Capítulo 9

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Capítulo 9
Apolo Arcângelo

Eu observava Cassiopeia toda deusa em seu vestido branco enquanto ela corria para fora do hotel, mas alguma coisa estava errada. Ela parecia assustada e perdida, percebi no instante em que a vi  entrar em um beco escuro.
Saí apressado de dentro do carro e nossos olhares se conectaram quando ela se virou.
Ela quase sorriu e eu não sei por qual motivo, meu coração acelerou, mas entendi em seguida, quando dois homens chegaram por trás e a agarraram. Tentei ser rápido, mas não pude alcançá-la.
A culpa trovejava dentro de mim, ao mesmo tempo em que me sentia em um déjà-vu sem fim.
Eu não fui capaz de salvar a minha irmã, mas darei minha vida para salvar Cassiopeia.
Pulei no banco do carro sem perder tempo e saí atrás da minivan que a levou.
— Alô, Hermes?  — Liguei assim que consegui ter uma boa visão do carro.
— O que aconteceu? — Ele me conhecia bem e sacou logo de cara que alguma coisa estava errada.
— Levaram a Cassiopeia.
— Pode repetir, eu não entendi direito. Onde você está? — perguntou preocupado e percebi que ele tinha colocado o celular no viva-voz, com certeza para que Dionísio também ficasse a par de tudo.
— Eu estava próximo ao hotel, esperando o momento em que Cassiopeia sairia. Então, presenciei o instante em que dois homens a subjugaram e colocaram em um carro que eu não consegui identificar na hora . Havia outro também, um que me fechou para impedir que eu atravessasse a rua até ela. Era uma minivan vermelha. Eu bati contra o vidro deles e gritei, mas eles aceleraram assim que o outro carro, o que levava Cassiopeia, deu partida. — Eu estava suando frio enquanto gatilhos eram disparados na minha cabeça, mal conseguia respirar. — Porra, está acontecendo outra vez, e novamente sou o culpado! — vociferei ao socar o volante com força, dominado por raiva e remorso.
— Vamos encontrá-la, apenas tente se acalmar. Conseguiu ver a placa do carro?
— Não. Inferno, não! — neguei, angustiado. — Mas vi qual carro a levou. Assim que saiu do beco escuro onde estava, passaram por mim em disparada e eu verifiquei que era outra minivan, uma Toyota Sienna na cor preta.
— Conseguiu ir atrás deles? — Dionísio quis saber, sua voz calma e racional, como sempre. Invejável.
— Sim, tem apenas dois carros na minha frente, mas estão servindo de escudo para que não percebam que estão sendo seguidos.
— Ótimo.
— Você tem certeza que são as mesmas pessoas que estão envolvidas no desaparecimento das garotas da agência? — perguntou Hermes e eu fiquei sem saber o que responder.
— Eu não sei, mas ela foi levada contra a vontade dela, e isso já foi  suficiente para me deixar alerta.
— Claro, você está certo.
Depois de rodar pela cidade por meio hora, a minivan entrou em uma rua que era bem conhecida por causa de uma boate de striptease frequentada por magnatas que visitavam Miami ou que viviam na cidade. E, para a minha surpresa, um portão se abriu ao lado da boate e a minivan entrou.
— Eles pararam na Angels Of Night. Eu vou entrar e tirá-la de lá — anunciei.
— Ficou louco? Essas pessoas não brincam, Apolo. Irão matar você e perguntar depois.
— O que eu faço, então?! — Eu estava desesperado e angustiado.
— A polícia vai cuidar disso, nós iremos explicar o que aconteceu.
— A polícia está envolvida nessa sujeira, assim como as pessoas mais ricas de Miami. — Faço uma observação sobre a realidade da situação.
— Sim, mas ainda existem pessoas decentes nesse mundo, não podemos perder a esperança, caralho — repreendeu-me Dionísio, claramente frustrado com a minha revolta particular sobre as pessoas em geral. — Daremos um jeito, e você sempre foi o cabeça para resolver problemas, não pode perdê-la agora.

