Capítulo único

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O apartamento que eu divido com Potter não dá pra ser considerado pequeno, até poderia considerá-lo espaçoso, mas então me lembro que o baderneiro do Potter vive abaixo desse mesmo teto e de repente esse apartamento parece pequeno demais, porque não permite que eu fique tão distante dele quanto eu gostaria.

Uma sala confortável e espaçosa com uma porta de correr de vidro que levava a uma sacada, muito bonita e confortável, e com dois sofás macios, além de uma grande televisão. A cozinha era moderna e bem equipada, com uma ilha central separando a cozinha da sala, havia também um corredor com três portas, duas delas levando a dois grandes quartos amplos e a outra a um banheiro espaçoso e funcional para que nós dois pudéssemos utilizá-lo sem problemas.

Repito, o apartamento seria ótimo, se não houvesse a presença de Potter nele.

Quando meus pais, Lucius e Narcisa, me falaram que haviam decidido juntamente com os padrinhos de Potter, Sirius e Remus, que eles alugariam um apartamento para nós dois dividimos, eu quis, honestamente, matar os quatros.

Ok, a ideia fazia sentido, considerando que nós dois iríamos para a mesma cidade porque estudaríamos na mesma faculdade, mas todos sabiam que eu e Potter nunca nos demos bem. Então não deveria ser óbvio para todos que, por mais que fizesse sentido, ainda era uma péssima ideia?

Tentei convencer eles a desistirem dessa ideia - Potter até me apoiou, pela primeira vez na vida - mas não funcionou, apenas serviu para ouvirmos um sermão de meia hora sobre amadurecimento e sobre como deveríamos deixar implicâncias bestas da infância de lado.

Até mesmo Sirius concordou com eles, o que eu e Potter achamos um absurdo, já que isso nunca havia acontecido.

Os pais de Potter faleceram em um acidente de carro quando ele tinha pouco mais de um ano, desde então ele passou a morar com seus padrinhos, e como um de seus padrinhos é primo da minha mãe, nós fomos obrigados a ter muito contato durante a nossa infância.

Todos esperavam que nos tornássemos melhores amigos e que fugíssemos para festas de madrugada juntos na adolescência ou que nos encontrássemos para uma partida de basquete todo domingo à tarde, mas não foi bem isso que aconteceu.

Descobri que Potter era muito irritante assim que ele falou a sua primeira palavra, e desde então, eu não o suporto e ele não me suporta também.

Nas datas festivas, jantares ou almoços de família eu era obrigado a aturar ele, e achei que finalmente teria paz quando viesse para a faculdade, mas não tive essa sorte.

Durante as primeiras semanas que moramos juntos nós quase nos matamos, implicamos com cada passo que o outro dava, qualquer coisa era motivo para briga. Depois que a fase da raiva passou, nós começamos a aceitar que, é, não tínhamos escolha, teríamos que aturar um ao outro por um tempo indeterminado, então passamos apenas a ignorar a presença um do outro.

Falávamos apenas o necessário, passamos o máximo de tempo possível fora de casa e não conversávamos muito quando estávamos no apartamento, nem quando passávamos horas no mesmo cômodo. Era no mínimo estranho passar tanto tempo no mesmo lugar, com alguém que você conhece a muito tempo, em uma convivência tensa, pra dizer o mínimo.

Eu não achei que seria diferente naquela noite.

Era uma sexta feira a noite, o tempo já estava frio pois já estávamos no meio do outono. Eu havia ido com um carinha do meu curso a um pub depois da aula, ele estava a um tempo tentando me convencer a beber um drink com ele. E estava sendo péssimo!

Ele passou a noite falando sobre como eu lembrava o ex dele, desde aparência até personalidade. Sério mesmo que ele pensou que era assim que ia me conquistar?

Um Potter preocupadoWhere stories live. Discover now