Entre desejos e responsabilidades

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O dia na loja de Madalena passou lentamente, como se o tempo estivesse esticado e cada segundo se arrastasse dolorosamente. Eu me esforcei para me concentrar nas tarefas que Madalena me designava, tentando afastar os pensamentos tumultuados que teimavam em invadir minha mente.

Atendi alguns clientes, sorri e fiz o possível para ser prestativa, mas por dentro, minha alma estava em frangalhos. Cada riso forçado escondia a dor silenciosa que eu carregava, cada movimento mecânico era uma tentativa desesperada de manter as aparências.

Enquanto o dia avançava, a insônia que me atormentara na noite anterior parecia se intensificar, como se cada minuto de sono perdido se acumulasse em minhas pálpebras pesadas. Meus olhos ardiam de exaustão, mas eu me recusava a fraquejar, me obrigando a continuar em frente.

Madalena, com sua energia inabalável, parecia não perceber a tormenta que se desenrolava dentro de mim. Ela me mantinha ocupada com tarefas variadas, mantendo-me distraída o suficiente para não sucumbir ao turbilhão de emoções que ameaçava me consumir.

Enquanto o sol começava a se pôr lá fora, anunciando o fim de mais um dia, eu me vi ansiando pelo refúgio reconfortante do meu apartamento. Lá, no silêncio da noite, eu poderia finalmente confrontar meus demônios interiores e tentar encontrar algum tipo de paz em meio ao caos que se instalara em minha vida.

Marcelo on- Enquanto atendia os clientes, minha mente vagava incessantemente para Helena. Ela tinha um jeito envolvente, uma mistura irresistível de charme e vulnerabilidade que me intrigava profundamente. Seus olhos, tão expressivos e cheios de vida, pareciam capturar minha alma a cada olhar. E aquele sorriso, genuíno e cativante, era capaz de iluminar até os dias mais sombrios.

Apesar de minha aversão aos relacionamentos sérios, algo dentro de mim desejava ter Helena ao meu lado. Ela despertava em mim um desejo de comprometimento, uma vontade de compartilhar momentos e construir algo mais profundo do que apenas uma paixão passageira.

Enquanto o dia avançava, uma sensação de urgência se apoderou de mim. Minha mãe estava prestes a chegar de viagem, e eu precisava contar a ela sobre Milena. Ela sempre fora uma presença constante em minha vida, uma voz de sabedoria e razão que eu valorizava profundamente.

Assim que terminei meu turno em casa, pois eu estava trabalhando online no computador, levei Milena até Soraya no fim da tarde. Ela me recebeu com um olhar frio e distante, como se estivesse desinteressada de tudo ao seu redor. "Precisamos conversar", disse eu, tentando manter a calma diante da hostilidade que emanava dela.

Soraya bufou, claramente impaciente. "O que é agora, Marcelo? Mais uma de suas desculpas esfarrapadas?", retrucou ela, com um tom de desdém.

Respirei fundo, tentando controlar a crescente irritação dentro de mim. "Eu quero que você cuide de Milena", disse eu, firmando o olhar em Soraya. "Ela é nossa filha, Soraya, e merece o melhor cuidado possível."

Soraya revirou os olhos, claramente contrariada. "Você sempre foi um péssimo pai, Marcelo. E agora quer que eu assuma suas responsabilidades? Esqueça, eu tenho minha própria vida para cuidar", disse ela, com um ar de superioridade.

Eu senti um aperto no peito ao ouvir suas palavras cruéis. Talvez Soraya estivesse certa, talvez eu realmente precisasse encontrar uma companheira para me ajudar com Milena. Mas uma coisa eu sabia com certeza: não seria Soraya, essa mulher desnaturada que só pensava em si mesma.

Entre Chifres e Desejos: Obcecado por Ela Where stories live. Discover now