Cassiopeia

Acordei em uma penumbra, dentro de um lugar que cheirava a mofo. Em uma pequena fresta na parede, um fino raio do sol entrava e me dava a certeza de que já havia amanhecido. A minha pergunta era: Quanto tempo fiquei inconsciente?
Meu coração estava frenético e a minha respiração parecia faltar. Eu estava ansiosa. Muito ansiosa.
Comecei a inspirar, segurar o ar por sete segundos e soltar. Fiz esse exercicio diversa vezes, até que senti que tinha de volta o controle sobre o meu corpo e sobre a minha mente, que não teria demorado muito para me matar infartada ou sem ar.
Cérebro traiçoeiro, eu venci você. Eu mando em você e não o contrário, repeti essas palavras diversas vezes, para que elas fossem enraizadas em meu subconsciente.
— Você está bem? — Ouvi alguém dizer bem baixinho.
Foquei meus olhos na direção da voz, e percebi que havia uma mulher sentada no chão, na parede oposta à minha.
— Oi — eu disse. — Está aí há muito tempo? — perguntei, desconfiada, pois ela parecia ter aparecido do nada.
— Algumas semanas — respondeu.
— Hum! — Fiquei pensativa durante um tempo. — Sabe quanto tempo eu dormi? — Eu quis saber depois de alguns minutos.
— Algumas horas.
Oh! Exalei o ar.
— Qual o seu nome? — perguntei.
— Meu nome verdadeiro? — Ela pareceu em dúvida sobre o que responder.
— Você tem um nome falso?! — estranhei.
— Você não tem? — Ela também estranhou.
— Por que eu teria? — continuei, agora com curiosidade.
— Nós, garotas de programa, temos.
— Nós? Como assim, nós?
— Por que não? Oh,meu Deus, você perdeu a memória? — perguntou, bastante preocupada.
— Claro que não, mas eu não sou isso que você disse.
— Talvez tenha perdido a memória recente. — Ela me analisou com atenção.
— A minha memória está perfeita, e eu não sou garota de programa.
— É o que todas dizem quando chegam aqui — bufou ela.
— Onde exatamente é aqui?
— Estamos na Angels Of Night.
— E o que é…
Passos fortes do lado de fora me fizeram calar no mesmo instante.
— Eles estão vindo. Por favor,  não grite — implorou com os olhos marejados.
Quem eram eles, inferno?
Os passos cessaram quando a porta fez um som pesado e rangeu forte ao ser aberta. Conclui que era de metal.
A luz entrou forte, quase me cegando, levei uns dois minutos para meus olhos se acostumarem.
Assim que consegui enxergar novamente, a primeira coisa que reparei foi os sapatos dos dois homens que entraram no quarto, eram caros, com certeza. Eles também usavam roupa social, tão cara quanto os sapatos e não usavam máscara, desta vez.
Suas feições eram severas, apesar de parecerem jovens. Eu não daria mais de trinta e dois anos a eles. Um deles possuía aquela curvinha no nariz, típica dos atores de novelas turcas. Ele poderia muito bem ser o vilão de uma delas, pois tudo nele gritava perigo. O outro era comum, digo isso porque não possuía traços marcantes, aliás, observando melhor, ele tinha uma pequena cicatriz na boca que deformava levemente seu lábio superior, seus  cabelos eram escuros, os olhos eu não consegui identificar a cor, pele levemente morena. Ambos eram altos, 1,90, provavelmente.
— Por que está nos olhando assim? Abaixe os seus olhos em nossa presença — sibilou o “turco”.
Olhei para a moça que também estava ali, mas a pobrezinha olhava fixamente para a parede, como se fosse possível ficar invisível naquela posição.
Eu entendi que estava sozinha naquele lugar e o medo do desconhecido podia nos fazer perder a razão, mas eu não deixaria acontecer, pois era a única coisa que eu possuía no momento e não permitiria que tirassem isso de mim.
O “turco” me pegou forte pelo braço, seus dedos ásperos arranharam a minha pele enquanto me arrastava para fora e vi de relance, antes que batessem a pesada porta, quando a garota se virou brevemente para me olhar. Ela secou uma lágrima enquanto me observava cheia de pesar e medo.
Sim, eu estava me borrando, mas o que eu poderia fazer?
Nada.
Os dois homens me colocaram para andar enquanto me seguiam, dando-me instruções sobre qual corredor entrar. Eles me empurravam quando meus passos diminuíam, rindo quando eu me desequilibrava.
Idiotas.
Sério, eu queria socar a cara deles, talvez arrancar as bolas de cada um e brincar de bolinha de gude com elas. Mas estava em total desvantagem.
Passamos por um salão enorme, onde havia dois palcos, dois bares grandes, mesas, cadeiras, globos de luzes espalhados por todo o ambiente, muitos sofás, paredes em tons preto e vermelho, vários pole dance e o que me chamou bastante atenção, era que tinha pequenos corredores que além de levar aos banheiros, levavam a quartos, e sei disso porque vi camas em cada um enquanto atravessava o espaço.
Eu estava em uma boate, foi a conclusão em que cheguei, mas não era qualquer uma e esse pensamento me fez estremecer.
— Pare na próxima porta — ordenou o outro homem.
Fiz o que me mandaram e o observei enquanto ele batia e aguardava. Além do corte no lábio, o cara tinha mais uma característica que me chamou atenção, uma tatuagem no lado de dentro do punho esquerdo escrita Destroyer.
