💣1. Convento

1.1K 206 69
                                    

________________________________

Selena

         Era início de Março, mês do meu aniversário. Estava a mais de três anos sem ver qualquer rosto familiar, minha família me isolou nesse lugar. Vejo-me como um passarinho em uma gaiola, sem esperanças que um dia irei sair desse convento, onde sou submetida a serviços domésticos pesados para minha condição. Perdi meu antebraço, não bastando somente a consequência de estar presa aqui. Queria muito ter conseguido fugir com Diogo, meu namorado na época do acidente. Não sei se ele está vivo. Mas isso não importa, já passou tempo o suficiente para superar isso. Ele provavelmente casou com sua prometida, deve está feliz, rodeado de filhos como assim desejava. 

         Arrumo minha cama, estou pronta para mais um dia trabalhar para ter o que comer e beber aqui. Ajeito a prótese, foi difícil me adaptar com ela. O pesadelo mesmo fora quando acordei no hospital e senti que parte de mim havia sido retirado, não gosto de lembrar da terrível sensação. Esquecendo disso, do pior dia da minha vida, ajeito minha postura quando a freira Vera adentra meu quarto. 

        — Vista o uniforme, a abadessa a espera em sua sala — comunica. 

         Logo sai sem dizer mais nada. As feiras aqui não fazem amizade com ninguém, elas não tem permissão. Algumas são boas, porém a maioria é rígida demais ao ponto de dar castigos de semanas dentro de um quarto escuro para que nos faça refletir sobre os erros que cometemos aqui dentro. Sem falar nos jejuns absurdos que alguma de nós é obrigada a fazer, se abstendo até mesmo de água.

         Além de mim há mais nove mulheres aqui, que também faziam parte da máfia, mas que por algum erro, talvez parecido com o meu, foram atiradas aqui para sofrer.

ᴀʟɢᴜɴs ᴍɪɴᴜᴛᴏs ᴅᴇᴘᴏɪs.

         A abadessa, Francisca Giardini. Diante dela não há quem consiga ficar encarando-a por tempo suficiente, pois não consegue respirar. Ela é um terror no convento, as próprias feiras tem pavor dela. Mantenho a cabeça inclinada para baixo, encaro meus pés calçados pelo único par de sapatos que tenho, que faz parte do uniforme. 

         — Olhe para mim, Selena — ordena. Obedeço rapidamente. — Hoje é seu último dia aqui, amanhã voltará para sua família.

         Arregalo os olhos. Fico pasma por ouvir isso, meu coração acelera. Mal consigo acreditar no que acabou de sair da boca dela. Voltarei para casa? Verei novamente minha irmã, dela que sinto saudades. Dos meus pais nem tanto, sempre foram muito rígidos e ausentes em seus reais deveres mais simples como pai e mãe. Mas com certeza são melhores que as feiras e a própria abadessa.

         — Não está feliz, Selena? — questiona. Talvez esperasse que eu pulasse de alegria com a notícia. — Quer continuar aqui para aprender mais?

         — NÃO! … — tampo a boca, assustada com a maneira que minha resposta saiu. — Desculpe! Já aprendi o suficiente, quero ver minha família. Sinto muita falta deles….

         Do meu quarto, da minha comida favorita que era preparada pela melhor cozinheira. Minha cama, roupas caras e lindas que meu guarda roupa era cheio. Ah, meus sapatos… tantas coisas.

         — Se a ordem não tivesse vindo diretamente do Don, faria de tudo para que continuasse aqui. Não acredito que tenha se tornado uma mulher apta, de respeito para voltar para sua família que possui grande posição na máfia. Ainda tem vestígios em seus olhos de rebeldia, para mim ainda é a menina tola que chegou aqui, a menina assanhada que tentou fugir com o namorado para fornicar, cometer os mais imundos pecados da carne — esbanja seu nojo pelo meu erro cometido. Fico em silêncio.

💣A Cunhada do Mafioso💣Por Favor, não faça Isso comigo! Where stories live. Discover now