Capítulo 3

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Quando acordou, estava em um hospital. Estava um pouco desorientada, mas aos poucos foi se lembrando do que aconteceu e começou a se alterar, gritando e chorando de raiva, o que resultou em ela ter que ser dopada.

Ao retornar para casa, Maraisa passou por uma mudança radical. Com raiva, cortou seus cabelos, que estavam num bom comprimento, deixando-os na altura do ombro. Queimou todas as fotos, flores, presentes, tudo que ele tinha lhe dado ou que fazia lembrar dele. Com o tempo, tornou-se uma pessoa fria, dura e má. Não gostava de sair de casa e recusava a visita de pessoas, exceto seus avós Augusto e Marta, Maiara, e Bruno. Ela começou a trabalhar em casa, resolvendo tudo do escritório em casa, e não comparecia a nenhuma reunião, seja presencial ou online. Sempre era Maiara que ia e lhe informava depois.

Ela prometeu a si mesma que nunca mais sofreria por nenhum homem, que nunca derramaria uma lágrima por nenhum deles, pois todos eram iguais.

Três meses depois, Maraisa recebeu uma notícia que jamais esperaria: estava grávida, grávida do homem que ela mais odiava. Ela não acreditou quando descobriu, pois não apresentava absolutamente nenhum sintoma e só descobriu porque foi fazer uns exames e fez um exame de sangue.

No começo, não aceitou a notícia muito bem, negando a existência do bebê e sentindo raiva pelo o que o pai dele fez com ela. Com bastante terapia, conseguiu superar e passou a amar o bebê, se preocupando com tudo que envolvia ele, começou a se cuidar por ele.

As coisas estavam relativamente bem, embora ela não tenha voltado a ser a mesma de antes. Ela sorria mais, se animava mais e saía, mas tudo por causa do bebê, fazendo de tudo por ele. Com cinco meses, descobriu que era um menino e ficou muito feliz. Comprou tudo do enxoval, fez um quarto lindo para o bebê e já tinha escolhido o nome dele.

Entretanto, no sétimo mês da gestação, quando ela já estava com 27 semanas, teve um descolamento prematuro da placenta, resultando na perda do bebê. Isso a devastou. Ela entrou em depressão e se isolou de todos, incluindo sua própria família. Alegou que isso foi um castigo de Deus por ter negado o bebê.

Ela ficou quase um ano assim. Durante o período, todos tiveram que ser muito fortes para dar apoio a ela, principalmente Maiara. Ela assumiu a presidência da empresa e, com a ajuda de seu avô, cuidou do negócio até que Maraisa se recuperasse da perda do filho, o que não foi fácil. Com muita luta, ela aprendeu a conviver com aquela dor.

Maraisa conseguiu voltar à terapia, à empresa e à sua vida. Decidiu que queria se mudar e arriscar investir no exterior. Assim, mudou-se para os Estados Unidos( o que fez muito bem para ela, se afastar daquele lugar que trazia tantas lembranças ruins e dolorosas). Sua empresa abriu uma filial em Miami, onde decidiu permanecer. Maiara também foi com ela, enquanto seus avós permaneceram no Brasil. Seu avô ajudou a cuidar da empresa lá, juntamente com Bruno que deixou um pouco sua carreira de maquidor e decidiu fazer vários cursos sobre administração, e recebeu toda a ajuda dele para poder administrar a empresa.

Com o tempo o que era uma filial se tornou uma das maiores empresas da América do Sul, e ela juntamente seu tornou uma das maiores CEO e a Maih também como Designer. E isso não demorou tanto tempo assim, além de que a empresa delas já era bastante conhecida no mercado, só que elas tinham receio de investir fora, mas acabou que isso foi uma das melhores escolhas que elas fizeram.

Mesmo com o tempo e o lugar diferente, Maraisa não mudou muito. Continuou a ser a pessoa que se tornara após o abandono do noivo, de quem nunca mais soube nada e nem queria. Ela proibiu as pessoas até mesmo de proferirem o nome dele.

A vida dela resumiu-se apenas ao trabalho. Não fazia outra coisa a não ser trabalhar. Frequentava a empresa e não ia a nenhum outro lugar, a não ser quando Maiara a obrigava a sair. Recebia vários convites de diversos estilistas para desfiles, mas nunca comparecia, deixando que Maiara representasse a empresa e a irmã. Funcionava da mesma forma quando havia a necessidade de viagens para resolver alguma situação.

