Tyler é confiável

17 5 10
                                    

Agora, completamente presente para lidar com suas questões, Alisson sorri e o abraça sentindo alívio.

Ele fica sem reação nos primeiros momentos, mas logo a cobre com seu corpo a aconchegando.

— Deus sabe que eu nunca reclamaria de um dos seus raros dias de bom humor, mas.... Posso saber o motivo?

— Você não é mau. - Ela diz sorrindo. — Apesar de que me chamou de nerd e esquisita. - Ela revira os olhos tentando não derramar as lágrimas emocionadas que se formaram com o retorno de sua primeira memória.

— É, talvez eu tenha chamado, mas idai? Isso foi a tipo, uns 6 meses atrás. Agora eu só te chamo de esquisitinha, já que até os nerds te excluem dos grupinhos.

O sorriso da garota se desfaz.

A quanto tempo ela estava ali com ele? Muitas coisas  acontecem em 6 meses, não faria sentido ficar tanto tempo em meio a uma investigação e não obter nenhuma conclusão ou retorno, apesar de não lembrar nada sobre o suposto "caso Emília", queria saber exatamente em que pé estavam e oque havia acontecido nesse tempo.

Em sua cabeça, fazia sentido que ter contato com coisas familiares, traria as recordações.

— Oque foi? Me desculpa, não queria te deixar mal, era só zueira. - Ele passa os dedos por entre seus fios emaranhados acariciando sua cabeça.

Ela sorri fraco mostrando não se importar, apenas era difícil se manter presente e conversar com ele o tempo todo. Agora, sentia como se estivesse acabado de conhecer alguém, mas apesar disso, não era o suficiente para contar a verdade. Tinha desenvolvido um grau mínimo de confiança, mas ainda haviam muitas pontas soltas que a impediam de tirar totalmente a culpa dele.

— Ham... Pode me emprestar um caderno?- Ela pergunta educada.

— Não. Bem, poderia, se eu tivesse algum, mas podemos comprar um. Oque acha de eu trazer um da cidade pra você? Pode ser um com uma capa que você goste. E com figurinhas, você pode colar elas na cabeceira da nossa cama, igual fez, no seu quarto.

Ela sorri com a ideia, realmente queria ir até a cidade desde que havia acordado, mas antes tinha medo de se sentir perdida e acabar presa em um hospital, sozinha e sem evolução na recuperação das memórias, mas como agora se lembrava que tinha uma mãe, gostaria muito de entrar em contato com ela.

— Ham... Na verdade... Eu também queria ver minha mãe. - Ela disse da forma mais casual possível.

Ele apertou as mãos da garota que estavam unidas as suas desde de o abraço.

— Tem certeza que tá pronta pra isso? - Ele a olha nos olhos.

— Claro, porque eu não estaria? Ela é minha mãe.- Ela dá um sorriso despreocupado.

— Claro Aly, eu nunca poderia me opor a isso, só não quero... Que você se machuque novamente, ok? Não vá com muita... Espectativas que ela tenha melhorado em algo apenas por sentir sua falta.

Alisson se sentiu insegura. Tyler era um cara estranho e suspeito, mas estava sendo fofo e parecia realmente se importar com ela, oque era confuso. Nenhuma mãe poderia ser um monstro, certo?

— Você não tá com frio? Pode vestir aquelas roupas de novo se quiser, vai ser ótimo irmos até a sua casa, pra pegarmos suas coisas.

Só então ela se deu conta que ainda estava usando suas roupas de baixo, desde que havia tirado as de Emília.

Ficou envergonhada, mas aliviada por ele ter uma reação tão mediana e respeitosa.

Naquela noite, após jantarem, Tyler e Alisson se prepararam para dormir, em quartos separados a pedido dela, mas estava assustada e ansiosa demais para dormir.

Ela morava com ele? Que relação estranha, oque poderia ter acontecido pra ela precisar ir para sua casa de forma tão despreparada ao ponto de nem mesmo pegar suas próprias roupas?

Alisson tinha muitas questões em mente, mas estava animada por saber que iria até a cidade resolver algumas delas no dia seguinte.

Quando desistiu de pensar, se virou para dormir, mas os vultos e sombras a perturbavam. Ela não queria admitir, mas estava com medo. Mais cedo, Tyler havia deixado claro que poderiam voltar para "o ninho de amor" quando ela quisesse, já que apenas havia o expulsado do próprio quarto na noite anterior, quando se deitou lá, por estar brava e ele ter escolhido dar um espaço.

  Sabendo que já era algo normal dormirem juntos, pé por pé, ela desceu as escadas indo até o colchão onde ele se encontrava na sala, evitando qualquer barulho que pudesse acorda-lo.

Se a casa fosse um pouco menos escura, ela teria notado que ele com certeza não estava dormindo, pelo contrário, todo seu corpo parecia bem acordado, talvez até um pouco tenso, ao ponto de apenas notar a presença dela, quando o peso do corpo da garota afundou o colchão.

Sentindo o calor corporal esquentar suas costas nuas, ele imediatamente interrompeu suas atividades suspeitas .

Doce Caos Where stories live. Discover now