Jantar

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"Charlie, pare de andar em círculos e leia a carta!" Angel berra irritado.

A princesa está há exatamente trinta minutos rodando pelo seu escritório do hotel. Quando o envelope dourado chegou na propriedade, sentiu que todos os seus membros congelaram de medo. Ela marcou a reunião de emergência para ler a carta, mas o pânico a impede de sequer abrir.

Enquanto o desespero a consome, Vaggie não tira a visão do beiço inchado de Lúcifer. A anjo seguiu desconfiada desde que entrou na torre e os encontrou em um estado relativamente caótico. Lúcifer ignora a atenção indesejada e se aproxima de Charlie.

"Filhota, quer que eu leia a carta?" Toca no ombro da loira.

"É...Estou preocupada que seja aquela punição." A maior une as mãos para disfarçar que está tremendo.

"Oh, meu bem." Ele abraça a filha. "Vamos enfrentar isso juntos. Independente do que seja isso." Charlie sorri pequeno. Pega o envelope da mesa e o abre. Amassa um pouco a folha e inicia a leitura:

Caros Lúcifer e Charlie Morningstar,

Faz um bom tempo que não entro em contato com meus queridos irmão e sobrinha, por isso, sugiro um encontro para reestabelecermos as bases do nosso vínculo familiar. Dessa forma, estarei em seu magnífico Hazbin Hotel no início da noite com o fito de conversar e desfrutar uma deliciosa refeição infernal ao lado dos meus estimados entes.

Atenciosamente,

Michael
em nome dos sete Príncipes do Paraíso.

Que porra foi essa.

"Pai.." A garota vira lentamente para o anjo, uma linha corta sua testa. "Eles não iam nos punir?"

"Iam. Quer dizer." Ele procura Alastor com os olhos. "Foi o que falaram quando estivemos lá." O vermelho se levanta e se posiciona entre os dois.

"Talvez venham aqui para discutir sobre isso." Apoia-se na bengala. "Os demais anjos não sabiam sobre a redenção. Pode ser a chance da nossa querida Charlie de finalmente conseguir o aval dos céus." Acaricia o topo da cabeça da loira.

Morningstar não parecia confiante sobre isso, mas sorriu para alegrar a filha, levantando as mãos em positivo.

"Pode ser." O sorriso volta rapidamente. A princesa volta para os amigos que também foram chamados para a discussão. "Precisamos fazer o melhor jantar de todos os tempos! Vamos ao trabalho." Ela sai da alcova com o espírito animado de sempre, Vaggie a acompanha ainda desconfiada dos dois. Os outros seguem o casal.

O governante recolhe a carta e a relê para si. Alastor o observa curioso. Um turbilhão de pensamentos invadem a mente do menor, que transparece em sua face abalada.

"Seus irmãos não gostam de reuniões de família?" Como sempre, o cervo interrompe a onda de preocupações.

"Na verdade, nós nunca tivemos uma reunião familiar." Amarrota o papel e o joga na lixeira. "Não faço ideia do que eles querem de fato."

Alastor escora as costas na mesa. Sua atenção está totalmente no rosto despedaçado do anjo. Lúcifer o olha de canto.

"Que foi?"

"Jogo de perguntas." O menor ri. Acena positivamente para o companheiro. "Por que a relação com eles é tão ruim? Imagino que não seja apenas por causa de alguns patos e invenções bobas"

"É complexo de explicar." Nem ele próprio entende. "Você pode passar a vida toda em um local e nunca se encaixar. Cresce com aquelas pessoas, teve os mesmos ensinamentos e círculo social, mas continua sendo um estrangeiro. Meus irmãos só faziam questão de lembrar isso."

Killing me | RadioappleWo Geschichten leben. Entdecke jetzt