amém.

Caminhando devagar, ela levanta os braços indo em direção ao barulho, onde se depara com um único homem, que boquiaberto, a encara.
Ele era alto, muito alto. Branco, tinha um rosto chato, maxilar "másculo" sie que essa característica existe, um ossinho ressaltado no meio do longo nariz, dentes tortos, cabelos bem pretos e ondulados que caiam por seu rosto, olhos pretos e sombrancelhas grossas por fazer.

Wow... Porque eu não poderia ter invadido a casa de um cara baixinho, ou de uma idosa?

Ela tenta esconder seus pensamentos em um semblante sério, e respira fundo tentando não se intimidar com a situação.

— Por favor, não chame a polícia, eu posso explicar. - Ela disse começando a se sentir insegura, aquilo era bem diferente de um casal, dois sociopatas juntos era improvável, mas um único estranho morando no meio do nada com uma garota semi nua... Era possível.

Aparentemente, aquelas vozes estavam saindo de um notebook, que estava na bancada da cozinha, onde ele preparava seu café.

— Chamar a polícia?- Ele sorri, usa uma mão para fechar o notebook e leva a outra a cintura. — Acho que essa frase é minha, né?

O sujeito parecia surpreso, mas calmo, como se eles se conhecessem, oque até então, era uma possibilidade já que ela não se lembrava de nada, porém, algo que ela não havia cogitado.

— Achei que não ia te ver mais...- Ele parecia triste, olhava pro chão enquanto falava. — Tô feliz por... Você... Ter escolhido voltar.

Ela estava prestes a explicar que havia batido a cabeça e perdido as memórias , mas se lembrou que ele poderia ser o responsável por isso,  então não o fez.

Seu coração batia tão forte que chegava a machucar a caixa torácica, o sangue parecia ferver abaixo de sua pele, estava tão nervosa que suas mão suavam.

De imediato, sentiu vontade de abraçá-lo, se sentia perdida e queria muito saber algo sobre si mesma, mas era cedo demais. Talvez fosse de sua natureza ser tão paranóica, mas já tinha criado vários cenários em sua cabeça que a impediam de contar a verdade.

No primeiro cenário, eles eram um modesto casal feliz, e provavelmente, algum tarado, havia invadido a casa e a perseguido pela floresta, nessa situação, seria um problema esconder a verdade, pois esse sujeito ainda poderia estar espreita, e talvez, pretendesse machucar os dois.

No segundo, aquele homem, era o total responsável pela situação, e ela por algum motivo estava em um relacionamento tóxico, então havia acabado de retornar a seu agressor.

E no terceiro e pior cenário, ela tinha uma doença que a mantinha constantemente sem memórias, e por estar nessa condição, aquele homem se aproveitava dela.

— Cara, você tá bem? - Ele pergunta parecendo preocupado.

— S-sim, posso pegar meu telefone? - Ela pergunta tentando descobrir algo.

— Eu não tô com seu telefone, tá no concerto. - Ele diz se levantando e indo até o fogão, onde pega a frigideira e a serve ovos mexidos. — Mas pode usar o notebook.

Sorrindo, ela puxa o notebook para si, mas logo seu sorriso se desfaz ao ver que tem senha. Não tinha certeza se antes de perder as memórias, ela sabia qual era, se soubesse, talvez soasse suspeito ter se esquecido, ela estava muito receosa.

— Olha, podemos conversar mais tarde, mas preciso ir pra oficina agora. Rola um beijinho? - Ele oferece sua bochecha.

Ela engole em seco sem saber como reagir.

— Ah... Desbloqueia pra mim? Meus dedos estão sujos. - Ela diz tocando propositalmente seus ovos.

Ele revira os olhos e sorri.

— Pronto, thcauzinho..- Ele deposita um beijo na testa dela, que sorri por conhecidencia ao ver o computador desbloqueando.

Logo, sua boca se abre lentamente ao ver oque ele estava assistindo quando fechou o computador.

Doce Caos Where stories live. Discover now