Call 911

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As primeiras semanas foram basicamente imersivas. Como você foi escalada "por acidente" - acidente, uma palavra da qual cerca sua vida - você estava a alguns passos atrás de toda a equipe.

Foi necessário longos dias e noites estudando o personagem. Não importa quantos cursos, faculdades, filmes, teatros, novela ou qualquer coisa que você faça para se tornar uma atriz, todo papel que você escolher interpretar, por mais que você costume ter um caminho a seguir, formas de como trazer aquele personagem à tona, todo personagem sempre ensina ou muda algo em tudo que você já pensou saber.

Você precisou entender quem era sua personagem, como era a vida dela, quais eram os sonhos dela, pelo o que ela já havia passado, os valores, as características, os sonhos. Estudar aquela pessoa. É como conhecer uma pessoa, um ser, e tentar dar vida àquilo.

Entender os figurinos, entender as maquiagens. Mudar a cor do cabelo. O jeito de andar, o jeito de falar. A forma como se comportar. O olhar, as manias. Os gostos.

A equipe era graciosa. Não foi difícil criar uma conexão com quem estava mais presente. Era uma correria de gente o tempo inteiro, mais de 20 pessoas trabalhando no mesmo tempo, no mesmo lugar, analisando cada movimento, cada luz, cada som, para que uma cena de 5 minutos, estivesse perfeita. E depois, entrava mais uma equipe, e depois outra, e outra.

No início os figurinos e a maquiagem eram básicos, nada de muito extravagante. Havia horas e horas de aulas de canto. Tratamentos. Avaliações. Academia. Acompanhamento psicológico. Preparações para coletivas. Preparações para ensaios fotográficos. Preparações pra mil coisas, que você já estava sendo iniciada, porque, ninguém queria ter que lidar com você despreparada por ter passado um tempo longe das câmeras. Hollywood tinha uma forma diferente de lidar com a mídia, e definitivamente eles não queriam arriscar as fichas com você.

Matthew estava certo, você ia desaparecer, e não foi uma escolha, foi inconsciente, quando você deitava, uma chave desligava e você apagava. Teve muitas noites que você dormiu com o celular na mão, fechou os olhos apenas pra respirar fundo antes de responder as mensagens, mas acordou com o alarme do despertador no dia seguinte.

As relações pessoais começaram a acumular. Não que você tivesse muitas. Mas ainda assim, as únicas que você tinha, estavam ficando negligenciadas, e você sabe disso.

Acordar às 4 da manhã, e não ter horário para ir dormir, era realmente algo que não fazia parte da sua rotina há muito tempo. Você rezou por compreensão.

Não era para ser assim, mas você estava fora de forma. Por um bom tempo você apenas vivia em câmera lenta dentro de uma livraria. E agora você estava vivendo no 1.5x, tentando associar todos seus compromissos, com seu trabalho, e tentando não decepcionar toda uma equipe gigantesca que estava trabalhando, esperando colher os resultados.

As quatro primeiras semanas foram puxadas. Havia muitas mensagens de Matthew para você responder. E havia mensagens do Pedro também. Mensagens do Simon. Ligações. Caos. Seu celular estava um caos.

Você ligou para Matthew.

"Oi!"

"Oi" ele estava chateado.

Você suspirou fundo, se sentindo culpada.

"Me desculpa carinha, me desculpa por favor, eu sei que deixei você em uma página em branco, mas as coisas estavam realmente insanas aqui, eu tô pegando o ritmo das coisas agora..."

"Tudo bem"

"Não, não está, você está me odiando, e partindo meu coração"

FATAL FAME - PEDRO PASCALOnde as histórias ganham vida. Descobre agora