Prólogo

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ELISA ODIAVA os hospitais

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ELISA ODIAVA os hospitais. Sempre os odiou, não tinha boas lembranças daquelas salas brancas e estéreis, nem dos jalecos brancos ou das roupas azuis usadas pelas enfermeiras e enfermeiros. O cheiro de hospital sempre lhe causou náuseas e a comida a faria vomitar com facilidade.

A primeira vez que Elisa esteve em um hospital foi no dia em que seus pais morreram, ela se lembrava das ambulâncias, dos bombeiros tirando o carro da vala em que havia caído, o cheiro metálico de sangue.

Ela se lembra de procurar por seus pais, mas não os encontrar, e por fim deixa a escuridão lhe consumir.

Quando abriu os olhos, depois de duas semanas, ela estava em uma cama de hospital, com tubos saindo de suas veias, com uma pequena quebrada e alguns cortes no rosto. Ela se lembrava de sentir uma forte dor de cabeça e depois perceber que sua cabeça estava enfaixada.

Ela se lembrava da assistente social entrando no quarto, e de uma maneira não muito gentil e amigável, explicar o que tinha acontecido, que seus pais estavam mortos. E a única coisa que Elisa podia fazer era olhar fixamente para as paredes brancas do hospital.

Sim, Elisa odeia hospitais.

Enquanto navegava por essas lembranças nada agradáveis, Elisa se esqueceu que estava sala de seu médico, recebendo uma notícia nada agradável que definitivamente mudaria toda sua vida.

– Senhorita Mayfield, você ouviu o que eu disse? - O médico diante de Elisa perguntou, chamando a atenção da mulher que estava estática nos últimos dois minutos.

Dois minutos que pareciam uma vida inteira. Ela esteve estes dois minutos apenas olhando para o pequeno cactos no canto da mesa do médico.

– Desculpe, você poderia repetir? - Elisa pediu, saindo de seu estado de transe, olhando para o médico que tinha um sorriso de pena e compaixão.

Elisa sempre odiou esse tipo de sorriso, esse tipo de olhar, sempre o odiou porque sempre foi algo que recebia dos outros.

– Senhorita Mayfield, na sua última radiografia encontramos algo.- O médico explicou pela segunda vez, bastante paciente dado ao fato do quão grave era a situação.- A senhorita tem um glioblastoma, é um tumor cerebral bastante agressivo, que se origina nos astrócitos, células que formam o tecido de suporte do cérebro.- O médico explicou.

Particularmente ele estava bastante impressionado e ao mesmo tempo preocupado pela reação de Elisa, ela estava calma, calma demais.

– Tem cura? - Elisa perguntou.

– Existem várias abordagens de tratamento para evitar o desenvolvimento, quimioterapia, radioterapia, uma cirurgia para remoção de parte do tumor.- O médico divagou, mas não respondeu o que Elisa queria.

– Não quero ser rude, mas não perguntei os tratamentos, perguntei se tem cura, tem cura doutor? - Elisa, ainda estoica, perguntou outra.

– É incurável.

O médico esperou alguma reação da mulher, mas outra vez se decepcionou, Elisa continuava sem expressar sentimentos em relação a notícia. Talvez fosse culpa de sua vida, que sempre tinha sido um azar completo, e no fundo ela esperava que um dia algo assim acontecesse, porque Elisa nunca teve sorte na vida.

– Quanto tempo eu tenho? - Elisa perguntou, enquanto planejava todo o futuro sua curta vida em apenas alguns segundos.

– 4 ou 3 meses, na melhor das expectativas 8 meses.- O médico falou.

Depois disso, Elisa não se lembra de mais nada, não se lembra de sair do consultório, nem de como chegou em casa, mas ela chegou, entrou em seu grande loft confortável, as fotos fotografadas por ela mesma nas paredes, tudo parecia extremamente cinza.

Elisa não pensou que quando reclamou com seu médico de dores de cabeça, descobriria que tinha apenas 4 meses de vida, ela pensou que era apenas enxaquecas relacionadas a sua ansiedade, e que ele daria alguns comprimidos, mas bem, agora ela está morrendo.

Elisa não sabia realmente como se sentir com isso, ela não estava triste, nem com raiva, ela estava apenas apática, não sabia o que sentir. Ela tinha apenas 30 anos, uma carreira bem sucedida, mesmo que não fizesse um novo projeto a meses, uma vida confortável.

Mas ela estava aceitando bastante seu diagnóstico, aceitando bem demais.

Ela olhou para o pequeno porta retrato em sua cômoda, e sorriu com a lembrança. Uma foto dela e de sua melhor amiga, Camille, em um dia de carnaval em Nova Orleans, a cidade que nunca dorme, com as melhores músicas, com artes nas ruas e com festas semanais.

Elisa amava Nova Orleans.

E se ia morrer, por que não morrer na cidade que mais ama?

PICTURES, Elijah Mikaelson.Onde histórias criam vida. Descubra agora