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Nat

Natalie se despediu dos meninos e pegou no sono assim que se deitou na cama.

Nat sonhou com Lottie. Primeiro, em algo bom e relaxante. Ela estava com Lottie em seu quarto e elas estavam se beijando, então a loira se afastou e disse:

— Eu te amo, Lottie.

— Eu também te amo, Nat.

E então, algo ruim aconteceu: Travis apareceu e disse, irritado:

— Então é por isso que não queria me contar com quantas pessoas você já ficou, Natalie?

As duas se afastaram e Nat olhou para Travis, que bufou e continuou:

— Você é uma nojenta! Sorte a minha que não transei com você, porque senão...

E então, seu pai apareceu com metade do rosto desfigurado atrás de Travis e deu um tiro nele, que caiu no chão.

Mas antes que ele fizesse alguma coisa com as garotas, ela acordou ofegante e suada.

— Merda - disse, percebendo que fora um sonho.

Natalie deitou novamente, mas logo viu que já estava de manhã e foi ver seu despertador, que indicava nove e meia da manhã.

Ela saltou da cama num pulo e foi rapidamente tomar banho. Precisava estar na casa de Lottie em meia hora, e sua casa ficava do outro lado da cidade.

Enquanto a água corria pelo seu corpo, ela pensou sobre seu sonho. Não sabia por que falara que amava Lottie, e nem por que queria que Lottie a amasse. Certamente era algo que não tinha nada a ver com a palavra "amar", talvez ela tivesse apenas com medo de que acabasse pior do que quando acabou com Travis. Nat tinha medo de estragar tudo.

Quando saiu e trocou de roupa, ouviu o telefone da casa tocar e foi rapidamente atender.

— Alô? - disse com uma voz de sono.

— Oi, Nat.

— Lottie? E-eu já tô indo, acabei de me arrumar e...

— Calma, não te liguei porque está atrasada, embora esteja.

Natalie começou a se desesperar, mas ouviu a risada da morena e sorriu, revirando os olhos.

— Estou ligando, porque mudei de ideia. A minha casa é chata, a gente se encontra no parque daqui a pouco. Beleza?

— Beleza. Lottie! – chamou a loira, em vez de desligar.

— O quê? – disse a morena.

— Eu tava com saudade.

— Eu também, Nat.

— Tchau, Lottie.

— Tchau, Nat.

Natalie desligou o telefone e voltou para o quarto para secar o cabelo. O parque em questão ficava a poucos minutos de sua casa, ela poderia ir com toda a calma do mundo.

E com isso, poderia pensar sobre seu sonho e analisar cada parte.

Primeiro: ela não poderia amar Charlotte, poderia? Nat nem mesmo namorava com ela, como poderia ama-la?

Mas aquele beijo... dizia muita coisa. Natalie queria beija-la de novo, de novo e de novo. Estava começando a ficar com saudade, mesmo sabendo que iria vê-la alguns poucos minutos depois.

Depois, teve o Travis. Essa era fácil: ela ainda não tirara da cabeça o dia que seu ex perguntara para ela com quantos garotos ela já havia ficado. É simples. E o fato dele ser homofóbico, era apenas seu medo de gostar de garotas. Mas isso não importava, porque Lottie valia a pena.

E por último, seu pai. O homem que assombrava todos os seus pesadelos, que sempre ferrava com tudo (mesmo estando morto). Ela já perdera a conta de quantas vezes acordara de madrugada com o coração acelerado depois de um sonho com aquele filho da puta.

É óbvio que os dois homens que não faziam mais parte de sua vida iriam estragar o único sonho bom que ela tivera nos últimos meses. O primeiro sonho que ela tivera com a garota que gostava (e, de acordo com o sonho em questão, amava).

Natalie saiu de casa e tentou esquecer do sonho, mas ele não saía de sua mente. Ela não conseguia esquecer, de jeito nenhum, do rosto ensanguentado de seu pai, do corpo de Travis no chão e, o mais importante, da expressão aterrorizada no rosto de Lottie quando seu pai atirou no garoto.

E ela também não conseguia esquecer o fato de que, muito provavelmente, estava apaixonada por Lottie.

Nat e Lottie - YellowjacketsOnde histórias criam vida. Descubra agora