Epílogo

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ALGUM TEMPO DEPOIS...

REGGIO CALABRIA - BASILICA CATTEDRALE DI MARIA SANTISSIMA ASSUNTA IN CIELO.

BONNIE


Olhei meu reflexo uma última vez em um dos grandes vitrais coloridos das imensas janelas da grandiosa catedral. 

Tudo está perfeito. 

O meu cabelo está preso em um coque alto e exageradamente elaborado, meus vestido é longo cheio por renda francesa, ostentando o brilho e a riqueza em cada mínimo detalhe, detalhes que ninguém realmente dá a mínima. O vestido é branco como a neve, representando de forma poética a falsa virgem que sou. 

até os sapatos que estou usando foi criado a perfeição, mesmo que ninguém fosse olhar ara ele uma vez que o colossal vestido cobre o coitado completamente, pelo menos ele tem algum conforto, talvez fosse capaz de correr uma maratona inteira com essa droga de cristal e seda Mulberry... talvez conseguisse correr até a Rússia, voltar para casa era um desejo voraz.

obviamente não conseguiria sequer chegar até o fim da calçada antes que uma bala atravessasse minha cabeça e meu sangue manchasse toda aquela fortuna em forma de vestido. eles poderiam me obrigar a casar, me aprisionar para sempre em Nápoles, mas nunca seriam capazes de arrancar de mim as dezenas de cenários de uma fuga que rondam e irão rondar minha mente todos os dias até que minha morte chegue, ou a do meu tão desprezível noivo... O que vier primeiro.

Não pude deixar de suspirar exausta quando a cerimonialista, também escolhida pelos Parker, me entregou o buque idiota de rosas brancas.

A imagem no vitral era de uma verdadeira noiva, linda e pronta para entrar na igreja e entregar sua alma para seu amor que espera ansioso no altar. 

É a mentira que preciso contar, mesmo que todos os convidados saibam que esse casamento não passa de um simples contrato, um acordo para uma finalidade maior. mas fingir fazia parte daquilo, fingir estar radiante, fingir um sorriso de pura felicidade, fingir sentir algo além de asco por ele quando beija-lo no altar e selar para sempre meu destino como sua esposa.

Abrir mão dos meus homens, da minha posição para gerar crianças que sequer quero, tudo por que não existe um mundo onde mulheres possam liderar, onde possam escolher, aquele mundo era dominado por homens. Então era o que eu seria...

Uma esposa, apenas uma esposa.

Mesmo ensaiando por horas, eu não conseguia forçar meus lábios a se esticarem em um sorriso feliz. Os Parker teriam que engolir a infelicidade estampada em meu rosto, teriam que aceitar que me caso por puro dever e que se existisse uma única chance de me livrar disso, eu o faria sem pensar duas vezes.

Quando meu pai entrelaçou o braço ao meu me puxando para ficar diante a enorme porta de madeira antiga, meu estomago se revirou e acreditei de verdade que poderia vomitar em meu vestido de alta costura feito com toda a merda cintilante que o dinheiro Parker podia pagar. Eles haviam escolhido o vestido, a catedral, as flores, até meu maldito penteado havia sido escolhido por eles.

Meu pai não me olhou, nem por um segundo.

Encarava religiosamente a porta esperando o momento certo para agir e me levar arrastada para aquele altar se fosse necessário. Talvez ele sinta vergonha, talvez saiba o quão grande é a merda que esta prestes a fazer ao vender sua única filha e mais competente soldado para um napolitano sujo... 

 A ideia de correr como uma lunática dali me atraia mais a cada segundo que passava, mais do que eu gostaria de admitir, mas o vestido ridículo me atrapalharia com sua calda idiota e quilométrica, além de que meus homens iriam rir até sua sétima geração se eu fizesse algo do tipo, o que me levaria a ter que sacrificar cada um deles, e isso seria trágico.

UMA EM UM MILHÃO - 1/4On viuen les histories. Descobreix ara