A porta foi aberta e uma mulher muito magra saiu de lá, seus lábios estavam inchados e o rosto manchado de rímel. Ela passou por nós com os olhos focados nos próprios pés e entrou na porta que tinha ao lado.
Fui empurrada em seguida, para dentro da sala de onde a garota havia saído. Caminhei a passos lentos, esperando as sombras me seguirem, mas não ouvi passos, então meus olhos se apertaram involuntariamente quando ouvi a porta bater atrás de mim e a certeza de que eu estaria sozinha ali com um desconhecido, cair feito um monte de merda na minha cabeça.
Por mais improvável que fosse, a presença daqueles dois grandões me fez sentir menos ferrada.
Observo o local à minha volta e percebo que é um escritório. Paredes branco e cinza, o piso parece uma porcelana branca, tem uma planta artificial no canto da parede, um sofá que parece feito de ouro, mas deve ser falso, obviamente, quadros com desenhos sem sentido na parede, uma cafeteira expresso sobre uma mesa branca e uma mesa de escritório, também branca, onde o cafetão mor acomodava-se em uma cadeira.
Ele era loiro, do tipo todo loiro, cabelos, sobrancelhas, barba e olhos azuis.  Ele era um ariano naquele estilo “a obsessão de Hitler”.
Seus olhos eram maus, intimidantes de um jeito que causava pânico. Mas comigo, não.
Eles não empurraram o suficiente ainda, e a minha razão permanece.
— Você não é a garota que eu mandei buscar. — A voz grossa trovejou e quase me fez pular. — Qual o seu nome?
— Meu nome verdadeiro? — Decidi arriscar.
— Na verdade, isso não importa — sorriu, frio e predador. — Darei o nome que eu quiser, pois agora você pertence a mim. Bem, pelo menos até ser comprada.
— Você é gorda e meus clientes preferem as modelos — continuou ele — Nada contra, eu até acho vocês bem gostosas, é revigorante ter onde pegar. — Tive vontade de vomitar. — Venha até aqui — ordenou.
Caminhei hesitante, mas fiz o que ele mandou. Eu não daria munição para o ariano do Hitler me destruir.
Parei a um metro dele.
— Mais perto. — Engoli em seco e coloquei as minhas pernas para trabalhar.
Aquele vestido branco idiota, se agarrava aos meus seios feito um sanguessuga e eu tinha certeza que o cafetão mor estava pensando exatamente nisso.
Ele encheu as mãos na minha bunda e me puxou para o meio de suas pernas. Suas mãos passaram no vale entre os meus seios e depois os agarrou com força. O filho de uma puta fez sua exploração como se o tempo do mundo lhe pertencesse. Arrepiei-me de nojo por estar sendo tocada contra a minha vontade.
Mas o medo me engolfou de vez quando, de surpresa, ele enfiou uma mão entre as minhas pernas e apertou. Pulei no lugar e quase caí, mas sua outra mão já estava  firme outra vez  na minha bunda. O ar desapareceu dos meus pulmões quando ele colocou a minha calcinha para o lado e roçou o dedo ali. Mordi meu lábio inferior com força e gritei:
— Eu sou virgem!
O cafetão mor parou no mesmo instante e eu pude respirar.
— Virgem? — Franziu a testa e apertou o lábio, então deu uma risada baixa, ameaçadora, antes de agarrar os meus cabelos com força. — Está pensando que sou idiota, puta?
Puta?! Inferno de vida ser chamada dessa maneira e não poder gastar meu dicionário chulo com o desgraçado.
— É verdade — disse, com olhos de poodle, mas um pequeno pincher recebia sua entidade em mim e esperava a oportunidade para atacar. — Eu estava naquele hotel para o meu primeiro dia como prostituta e eu fui escolhida para um cliente especial, justamente por ser virgem, mas o idiota dormiu e nada aconteceu, então eu fui embora e foi quando os seus homens me pegaram.
Ele analisou a minha história por um minuto, então me soltou.
Sorte dele.
— Será vendida para os árabes, então. Eles amam as gordinhas e… — fez uma pausa, me analisando dos pés à cabeça — virgens.
Árabes? Estremeci por dentro e assenti por fora.
— Se estiver mentindo — voltou a falar —, vai ter o castigo merecido, pois os árabes não aceitam mentiras.
Ele parecia se divertir, especialmente quando seus olhos vazios foram para a minha garganta no instante em que engoli com dificuldade.
O cafetão mor, ariano do Hitler, apertou um botão embaixo da mesa e os dois grandões abriram a porta em menos de cinco segundos.
— Quero que ela esteja pronta para as próximas noites. É importante que nossos clientes a conheçam, mas não permita que a toquem além do necessário — disse ele aos grandões.
Além do necessário? Qual era o limite do necessário, afinal?
Tremi por dentro, mas minha base externa permanecia firme.
— É bom que saiba dançar — falou quando fixou seus olhos novamente em mim. — Irá aprender como as coisas funcionam por aqui, mas é no sábado que será a sua grande noite, e uma noite muito especial para os árabes. — Seu sorriso sombrio me fez pensar se não teria sido melhor se ele tivesse me fodido do jeito que queria e me esquecido.
Agora, me tornei a mercadoria favorita dos árabes.

Posto um capítulo bônus amanhã, estou terminando ele. Está sendo um capítulo difícil de escrever, eu escrevi, revisei, arrumei várias coisa, revisei e arrumei outra vez kkkkkkkk
Tudo para não ter furo algum🙂

Marquem para mim sempre que virem algo fora de contexto, please🫠

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