Capítulo SETE

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–Aqui.--lhe ajudei a levantar, colocando uma garrafa de água em sua mão que achei no carro. Sua roupa, antes alinhada, estava suja de terra. Seus cabelos estavam bagunçados e pela primeira vez, percebi o quão novo ele parecia ser. Um pouco mais velho que eu, mas novo.

Stone havia recobrado a consciência a poucos minutos e parecia confuso e esgotado. Eu o via com outros olhos agora. Eu e ele tínhamos algo em comum. Ambos estávamos incompletos, solitários. Tristeza incomum me atingiu por ele. Por seu lobo.

–Vou levar você de volta.--ele disse, sem me olhar nos olhos. Um sentimento estranho me incomodou. Não gostei de não ver seus olhos nos meus.

–Você está bem?--perguntei e imediatamente me arrependi da pergunta estúpida. Claro que ele não estava, assim como eu. Não estávamos nada bem, a diferença entre nós era ele ser melhor em esconder sua fraqueza.--Por que você o aprisionou?

–Não é importante, ruiva.

–Eu contei para você que perdi minha loba e você acabou de admitir que prendeu o seu. Sou talvez, a única pessoa aqui que realmente tem uma idéia do que está sentindo.--falei num fôlego.

Ele me fitou surpreso e desatou a rir. Recuei com sua expressão totalmente diferente ao sorrir. Era como se ele fosse outra pessoa.

Meu coração pulou uma batida.

–Se eu soubesse que precisava ter um colapso para ouvir sua voz alta e clara assim, teria perdido o controle antes.--ele disse, rindo.

–Você não pode estar falando sério.--exclamei. Ele perdeu o sorriso, ficando sério imediatamente.

–Na verdade, não estou. Mas foi a primeira vez que você falou comigo usando toda a sua voz.--ele disse, pegando uma das minhas mãos. Corei, surpresa com seu toque.--Realmente temos que conversar, ruiva. Tenho a impressão que minha postura em relação a você a fez pensar algo equivocado.

–Eu farei o juramento de sangue, não se preocupe. Sei que errei em esconder sobre Aiden, mas tudo aconteceu tão rápido e...

–Estou falando sobre achar que eu não gosto de você.--ele me cortou.

–Bem, sim.--disse, achando essa a única possibilidade.--Eu realmente não estou chateada com isso, desde que Aiden não sofra, ficarei bem.

–Aiden nunca vai sofrer qualquer retaliação.--ele disse, firme.--Ela está bem, estamos falando de você agora. Por que pensa que não gosto de você?

Arregalei os olhos, com sua afirmação. Sobre mim? O que isso poderia importar?

–Por que isso mesmo importa? Não fiz nada para que gostassem de mim além de me esconder num quarto. Você não me conhece, então, faz sentido... não termos afinidade.

–Esse é um modo de ver as coisas.--ele disse.--Mas existe outra explicação.

–Qual?--ele então pegou minha mão e não desviou os olhos quando disse.

–Eu estava lhe dando tempo e espaço para se acostumar comigo. Sabia que tinha acabado de sair de uma situação terrível e não seria justo comigo e com você se eu me inserisse imediatamente na sua vida.

–Eu não entendo.

–Você ainda não está pronta, Kate. Vejo isso agora.--ele suspirou soltando minha mão. Minha mão sentiu-se fria sem a dele.--Esperei todo esse tempo, o que são mais alguns dias? Vamos ter uma longa viagem amanhã e quem sabe, consigamos respostas.

–Stone, espere.--pedi, urgência me fazendo inquieta.--Você realmente não me odeia?

--Hoje eu odeio não ter visto a verdade sobre sua loba.–ele sorriu.--Me pergunte de novo amanhã.

Escrito em Pedra VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora