é uma vontade imensa que não cabe no meu peito
e por isso ele dói
por isso as minhas costas gritam quando me deito
e não é do lado de alguém que se importe
ou no corpo de alguém que consiga fazer isso transcender
eu não
consigo escrever
em linhas retas
porque a constância
me machuca
e as flores secaram
e também me machucam
pelo anseio de eu não ter mais
a mim mesmoeu fui embora de mim
mas ao mesmo tempo eu tento voltar
em um relapso de tentativa eu me esquivo
e volto a correr contra a minha almacomo eu posso encerrar esse ciclo?
como eu posso não me machucar de novo?
como eu posso não ME machucar?
como eu posso entregar nas mãos de alguém que pode?de novo
e de novo
e de novo
e mais uma vez
até que nunca acabequando eu saberei que a pessoa certa
como eu poderia saber que foi a pessoa certa
quando na verdade nem eu caibo mais nesse espaço
e quando jamais alguém que caberia estivesse certoe as flores não desabrocham de novo
porque eu usei a sua cor para pintar minha cara
para que o externo mostre o que eu corro de mostrar
aqui dentro não tem mais espaçoeu fui colocado em uma caixa
aquelas coloridas que tocam uma música
e enquanto alguém girava a manivela para que eu aparecesse
eu fiz por mim e quebrei a mola que me empurraria para foraeu não enlouqueci - eu digo.
são as pílulas que me colocam para dormir que não funcionam mais
assim como quando meu coração parou de bater
e assim como quando pisaram e amassaram nas flores a minha esperançaé uma vontade imensa que não cabe no meu peito
imaginar como poderia ser não existir em um corpo
que quer que eu me coloque para fora
de novo e de novo.
até que nunca acabe.
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Guerra Fria
PoetryGuerra Fria é uma alegoria poderosa sobre a luta contra os demônios internos e a busca por significado em meio ao caos da vida. É uma história de crescimento, dor e, finalmente, de redenção.