Indo ao lar

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Quando acabou e foi pro quarto se trocar, Tyler havia deixado as mesmas peças com que ela havido ido pra lá, roupas que ela tinha certeza de possuir, uma jeans larga, e uma blusa de lã com estampa de sapo G.

Era gratificante não estar mais na estaca 0, então sorria aleatoriamente exalando um silencioso bom humor. Já Tyler, por algum motivo, parecia nervoso.

— Sei que não perguntou, mas Joseph concordou em cobrir meu turno hoje, isso porque você disse que eu era estranho por escolher fazer horas extras quase todo dia. - Ele soltou já tirando a caminhonete da garagem.

— Ham... Que ótimo. - Ela responde forçando um sorriso, não poderia se importar menos. Então sorriu de verdade ao notar que havia uma estrada de terra em meio as folhas secas.

Porque ela havia escolhido correr em meio as árvores no dia 0?

Eu não queria ser encontrada?

Eles entram no gol quadrado preto estacionado na garagem.

— Eu só tô puxando assunto, você sabe que eu nunca mais peguei hora extra depois que você veio pra cá.

Ela revira os olhos começando a se irritar.

Porque tá tentando conversar comigo? Eu não ligo, não quero saber dessas merdas.

Ele fica em silêncio por alguns minutos, mas então, para o carro.

— Fala a verdade, você tá pensando em voltar a morar com sua mãe né?! - Ele pergunta exaltado.

Na realidade, ela estava, mas não podia responder isso.

— Claro que não, você sabe como nossa relação era conturbada, e eu adoro ficar com você.

Ele estranha a resposta e a encara.

— Adora ficar comigo? - Ele repete as palavras, como se aquilo fosse algum absurdo. — Fala sério Alisson, agente sabe que ela não te faz bem!

Realmente havia soado estranho, ela não se imaginava repetindo aquilo.

— É, é algo que alguém que só quer ir embora diria, mas sei lá, vai me obrigar a ficar com você se eu não quiser mais ?!- Ela pergunta perdendo completamente a paciência.

Ele se desmonta e para de encara-la.

— Não, você já sabe oque é melhor pra si mesma. Foi mal.- Ele acende um cigarro e liga o carro voltando a dirigir em silêncio, a fazendo se sentir mal. Ela queria muito cortar aquele clima, até porque, voltar pra casa com ele depois seria muito estranho caso não se resolvesse com a mãe, mas ela não sabia oque dizer.

Se sentia muito estranha, em questão de minutos seus pensamentos e opiniões mudavam completamente, como se a pessoa que ela era antes de perder as memórias e a que ela pensava estar descobrindo ser, fossem duas pessoas completamente distintas.

Ela não se identificava com as coisas que fazia por impulso, mas ainda sim, sentia esse impulso o tempo todo, como se sua "antiga eu" estivesse lutando pelo controle.

Alisson já havia percebido que não era uma boa pessoa, se lembrava de ter atitudes tóxicas, pensava em coisas horríveis e logo em seguida que seria completamente capaz de fazer aquilo, mas não queria se sentir daquela forma, então estava decidida a tentar mudar.

Eu não sei se acreditava nessas coisas de destino, mas acho que isso é uma oportunidade de melhorar, talvez a vida tenha feito isso comigo por um propósito.

Ela sorriu satisfeita, se sentia feliz com qualquer mínima sensação de evolução pessoal ou recuperação de suas memórias, era com coisas  que ela tentava se manter firme.

Até chegarem a grande casa com cerca branca e um jardim florido, o clima tenso se desconstruiu sozinho, com comentários aleatórios e sorrisos, como quando se depararam com um cachorro eliminando seus dejetos na rua.

Com esses diálogos leves e breves, rapidamente chegaram a casa de Eliza.

Doce Caos Where stories live. Discover now