Quarta, 13 de março de 2024

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Eu não tenho nenhuma informação do meu nascimento a não ser o que está escrito na minha certidão, então muitas informações aqui podem estar erradas.

Meu uma vez disse que quando eu nasci, uma das primeiras coisas que eu fiz foi olhar para ele. Ele até faz piada pelo aparente fato de eu ter olhado para ele com apenas um dos meus olhos abertos.

Eu não lembro de nada da minha infância, e quando eu digo isso eu falo sério. Tenho apenas lembranças de coisas vagas, desinteressantes. Como a lembrança de quando eu descobri que papel se desmancha na água.

Muito provavelmente eu ainda era um bebezinho, já que eu cabia dentro de uma bacia. Era costume eu tomar banho dentro dela. O que também me faz deduzir que eu era bebê é que nessa lembrança a minha mão era bem pequenininha e gordinha, igual a mão de um bebê de um ano.

Eu estava brincando com a água até que vi um papel aleatório no chão, pela imagem que ainda se preserva na minha mente era um panfleto sobre o número de algum vereador, basicamente propaganda de voto.

Eu tinha pegado aquele papel e mergulhado na água em que eu estava, quando vi que o papel começou a se rasgar. Eu simplesmente peguei os restos de papel moído e derretido na água e joguei fora da bacia, com medo de que alguém fosse brigar comigo caso eu estivesse com algo que pudesse me sujar mesmo eu estando tomando banho.

Outra lembrança que eu tenho é de quando eu fui visitar uma avó minha. Ela não era um parente biológico, mas sim a mulher que cuidou da minha mãe quando ela era criança.

Eu lembro de que minha mãe estava me segurando no colo dela. Um detalhe é que eu também tenho uma pequena ideia de quantos anos eu tinha quando aquilo aconteceu. Já que essa avó minha tinha falecido em 2013 e eu nasci em 2011 provavelmente aquele foi o ano em que ela faleceu. Eu teria ter quase três anos já que eu lembro de ter conseguido andar e subir encima da cama da minha avó sem ajuda de um adulto.

Ela estava com um aparelho respiratório e com uma almofada de pescoço com ela, provavelmente algum presente de uma tia minha ou até mesmo da minha mãe. O ar-condicionado estava ligado, já que o quarto estava bem gelado pelo o que eu lembro.

Essas são as únicas coisas que eu lembro até meus oito anos. Dos meus oito anos para cá eu não tenho nada de interessante para contar. Eu também não era de brincar na rua, já que não tinha nenhuma criança na vizinhança, então não não posso dizer que já tive algum machucado durante alguma brincadeira.

Quando eu fui morar com a minha mãe eu também não tive lá muitos amigos, já que eu ela vivíamos a se mudar. Todo ano era um lugar diferente, primeiro foi Boa Vista do Ramos, depois Boca do Acre, durante esse período já foram dois anos, como eu não tive contato com nenhuma das pessoas que eu conheci lá eu fiquei sem vontade de ter contato social por um tempo, já sabendo que não iria ser algo duradouro.

Um dia ela ficou cansada de mim e me mandou morar com meu pai. Quando eu falo "cansada de mim" eu falo sério. Ela falou que simplesmente não suportava mais ver meu rosto e decidiu que seria melhor caso eu morasse com meu pai, o que eu faço hoje em dia.

Como todos acham que ela me mandou para Manaus para ter melhor educação eu não falo muito sobre o real motivo, eu não tenho razão para falar mesmo.

Uma coisa que me deixou com certa decepção foi o fato de que até mesmo aqui eu tive que mudar de escola novamente. O que me vinha na cabeça era: Por que nem sequer com moraria fixa eu não posso ter amigos por mais de um ano?

Eu tenho esperança de que pelo menos aqui eu consiga ter amizades legais. Eu até gosto do fato de que eu consegui conhecer várias pessoas, mas a parte ruim disso é saber que tudo é passageiro, não vai durar muito.

É claro, eu sei que tudo na vida é passageiro, mas não precisa ser tão rápido assim.

Eu creio que isso é apenas uma fase. Afinal, como eu disse anteriormente, tudo na vida é passageiro.

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⏰ Last updated: Mar 14 ⏰

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