Capítulo 12

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Passei o resto da segunda-feira com Louis, me sentindo frágil porém feliz, num torpor típico de dias de neve. Nós tínhamos conversado tanto na noite anterior que não havia sobrado muito para dizer, mas de alguma forma aquilo era bom. Louis passou a maior parte do tempo sentado no sofá lendo A canção de Aquiles, e eu passei a maior parte do tempo jogado em cima dele cochilando. Torci para que não continuasse tendo sentimentos por muito tempo, porque aquilo logo ia acabar ficando cansativo. Então, no meio da tarde e apesar do meu protesto, ele insistiu que saíssemos para caminhar, o que acabou sendo muito mais legal do que uma caminhada em Clerkenwell tinha o direito de ser.

Obviamente, tirar uma folga na segunda significava trabalho em dobro na terça. E, uma vez que a Corrida dos Besouros estava rolando ladeira abaixo como uma bolota de estrume sob as patas de um Scarabaeus viettei ㅡ nossa, eu já estava trabalhando na caca havia muito tempo ㅡ, eu tinha muita coisa a fazer quando cheguei no escritório.

Decidimos que o evento deveria incluir um leilão silencioso assim como aquele que nós fizemos (bem, eu fiz) na primeira edição alguns anos antes, e aquilo nos parecia uma boa ideia. Mas, no fim das contas, envolvia uma caralhada de trabalho porque é necessário ou um número pequeno de itens caros e muitas pessoas ricas, ou uma quantidade de itens de valor moderado e um número razoável de pessoas ricas, e era sempre difícil encontrar o equilíbrio perfeito.

Não ajudava em nada a insistência da dra. Fairclough em doar uma cópia autografada de sua monografia sobre a distribuição de besouros errantes no sul de Devon entre 1968 e 1977, o que aparentemente foi um período insano para os besouros errantes de Devonshire. E todo ano eu acabava comprando o negócio sob uma série de pseudônimos cada vez mais incomuns porque ninguém mais dava lances. A cópia mais recente tinha sido arrematada pela sra. A. Stark, da Estrada de Winterfell.

Quando eu estava prestes a fechar um cupom de desconto obsceno para uma cesta de presentes da Fortnum & Mason ㅡ que sempre fazia sucesso nos leilões embora não fosse o tipo de coisa difícil de arrematar ㅡ, Rhys Jones Bowen apareceu na porta com sua impecável falta de noção.

ㅡ Ocupado, Harry? ㅡ Perguntou ele.

ㅡ Sim, muito.

ㅡ Ah, não tem problema. Só preciso de um minutinho. ㅡ Ele se acomodou na cadeira com o ar de um homem que precisa de muito mais que um minutinho. ㅡ Vim repassar uma mensagem da Bronwyn. Ela pediu para te agradecer por ter sido fotografado em frente ao restaurante. Disse que gerou muitos comentários positivos, e ela está com as reservas lotadas até o fim da temporada. E quer se oferecer para cozinhar um jantar para você, mas não pode agora porque está muito ocupada.

Com aquele artiguinho de merda de Cam quase destruindo meu relacionamento com Louis, eu tinha dado um tempo dos meus alertas do Google.

ㅡ Sem problemas. Para ser sincero, eu nem estava sabendo.

ㅡ Acabou saindo um artigo adorável sobre como você estava rumando em direção a um estilo mais saudável e tentando dar um jeito na sua vida assim como seu pai. O repórter do jornal entrevistou a Brownyn, e ela disse que você não era nem de longe tão idiota quanto ela imaginava. Isso é bom, não é?

ㅡ Num mundo ideal, a cobertura da imprensa a meu respeito nunca envolveria a palavra "idiota" mas, sim. Isso é bom.

Fiquei na esperança de que Rhys Jones Bowen fosse embora, mas ele continuou ali coçando a barba.

ㅡ Sabe, Harry, eu estava pensando. Já que sou o que dá para chamar de guru das redes sociais, recentemente descobri um site chamado Instagram. E, ao que tudo indica, se você for um pouquinho famoso e um pouquinho irritante, dá para ganhar muito dinheiro fingindo gostar das coisas.

Boyfriend Material (Larry Stylinson)Where stories live. Discover now