CAPÍTULO 5 - Levante-se

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Ao chegar em frente ao casarão, Philip observou tudo ao redor durante alguns segundos. Ele inspirou e expirou o ar, ligou a lanterna, e em seguida, entrou.

Caminhando mais adentro, Spielberg ia iluminando o lugar. Viu uma enorme infiltração na parede, e quadros quebrados no chão.

- Teofilo? - ele chamou, olhando de um lado a outro.

Deu mais alguns passos em direção ao porão. O lugar era muito esquisito, apesar de belo.

Algumas partes do lugar estavam mofadas. Colocando o antebraço no nariz, Philip espirrou. O cheiro de poeira estava começando a invadir suas narinas, e a rinite começando a atacá-lo.

- Teofilo!

Instintivamente, ele virou com uma certa velocidade para trás ao ouvir um barulho. Fora apenas o vento que havia mexido em algo dentro da casa.

Seguindo adiante, ele viu que havia iluminação através das frestas da porta do porão. Philip bateu na porta.

- Teofilo, você está aí?

Silêncio.

- Teofilo, abra a porta. Eu estou sozinho!

Finalmente, um sinal de vida. Teofilo não relutou, como Philip pensara que ele faria. Lombardi abriu a porta, e a cena que Philip presenciou diante dele não havia sido esperada.

Teofilo estava enrolando os punhos com força em pedaços de pano, e seu rosto estava molhado pelas lágrimas.

- A moça não calou a boca, evidentemente - Teofilo dissera.

- Eu... bem... - Philip engoliu em seco. - Me chamo Philip Spielberg. Sou um dos policiais que vieram aqui essa tarde.

Teofilo encarou Philip.

- Não vou ter a gentileza de convidá-lo para entrar, a casa não é minha. Entretanto, cada um entra e sai a hora que bem entende ultimamente. Inclusive eu - Teofilo virou as costas, deixando a porta aberta.

Philip entrou no porão e desligou a lanterna. Ele deu pelo menos mais dois espirros. Além da poeira, o lugar estava congelando. Como um ser humano poderia viver nessas condições?

- Hadassah me disse que tem um apartamento. Por que não está lá?

- Mais um para se intrometer em minha vida?

- Não. Não é isso. Pelo que estou vendo, você é um homem teimoso. Você não está bem, veja só o seu estado! - Philip aproximou-se mais, observando algumas folhas e uma caneta em cima do sofá desgastado. - Você estava se cortando. Estava pensando em tirar a própria vida?

Teofilo riu asperamente, e sentou próximo às folhas.

- Um ser humano a menos não faria falta neste mundo de medíocres.

- Não diga isso, Teofilo. Sua vida é valiosa.

- Valiosa para quem, policial?

- Para Deus, e para aqueles que te amam.

- Aqueles que me amam? Quem me ama? As pessoas que me apunhalaram pelas costas e me fizeram de imbecil? - Teofilo levantou, cheio de remorso e dor. - Deus? Que Deus, senhor policial? Deus só deve existir no imaginário da humanidade. E se Ele existe, deve ter desistido dessa corja há muito tempo.

Philip ficara em silêncio por alguns segundos. Esse homem estava tremendamente ferido, e precisava encontrar a cura urgentemente. Ele não sabia onde era a saída, mas deveria encontrá-la o mais rápido possível.

- Você precisa desabafar. E eu estou aqui para te ouvir - Philip disse, olhando-o com compaixão. Ele espirrou novamente.

- Não me olhe como se eu fosse o pior dos infelizes. Pare de me olhar como Hadassah! - Teofilo o encarou. - E faça o favor de ir para sua casa tomar um remédio para alergia.

Dos Escombros à OlariaWhere stories live. Discover now