Com o passar dos anos, elas só cresceram. Abriram outras filiais em alguns países como França, Itália, Portugal, Argentina, México e Japão. Realmente se esforçaram muito e conseguiram. Isso só deu mais orgulho para seus avós, principalmente para seu avô, pois foi ele quem construiu esse império, que elas acabaram herdando quando seus pais faleceram. Mas também mereceram. Quando assumiram a empresa, cada uma assumiu uma área, Maraisa cuidou da administração principal, tornando-se a nova presidente. Maiara ficou responsável pela área de criação, destacando-se como designer. Ambas fizeram o que gostavam, e todos ficaram felizes no final. Elas nem se importavam com o que as pessoas falavam sobre uma ter mais poder que a outra, nunca existiu isso entre elas.

Maraisa podia ser essa pessoa durona na frente dos outros, mas não para Maiara. Com ela, ela conseguia ser ela mesmo, e as veze até se deixava ser vulnerável. Por mais que brigassem, chegando ao ponto de Maraisa ser muito grossa e até expulsá-la de sua casa, Maiara continuava sempre ao seu lado. E ela, por mais que não dissesse muito, amava a irmã ao ponto de passar por cima do seu orgulho e pedir desculpa por seu comportamento. Para qualquer pessoa que ouvisse um pedido de desculpa de Maraisa, podia se considerar vencedor, porque era muito difícil.

Claro que Maiara podia ter jogado na cara dela que foi ela que a sustentou quando tudo deu errado, foi ela que passou por cima da própria vontade e assumiu a presidência da empresa, mesmo não entendendo muito de administração, mas sabia que a irmã não confiava em mais ninguém acima dela. Mesmo assim, nunca jogaria isso na cara da irmã, pois na época ela não tinha condições para cuidar do trabalho. Ela estaria mentindo se dissesse que imaginava a dor da irmã, porque só uma mãe pode imaginar a dor de perder um filho. Mas com certeza ela sentia um pouco da dor dela, afinal, elas eram gêmeas.

         Atualmente

Suspirou, secou as lágrimas e levantou-se. Passou as mãos uma pela outra como se estivesse as limpando e começou a falar quando percebeu a irmã atrás dela;

━ Eu lhe disse que não era uma boa ideia ir nesse almoço, Maiara. Sabia que não ia ser bom reencontrar certos parentes, depois de tantos anos ─ falou de forma seca, mas com a voz um pouco embargada pelo "choro".

━ Eu sei metade. Mas eu não sabia que Bárbara ia estar lá, a tia Mônica disse que ela estava na Grécia, e que viria apenas ela e o tio Fábio. Mas você sabe que ela veio só para te provocar, né irmã? Ela te deu essas coisas com a intenção de te fazer mal.

━ Claro que eu sei disso. Mas se a intenção dela era me ver sofrer, sinto muito, mas ela não vai conseguir ─ virou-se para encará-la ─ você sabe que hoje, depois de tudo que passei, tudo que perdi... a última coisa que vai me fazer sofrer de novo vai ser esse miserável.

━ Tem razão. Juro que se soubesse que ela ia, teria passado por cima dos meus modos e impedido a presença dela. Mas assim, eu queria que você tivesse puxado o cabelo dela, dado um soco no seu rosto, esculchado ela...

━ Aí Maiara, só você pra me fazer rir em uma hora dessas ─ riu ─ Lógico que eu não ia dar esse gostinho para ela, não ia perder meu tempo com a gentalha dela ─ falou sentando em sua cadeira, ficando na altura da Maiara que já havia se sentado.

━Irmã, o que você fez com aquele lixo? ─ perguntou, olhando para a mesa que ainda tinha a caixa que estava com os
papéis, só que vazia.

Maraisa direcionou seu olhar para a lareira, que a essa altura já tinha transformado em cinzas todos os papéis. E nem precisou responder para Maiara entender.

━ Mas se ela acha que eu não vou retribuir o presentinho, ela está muito enganada. Tenho o presente perfeito para aquela cobra...

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Oi, gente! Se vcs quiserem amanhã eu solto um bônus. Se não, eu volto no final da semana, antes de sábado.

E até quarta eu atualizo a outra fic.♡

Como eu era antes de VocêWhere stories live. Discover now