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Capítulo 13: Estrela do Amanhã

A natureza humana era uma infindável fonte de curiosidade. Soobin, imerso no meio deles, reconhecia que, de fato, havia um constante processo de descoberta quando se tratava da criação que emanava de Deus, uma criação que espelhava a imagem e semelhança do Criador.

Soobin não desprezava a humanidade, ele pensava que tudo o que deu errado era culpa de seu Pai — era uma criação imperfeita a qual lhe foi concedida liberdade em demasia para seres tão limitados. Contudo, não era como se ele não fosse um pouco indiferente, pois também não considerava os humanos iguais, somente a resposta de um erro bastante interessante.

Com toda a sua arrogância, ele pensava que uma criação que viesse dele seria mais bem-sucedida. Uma vez se gabou disso com os outros anjos, criaturas perversas de carcaça celestial, e o seu Pai ficou furioso com a sua ousadia.

A benevolência divina possuía um limite. Sabedoria e mansidão em abundância não fazia o Criador perdoar infinitamente.

Soobin, como uma representação moderna do Anjo Caído, carregava em si uma revolta profunda e complexa que divergia das narrativas tradicionais. Sua insurreição não provinha de uma pretensão de superioridade, mas sim de uma profunda decepção com o Criador. Ele questionava a criação de Deus, debatendo a escolha de permitir imperfeições e sofrimento nos seres que Ele moldara à Sua imagem.

Como o filho desobediente do Criador, Soobin ousou contestar e desafiar a própria singularidade divina, desferindo palavras ácidas contra a perfeição esperada de Deus. Sua revolta e genialidade permaneceram intactas mesmo após sua queda, uma ânsia contínua de desafiar os limites estabelecidos e criar um mundo que transcendesse as fronteiras da criação.

O papel de Soobin como "Diabo" não se enquadra na tradicional dualidade entre bem e mal. Ele não era inerentemente maligno, mas sim um ser atormentado por sua compreensão única das falhas inerentes à existência humana. Sua rebeldia era motivada por um desejo ardente de superar essas falhas e criar um reino onde a perfeição fosse a norma. Assim, mesmo após a queda, suas ambições e conflitos internos permaneciam, guiando suas ações com uma complexidade que transcendia os rótulos convencionais.

Soobin ainda estava aprendendo sobre características tão exaltadas pela criação, pela humanidade que construíam templos e mais templos, às vezes buscando meios mirabolantes de chegar em quem os criou e obter algum conforto.

— O Senhor é tão cruel — murmurou, revisando páginas de um livro sagrado, dessa vez no idioma latim. — Não importa qual versão, o Senhor continua sendo pior do que eu... e sei que está me ouvindo. Por que os puniu assim? É engraçado, mas não entendo como pode amá-los tanto e ainda assim sempre rogar pragas contra eles.

— Que idioma é esse que você está falando? Não é hebraico. Está lendo o quê?

Vedando a escritura sagrada, Soobin sorriu e ergueu o seu olhar em direção ao seu servo do outro lado da mesa, mentalmente se questionando porque diabos ele era tão curioso.

— A bíblia — indicou, calmo. — Estou lendo a versão em latim.

— O senhor é obcecado por esse negócio. Por que o senhor... não só deixa isso pra lá e conta pra gente como diabos o senhor sabe tantos idiomas? — outro perguntou, também do outro lado da mesa, realizando anotações de química. — O senhor tirou nota máxima em todas as linguagens estrangeiras. Eu mal me lembro da língua dos anjos.

Isso porque Soobin conhecia todos os idiomas, desde os humanos até os celestiais e sobrenaturais, e jamais os esqueceria.

— Eu sou um ser perfeito — pontuou a resposta, era a verdade, e por mais que soasse uma heresia, seus servos concordavam.

JUVENUM  | ATEEZ + TXTWhere stories live. Discover now