Piloto

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Pov: Wanda Maximoff

Acabei de pisar os pés na escola, depois de um longo verão, e, num piscar de olhos, toda a alegria e espontaneidade que poderiam ter existido em mim em algum momento desapareceram.

Não sei precisar quando a escola se tornou um saco. Talvez tenha sido no colegial, mas desde sempre convivi com a toxicidade das relações escolares. É difícil definir o momento exato em que toda essa energia negativa começou a dominar o ambiente.

Mas, pela graça de todas as forças existentes nesse universo, o último ano finalmente chegou. Ainda temos um ano pela frente, mas para alguém que suportou desde o maternal, o terceiro ano é um lucro.

Eu estudo em uma das melhores escolas que o dinheiro do meu pai pode pagar. Não estou desmerecendo meu esforço; posso dizer com todas as palavras que sou uma boa aluna. Porém, meu pai é o homem da grana e nem todo esforço recebe reconhecimento.

Cresci tentando me superar a cada dia para agradar a todos ao meu redor, até que chega um momento em que isso cansa, e talvez esteja nesse momento agora mesmo. Ainda tenho que provar algumas coisas passando em uma faculdade decente, como Oxford ou Princeton. Mesmo sonhando todos os dias com uma vida como atriz.

Nunca sonhei em ir para Hollywood e ganhar uma estrela na calçada da fama. Meu lance sempre foi mais voltado para a Broadway, sabe? O teatro, isso é um sonho.

Porém, enterrei ele graças aos meus pais exigentes e todas as barreiras que aparecem no meio do caminho. Espero, pelo menos, terminar a escola; isso sim seria um lucrão.

Sobre meu ciclo social, não sei se tenho tanto a dizer. Ele se baseia em dois pilares importantes, os pilares que já foram importantes e eu infelizmente ainda tenho que lidar e uns que eu na verdade nem sei.

Kate Bishop, uma garota da sala rival à minha (é uma longa história), que conheci no ônibus da escola e se tornou incrivelmente importante para mim. Kate é minha última esperança de encontrar pessoas boas; se ela me machucar, desisto. Juro, ela é engraçada, sábia e bonita. Seu único defeito é ser totalmente dependente de qualquer mulher que chame sua atenção, mas todo super-homem tem sua kryptonita.

E temos o Clint, outro cadelinho de mulher (preciso rever minhas companhias), mas é um gênio. Nós basicamente andamos pela escola falando mal das pessoas, somos dois nerds que fazem todos os trabalhos juntos e, de vez em quando, ele abre o jogo sobre o relacionamento tóxico dele com a namorada, que, graças a Deus, não estuda aqui.

Clint guarda muita coisa, mas ao mesmo tempo se tornou alguém importante, então não me importo de às vezes falar mais, já que ele prefere mentir para si mesmo que está tudo bem. Um dia tomo coragem e falo que ele merece algo melhor.

Sobre os pilares que eu ainda tenho que aturar, digamos que eu posso ter tido uma espécie de relacionamento com uma tal de Carol Danvers e quase destruído minha vida. Mas, eu me livrei do mal depois de muita luta e ilusão, mas ainda tenho que suportá-lo na mesma sala que eu.

Enfim, eu e Kate estamos na biblioteca vendo se têm livros novos esse ano, já que chegamos cedo para variar nossas várias ocorrências anuais:

- Eu não acredito que é o último ano, mal caiu a ficha que eu terminei o fundamental. - disse Kate, enquanto vasculhava as prateleiras, arrancando-me uma risada.

- Nem eu. É estranho pensar na faculdade, em trabalhar...

- Não não, Wan. Não vamos falar sobre faculdade, exames ou qualquer coisa disso - ela disse, mexendo a mão de uma forma estranha e engraçada com suas famosas caras cínicas - no nosso primeiro dia. Vamos aproveitar.

- Aproveitar? - eu perguntei.

- Sim, esse ano promete muitas coisas... Tem o baile, a nossa viagem e, - ela fez uma pausa dramática, olhando-me com um brilho nos olhos - você viu quem vai dar aula de francês para a gente?

- Não sei mas acho que você está prestes a dizer. - eu brinquei.

- Natasha Romanoff - ela disse com uma expressão ainda mais cínica, o que me fez rir.

Natasha era a professora de francês de praticamente toda a escola, só os terceiros tinham francês e, agora, nós éramos terceiros. Ela era linda, percebi nas poucas vezes que a vi. Porém, também percebi todos os outros mil alunos que ficavam babando por ela. Idiotas.

Eu estava feliz por ter aula de francês e finalmente ter aula com Natasha, mas não era motivo de grande ânimo.

- Ouvi dizer que ela é estressada. - comentei, bebendo um gole da minha garrafa de água.

- Você terá aula com ela hoje para comprovar - retrucou Kate.

- Como você sabe o meu cronograma e eu não? - perguntei.

- O que seria de você sem mim? - ela disse, pegando sua mochila jogada no canto de uma das estantes de livros - Vamos, o povo já está começando a entrar.

Peguei minha mochila, passei-a por um ombro e abracei minha melhor amiga enquanto íamos para nossa luta diária.

Mon Cher ProfesseurOnde histórias criam vida. Descubra agora