Prólogo

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Elora sentiu os nervos de seu pulso latejarem ao cravar a adaga adornada por desenhos em tons arenoso sobre o peito do rapaz, pôde sentir a lâmina afiada desviar do esterno e atravessar uma das costelas até atingir o coração, ela teve a chance de ...

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Elora sentiu os nervos de seu pulso latejarem ao cravar a adaga adornada por desenhos em tons arenoso sobre o peito do rapaz, pôde sentir a lâmina afiada desviar do esterno e atravessar uma das costelas até atingir o coração, ela teve a chance de até mesmo sentir as últimas pulsações, quando finalmente o órgão parou e junto levou a vida do rapaz à sua frente. Ela manteve os olhos fixos nas orbes no tom verde musgo, que naquele momento pareciam escurecer diante da ausência de vida, mesmo após seu último suspiro, os olhos daquele corpo permaneceram abertos.

As mãos do homem ainda seguravam o braço de Elora com muita força aponto de que a parte superior de seus dedos misturavam-se entre a palidez e um tom amarelado. Mesmo após sua morte, parecia que aquele sujeito ainda tentava infligir alguma dor sobre a pele frígida da mulher. Provavelmente aquela força toda mais tarde causaria um hematoma púrpura sobre seu braço esquerdo.

No entanto, diante da dor, Elora estava inexpressiva , mesmo com as mãos ainda trêmulas, com seu corpo sendo uma completa combustão de adrenalina e sentindo bile subir pela sua gargante como se sua última refeição estivesse prestes a voltar, por fora, não havia qualquer expressão, nem mesmo por uma fração de segundo. A mesma sentia que qualquer ato fora do planejado poderia piorar sua situação.

As portas daquele quarto no tom creme, ornamentadas em puro ouro pareciam ainda maiores, como se a julgassem e em qualquer momento pudessem devora-la pelo o que havia acabado de fazer. Qualquer um em Arelira sabia que nem todos os objetos eram inanimados.

Elora engoliu em seco, ignorando o calafrio que alastrava-se por toda sua espinha. Foi rápida ao retirar a adaga do corpo sem vida e em seguida afastou-se do mesmo, caçou em sua bolsa de utilidades, escondida sob a capa marrom — a qual cobria tanto seu corpo quanto seu rosto — e nela encontrou uma pequena esfera cristalina, cuja cor iridescente parecia iluminar o ambiente, era delicada e haviam ramificações que estendiam-se por todo o objeto, transformando-se em símbolos brutos.

Antes que pudesse prosseguir, as portas do quarto foram abertas bruscamente quebrando o silêncio do cômodo e revelando quatro cavaleiros que trajavam armaduras obsidianas e encantadas, as quais resistiam a maioria das magias que percorriam aquele território. Os homens analisaram o ambiente antes de atacar e ao encontrar o corpo do rapaz sem vida, ambos — mesmo que descrentes da cena que presenciavam naquele momento — ergueram suas espadas flamejantes em direção a figura encapuzada.

Elora estava agindo por puro instinto, graças a isso foi rápida ao lançar a pequena esfera iridescente contra o chão, o som de vidro estilhaçado surpreendeu os cavaleiros, conforme a brisa no cômodo transformava-se em um vendaval. A mulher não pôde fazer nada senão fechar os olhos bruscamente, enquanto os fios curtos e escuros de seu cabelo balançavam violentamente.

A magia foi rápida ao se tornar parte do quarto, o aroma da grama molhada acompanhava aquele poder, era como o vento que antecede uma tempestade. Os feixes azul-celeste eram intensos e agora rodeavam o corpo de Elora a levando para um lugar bem longe dali, enquanto quase cegavam os cavaleiros presentes.

Quando enfim Elora abriu os olhos novamente, a mesma já não estavam mais no grande quarto e sim em uma vastidão verde, uma colina distante do centro da capital de Arelira. Estava vazia, era possível ouvir apenas a natureza, os sons das araras azuis que voavam em casal atrás de comida se destacava diante daquela paisagem serena.

Suspirou aliviada, estava longe o suficiente apesar de  que ao longíquo, a mesma poderia avistar o grande castelo de Arelira, até de longe aquela fortaleza parecia impetuosa.

Seu corpo mantinha-se em pura adrenalina, seu coração disparava conforme o estomago revirava. Sua mente parecia tão tumultuosa quando uma navegação durante um grande tempestade em um mar agressivo.

Repentinamente a mesma sentiu patinhas frias subirem sobre sua perna esquerda, atravessando seus músculos tensos e escalando até chegar ao seu ombro. O sagui fez seu fatídico som enquanto analisava os olhos nublados de Elora.

— Não deveria estar aqui, Oug. — A mesma suspirou desapontada, manteve a feição pouco expressiva e desviou as orbes avelã por um segundo em direção ao animal.

O sagui repetiu o mesmo som de antes. Elora não precisava falar sua língua para entender o que Oug queria dizer, as orelhas movendo-se em sentido horário e a cabeça inclinando-se levemente à direita era o suficiente para compreender. Você está bem?

A mesma não respondeu, mas levou uma das mãos até a cabeça do sagui e o acariciou enquanto suspirava mais uma vez. No mesmo instante seus olhos voltaram a atenção para as torres do palácio real, conhecido como O Castelo Pérola. Passaram-se poucos minutos apenas assim, em um silêncio tão vasto quanto aquela colina.

A paisagem destoava com a mente perturbada de Elora, pois enquanto parecia que uma tempestade caia sobre a figura encapuzada, tal lugar estava cheio de cor, o céu alaranjado era ainda mais intenso naquele dia, como se quisesse consolar todos que viriam a sofrer neste exato momento. Os dois sóis que destacavam-se naquele ambiente diurno, dividiam suas funções entre iluminar enquanto o outro aquecia a pele clara de Elora.

Sem demora, bandeiras cinzas feito chumbo foram estiradas por todas as sete torres do castelo, afugentando um pouco do encanto daquela paisagem.

Enfim Elora percebeu que todos já sabiam, até mesmo imaginava o caos que palácio se encontrava naquele mesmo momento e soube exatamente o que todos diziam enquanto as bandeiras iniciavam uma dança melancólica com a brisa sobre aquela fortaleza:

"O príncipe herdeiro está morto"...

"O príncipe herdeiro está morto"

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