8. Hospital room.

212 20 12
                                    

Irene sentia sua boca seca e seu corpo formigar. A ideia de perdê-lo mais uma ver para a morte, era desesperador. Ele havia morrido a odiando uma vez e isso doía no mais profundo de sua alma. E ao imaginar que mais uma vez ele morrerá com ódio dela, fazia com que ela quisesse partir junto com ele.

Por diversas vezes se questionou como era possível amar alguém tanto assim e como mesmo dedicando sua vida a ele, Antônio ainda pode desconfiar da sinceridade de seus sentimentos quando eram casados. Ninguém nunca iria amá-lo como ela.

Quando ouviu Alex dizer que estava indo ao Hospital para verificar como estava sua condição de saúde, sentiu seu coração voltar a bater e sua respiração normalizar.

Ele estava vivo.

Prontamente o comunicou que iria com ele, pois estava desesperada para vê-lo de novo. Não conseguiria ter paz sem saber como ele estava e vê-lo com seus próprios olhos.

Ela não sabia se ele gostaria de vê-la depois da briga que tiveram. Irene sabia o quão rancoroso ele podia ser, mas nada importava para ela naquele momento. Durante grande parte de sua vida, cuidou para que ele continuasse tomando seus remédios de pressão rigorosamente e tentava acalmá-lo sempre que algo o deixava no limite. Mesmo quando estavam divorciados, nunca deixou de se preocupar com ele e naquele momento, não era diferente.

Permaneceu em silencio o caminho inteiro em direção ao Hospital, completamente perdida em suas memórias de momentos com ele. Seu relacionamento não era perfeito, mas foi a coisa mais real que ela já teve. Ela sempre demonstrou seu amor como forma de cuidado e pensar que talvez ele tenha infartado pelas coisas que disse a ele, fazia com que a culpa a consumisse por inteira.

Ela não suportaria perder mais alguém que amava por sua imprudência, já carregava um fardo que era pesado demais. Daniel, seu filho mais amado, havia sofrido um acidente que lhe custou a vida por sua imprudência e impulsividade. Havia perdido Petra por suas ações impensadas e nada racionais. Perder Antônio por palavras ditas na impulsividade, era um atestado de que não importa o quanto você tente fugir de seu verdadeiro eu, ele sempre volta.

Irene não sabia há quanto tempo ficou esperando naquele corredor branco com uma iluminação tão forte que fazia sua vista doer. Sua mente estava em um estado frenético ao qual ameaçava explodir a qualquer momento. Sabia que pensar demais não ajudaria, mas ela não conseguia evitar. Seus pensamentos só lhe deram uma trégua quando a bela mulher passou pelas portas com uma máscara branca cobrindo seu nariz e boca.

— Clarice, como ele está? – Disse Alex, preocupado. E pela primeira vez naquele dia, seu marido disse algo que ela realmente queria ouvir.

— A pressão arterial estava altíssima quando foi socorrido. Ele provavelmente não estava tomando os remédios da pressão e eu nem fazia ideia. Ele fez um cateterismo mais cedo, por sorte o vaso sanguíneo apenas estreitou e não ocluiu totalmente. Foi colocado um Stent para abrir a artéria e para que o fluxo sanguíneo voltasse ao normal, agora ele está se recuperando. A médica me explicou que ele precisa de repouso e não pode se estressar. Ela disse também que os vasos dele, por conta da pressão, estavam mais rígidos e que se ele não tomar os remédios e não controlar o estresse, pode ser que tenha outro. Os vasos podem romper ou se fecharem de vez. Ele está na UTI, precisa ser monitorizado e vai permanecer por enquanto. Obrigada por estarem aqui, o apoio de vocês significa muito. – Ela se sentou ao lado deles enquanto passava as mãos nervosamente pelo rosto. Suas lagrimas escorriam sem cerimonias por seu rosto e aquilo deixou Irene ainda mais nervosa.

Irene apenas pensava que precisava vê-lo, ela não sabia que desculpa inventaria para poder estar a sós com ele, mas precisava dar um jeito. Tinha coisas a dizer que não podia dizer na frente de mais ninguém.

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