01

260 25 8
                                    

Lisandra Miller

Hoje faz três meses que minha irmã foi embora de casa. Não consigo entender o porquê dela fazer isso, meus pais se mudaram e eu fiquei com a minha tia, sei onde Hilda está morando e o caminho da casa nova de meus pais é um pouco longe das ruas de boêmias. Minha mãe ficou muito abalada com a decisão de Hilda, o ex noivo de Hilda anda vindo aqui na casa de minha tia, me falando para fazer a cabeça de Hilda. Estão falando que Hilda está se prostituindo no bordel, mas sei que não é verdade.

Estou sozinha em casa e não me incomoda nem um pouco, minha tia quase não para em casa, até que eu gosto de ficar sozinha. Estou aguardando respostas de meus pais, escrevo para eles todos os dias e as vezes eu ligo para eles, apesar de tudo eles são meus pais.

Como eu explico que eu não vou me casar? Antes do meu pai ir embora ele tinha prometido minha mão a um homem assim que eu fizesse dezoito anos, não é possível que depois de tudo que aconteceu com a Hilda ele ainda quer casar comigo, só sei que eu não vou me casar

— LISANDRA! — gritou Dorinha entrando no meu quarto, estava tão concentrada no livro que nem escutei a porta principal sendo aberta — alerta de mais homens bonitos em belo horizonte — disse ela fazendo um gesto de abanar o rosto

— parece que nunca viu um homem, e eles nem são tudo isso — retruquei para ela revirando os olhos

— você está certa em não achar eles tudo isso, você vai casar!! — exclamou a mesma batendo palmas e pulando

— já disse que eu não vou me casar! — respondi em tom alto fazendo a mesma me olhar com os olhos arregalados

— seu pai já prometeu sua mão. Vai dar uma de Hilda e fugir? — questionou cruzando os braços

— estou quase assim, e o problema não é meu se meu pai prometeu algo que não irá cumprir — respondi

— se a sua tia descobre isso que você está falando — disse ela

— não irá acontecer absolutamente nada, e eu estou atrasada para o meu compromisso — menti

— que compromisso? — perguntou curiosa

— pergunta para minha tia, ela deve saber — respondi sarcástica pegando minha bolsa e saindo

Na verdade eu não tenho nenhum compromisso e não faço ideia para aonde eu vou, só disse aquilo para sair de lá. Todos me olham como se eu fosse um demônio, o maior pecado vivo, apenas por causa da minha semelhança com a Hilda, mas fazer o que? Somos irmãs e isso não vai mudar.

— táxi! — dei sinal para o carro parar, para poder entrar no veículo

— para onde iremos, senhora — perguntou o motorista gentilmente

— ruas de boêmias — respondi gentilmente para o motorista

Me veio uma ideia brilhante, irei fazer uma visita surpresa para Hilda, espero não chegar em um momento errado. O risco de eu chegar num péssimo momento é enorme, então vou passar na igreja, se confessar seria uma boa ideia

— poderia me levar até a igreja mais próxima antes de irmos para o maravilhoso hotel, se não for muito encômodo, é claro — perguntei ao motorista me inclinando para frente

— claro senhora, esse é o meu trabalho — respondeu sorrindo pelo retrovisor

Durante todo o percurso até a igreja, fui olhando belo horizonte pela janela, como pode um lugar tão bonito e existir pessoas tão mal amadas nele?

✞︎𝙎𝙄𝙉𝙉𝙀𝙍✞︎ - 𝘍𝘳𝘦𝘪 𝘔𝘢𝘭𝘵𝘩𝘶𝘴Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