quatro

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Pedro Tófani, point of view,
São Paulo

Acordo com Quito miando em cima de mim, quando vejo o horário, eram dez da manhã. Normalmente acordo às seis para por sua ração da manhã e volto a dormir, não sei o que deu em mim hoje.

— Oi, filho, mil desculpas! Desculpe o papai, por favor! Não fiz por mal! — Levanto em um pulo, pegando o gato no colo, descendo a escada correndo para por a ração dele. Dou-lhe vários beijos e um petisco, o qual come desesperado fazendo meu coração apertar, e então começa sua ração.
— Sou um péssimo pai, puta merda!

Vou tomar um banho rápido, pois tinha muita coisa para fazer no dia. Lembrando-me que ainda tinha aula com o Jão antes de ir pro meu ensaio da peça, e depois disso mais ensaio com os bailarinos da Carol Biazin, uma deusa, e ainda ter tempo de um encontro com minhas amigas a noite.

A aula de hoje com o João seria uma da tarde, das duas às quatro os ensaios do meu balé é das quatro e meia até às seis, e depois, das seis com a Carol e seus bailarinos. Solto um suspiro alto e frustrado, porque eu não virei publicitário?!

Me pergunto saindo do banho.

[...]

Após um almoço corrido, chego no estúdio dez minutos antes, então aproveito para me jogar no chão. Sempre gostei de ter muitas coisas pra fazer, de manter minha mente cheia, pois quando chega a noite e não tenho um livro, ela começa a me perturbar. Os exames de meu pai deram negativo, mas se eu me permitisse pensar demais sobre isso antes de ter qualquer resposta teria uma crise.

Só que estou me sentindo sobrecarregado, não que eu não goste de meu trabalho, esse é meu literal sonho, porém, meu corpo dói, minha mente também. Me sinto vazio, passo a maior parte do tempo em qualquer lugar, menos na minha casa, mal saiu com minhas amigas, não transo à meses, meu último relacionamento sério foi à dois anos atrás, e não, eu nem estou tentando por alguém nessa minha agenda louca.

— Pedro? Tá aí?! — Pergunta uma voz, fazendo-me sair de meus pensamentos.

— Oi, me desculpe, viajei. Tá esperando a muito tempo? Me des...

— Não, fique tranquilo, acabei de chegar literalmente agora! Não precisa se desculpar! — Olho para o rosto do homem e vejo as olheiras proeminentes.

— Noite longa?! — Perguntei com certo sarcasmo, tinha visto seu story ontem. Ele sorri pra mim, e seus olhos ficam miudinhos, quase aperto suas bochechas, mas me controlo.

— Sim... Tô com dor de cabeça! — Afirma ele fazendo um biquinho fofo. Engulo em seco, afastando os pensamentos intrusivos que aquela cena me fez ter.

— 'Tu poderia ter desmarcado! Já tomou remédio?! — Perguntei surpreendendo nós dois com o tom preocupado, mas mantenho minha pose.

— Querendo se livrar de mim tão fácil, Tófani?! E sim, já tomei! — Brincou o moreno, passando a mão em seus cachos não finalizados.

— Não se eu puder evitar, Romania! — Flerto de volta e dessa vez ele engole em seco, abre a boca algumas vezes, mas a voz não sai. — Bom, vamos começar?!

— Tudo bem! — Ele disse depois de alguns segundos me encarando. Coloco a música e então começamos.

[...]

ᴅᴀɴçᴀ ᴘʀᴀ ᴍɪᴍ, au pejão Where stories live. Discover now