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Saboreava as torradas com manteiga que havia pedido. Para acompanhar, pedi uma meia de leite.

Não tinha quase ninguém no café, o que tornava o ambiente tranquilo. Preferia mais os lugares assim, pacíficos, do que com imensa gente a atrofiar.

- Já comi, já posso ir para o aeroporto. - disse o Herman na brincadeira e vi-o a apontar com a cabeça para mim, enquanto olhava para elas -

- Já me queres ver pelas costas? Está bem. - ele riu-se e balançou a cabeça - Só espero que não me pegues a gripe, porque a escola está a começar.

- Cada um tem o que merece. - usou as minhas palavras contra mim -

- Estão a ver? - questionei chocada - É assim.

- Mas como eu sou teu amigo, partilho tudo contigo. Por isso, agora é a tua vez de ficares gripada também.

As meninas riram-se e eu encolhi os ombros, envergonhada.

- Que estúpido, a sério. - murmurei, rindo-me -

O Herman olhou confuso para mim, e depois para elas.

- O que é que ela me chamou?

- Chamou-te estúpido.
- explicou a Bruna entre risos -

- Desculpa. - pedi tímida -

Ele olhou-me fixamente. Conseguiu intimidar-me, á frente das meninas. Nem eu conseguia desgrudar o olhar. Olhavamos nos olhos um do outro.

Voltei a pedir desculpa. Ele simplesmente riu-se e abanou a cabeça mais uma vez. O rapaz levava as coisas na brincadeira.

Os batimentos do meu coração aumentavam, só de pensar na forma como aqueles olhos verdes me fixavam á segundos atrás. Custava-me aceitar que ele ia embora dentro de quase três horas.

- Amanhã vai ser só gente á noite na rua. - protestou a Inês, relembrando que era noite de ano novo - E de certamente eu vou ser uma das pessoas que vai estar presente!

- Vais assistir ao fogo de artifício fora de casa? - perguntei curiosa, recebendo como resposta um balanço de cabeça afirmativo -

- Vocês estão muito animadas para a passagem de ano. - interviu o Herman, divertido -


- Só estamos animadas mesmo para a noite. Porque depois, vamos voltar ao inferno.

Gargalhadas surgiram á mesa, após o meu comentário.

13:06

Após um almoço tranquilo em família, e a cozinha arrumada, optei por ficar pelo quarto acompanhada do norueguês.

Ele tratava das malas, colocando-as á porta. Ele tinha que estar no aeroporto às duas da tarde. Começava a sentir o vazio a aparecer no meu estômago.

O Herman veio na minha direção. Envolveu o braço ao redor do meu pescoço, e rapidamente rodeei os braços na sua cintura, correspondendo ao abraço.

Não gostava de despedidas.


- Queria muito poder estar contigo amanhã á noite. - ele pousou os lábios na minha testa - Mas espero que tenhas umas boas entradas. Que o próximo ano seja melhor em todos os aspetos.

Oslo ➳ Herman Tømmeraas Where stories live. Discover now