Capítulo 13

427 58 23
                                    


Segunda-feira no DHPP, Verônica chegara antes do seu horário habitual. Enquanto pegava café na máquina, notou Anita adentrando o departamento, com sua típica aura de superioridade, vestida com o uniforme policial, os lábios contornados por um batom vermelho e óculos escuros.

"Escrivã." - chamou Anita, com seu tom autoritário, fazendo Verônica virar-se com o copo de café na mão. "Na minha sala, agora." - ordenou.

"Sim, doutora delegada." - respondeu Verônica, dirigindo-se à sala de Anita, enquanto a delegada mal conseguia conter o riso que sempre surgia quando Verônica obedecia suas ordens.

"Sente-se, por favor." - pediu Anita, arrastando uma cadeira e tomando seu lugar. Verônica assim fez, mantendo-se em silêncio. "Bom, te chamei aqui para falar sobre o que aconteceu na madrugada de sábado para domingo."

Conhecendo o assunto, Verônica desfez sua postura e relaxou na cadeira, com os braços cruzados e pernas abertas, arqueando uma sobrancelha, aguardando que Anita continuasse.

Anita odiava aquela forma desleixada como Verônica se sentava.

"Queria deixar claro que, embora o que aconteceu tenha sido muito bom, não vai mais acontecer. Não crie expectativas." - começou Anita, e Verônica revirou os olhos, soltando ar pelo nariz. "O que foi?" - perguntou Anita, tentando entender a reação de Verônica.

"Você se acha mesmo a boceta de mel, né?" - questionou Verônica, mudando sua postura. "Acha que qualquer mulher que te coma, no dia seguinte vai querer casar com você." - falou séria. "Por que é que eu criaria expectativas quando me envolvo apenas casualmente com as pessoas? Se liga." - Verônica levantou-se e saiu da sala, batendo a porta irritada.

Como de costume, Anita separou uma pilha de processos e levou até a mesa de Verônica.

"Você não cansa de ser mesquinha, não?" - Verônica perguntou, e todo o departamento ouviu, deixando Anita de olhos arregalados. "Tudo isso é porque eu fui embora do seu apartamento sem te dar um beijo de bom dia ou uma bela fodida?" - perguntou, sussurrando no ouvido de Anita, enquanto olhares curiosos os acompanhavam.

"Torres, para minha sala agora." - respondeu Anita com um tom de voz firme e um semblante irritado.

"Nem pensar." - respondeu Verônica com um sorriso. "Estou cheia de coisas para resolver, doutora. E isso é uma delas." - acrescentou, referindo-se à pilha deixada minutos antes pela delegada.

Anita não revidou, apenas virou-se de costas para a escrivã e voltou para sua sala, onde todos no departamento ouviram o grito que ela deu.

Minutos depois, Carvana apareceu com um olhar curioso e preocupado.

"O que aconteceu?" - Carvana dirigiu a pergunta a Verônica, que apenas apontou com a cabeça para a sala de Anita.

Carvana caminhou até a sala, onde conversou com Anita.

"O que aconteceu?" - Carvana perguntou preocupado. "Ouvi seu grito da minha sala."

"O que aconteceu foi que sua afilhada querida decidiu me desafiar na frente de todo mundo hoje, foi isso que aconteceu." - respondeu Anita com raiva, deixando Carvana surpreso com a intensidade de sua irritação.

Ele se levantou e chamou Verônica da porta da sala da delegada. Em segundos, a escrivã estava parada de braços cruzados, esperando o sermão que estava por vir.

"Me explique o que aconteceu." - direcionou Carvana a Verônica, enquanto Anita aguardava com a sobrancelha arqueada e um semblante debochado.

"O que aconteceu, Carvana, é que estou trabalhando nos relatórios que você me pediu há semanas e Anita veio até mim com uma pilha de processos da época de Noé, querendo que eu digitalize tudo até o final da tarde." - explicou Verônica, com uma expressão de irritação evidente.

Consequências - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora