A leveza das plantas me leva como o vento, me sinto hipnotizada pela visão, mesmo que eu não tenha a menor ideia do que eu estou fazendo aqui ou quem eu seja. Aliás, que lugar é esse? E porque é tudo tão bonito? Sou desconectada de meus pensamentos quando uma velinha estende a mão para que eu me levante, por mais que sua aparente idade tenha levado toda a sua juventude, o seus cabelos ainda eram ruivos e selvagens. Suas rugas eram muito aparentes devido ao sorriso que direcionava a mim. Me levantei, mas sem a sua ajuda, porque imaginei que talvez ela não tivesse a força necessária para isso.
- Quem é você?
- Ora, querida, a senhorita se vê num mar de plantas e apenas me pergunta quem eu sou? A pergunta certa é: Quem é VOCÊ? – Ela disse apontando sugestivamente para mim.
- E... Eu não sei.
- Como foi parar aqui? – Nada. Também não sabia a resposta. – Olhe para as suas roupas, querida. Venha, tenho uma roupa para lhe emprestar. – Ela continua a falar inconformada de que eu esteja em um estado deplorável. Chego a rir no caminho ao vê-la resmungando, mas paro assim que me lembro que meu cabelo longo está embaraçado, estou descalça, com alguns machucados pelo meu corpo e minhas vestes se resumem a um pijama frouxo e sujo que chega na altura de meus joelhos. Me pergunto se é um ato irresponsável aceitar a ajuda de uma pessoa desconhecida, por mais que seja apenas uma idosa, mas resolvo deixar para lá. O que mais poderia acontecer?
- Vamos não fique acanhada, venha. – Ela me chama antes de abrir uma pequena porta que aparentemente é a sua casa. Tá, uma casa antiga de uma velha, com todo o respeito, mas o que realmente me intrigou foi o fato de que o espaço interior era maior do que a estrutura da casa na parte de fora.
- Er... Senhora? – Pergunto curiosa e receosa.
- Não me chame de senhora, não sou tão velha quanto você pensa que eu sou. – Apenas sorrio em resposta à sua esquisitice.
- Como a sua casa é tão grande por dentro e tão pequenina por fora? – Pergunto com medo de receber uma resposta inesperada.
- Isso será um segredo nosso. Espere um momento. – Pediu antes de se levantar e sumir por um corredor qualquer. Aproveitei e olhei ao redor do cômodo, era aconchegante e grande. Possui um sofá bastante aconchegante, um mesa com cinco cadeiras ao redor, inclusive eu estou sentada em uma delas, há alguns armários e decorações que eu não me dei o trabalho de prestar a atenção pois ela foi totalmente desviada para uma prateleira enorme onde ao invés de livros havia plantas e flores de diversos tipos, pude perceber também uma outra mesa e nela estava buquês de diversas cores, eram tantos que alguns ficaram no chão. Me levantei quando vi uma única flor laranja muito bonita na enorme estante, uma espécie de lírio, eu acho.
- Ardente... – Sussurro para mim mesma enquanto passo meus dedos por uma pequena placa branca onde estava escrito o nome da flor na frente do vaso.
- De onde eu venho, cada flor tem um significado e um nome, eu a chamo de Ardente, aquela ali de Rosalind. – Disse a mais velha voltando com o que me pareceu ser roupas e apontando para outra flor. A pergunta certa a ser feita é: de onde você veio? Será que ela é uma bruxa? Não sei meu nome, como fui para naquele enorme campo, porque parei lá, mas de uma coisa eu sei, pessoas acusadas de serem usuários de magia vão para a fogueira, são enforcadas etc., e infelizmente a maioria são mulheres acusadas injustamente. – Gostou dela? – Pergunta olhando para o lírio e depois para mim percebendo que eu estava petrificada sob o ''efeito'' de Ardente. Mas quando percebo meu transe, volto para o mundo e respondo sua pergunta:
- Sim.
- Não se lembra de seu nome, não é?
- Não.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Memórias vingativas (PAUSADO)
FantasyA história de Seraphina Heliodora não começa em uma grande cidade ou num império romano. Ela começa assim que fantasia e magia se encontram para decidir o que fazer com seu destino. Seraphina é segura de si e não gosta de levar desaforo para casa, m...