Dizem que a vingança é um prato que se come frio. Mas Jimmy Scott, que sabia o que uma boa refeição podia fazer por um garoto, decidiu que o comeria quente, frio ou à moda.
Em pé, à margem da estrada estadual, segurando uma pedra redonda e lisa na palma da mão, ele se preparou para perpetrar um pequeno e delicioso atentado a um bem da cidade.
Leu a placa diante de si: Bem-vindo a Taebaek, província de Gangwon, Coreia do Sul. Sob a frase, uma nota em vermelho: Taebaek, A Primavera do Dragão. Não era muito como reivindicação para a fama, mas a província de Taebaek tinha aceitado o presente do Templo Manggyeongsa, como aceitaria qualquer coisa que pudesse trazer à cidade um pouco mais de desenvolvimento e dinheiro de impostos.
Dez anos antes, a cidade era conhecida pela fábrica de pneus. A mesma que havia sido comprada por Jeon Jungsoon que, a havia levado à falência e depois vendera o prédio. No processo, Jungsoon transformara Taebaek em motivo de riso, e sua derrocada fora fartamente discutida nos principais jornais.
Na ocasião, Jimmy deixou Taebaek com a expressa intenção de nunca mais retornar.Quem diria que ele acabaria voltando.
Havia mudado de idéia ao pensar na cidade para a locação do último filme de terror da companhia cinematográfica onde trabalhava. A produção teria um enredo pobre, um orçamento magro, e ele precisaria conseguir vários figurantes. Não era algo que pudesse concorrer ao Oscar, mas Jimmy pretendia usar a oportunidade para ser promovido. E, melhor do que tudo, após sofrer ali durante dez anos, tinha várias pessoas em mente para usar como vítimas...
Olhando para a placa, e com um intenso sentimento de vingança fervendo na cabeça, apertou a pedra na palma da mão. A sombra da placa encobria-lhe os sapatos da Prada enfiados na lama. Mesmo vestido dos pés à cabeça com roupas de grife, sentia-se outra vez o antigo Jimin.
Taebaek. Como tinha odiado aquele lugar!
Aos dezesseis anos de idade, e pesando quase cem quilos, era parte de uma categoria inaceitável para os padrões vigentes. Na verdade, parecia um pequeno sofá. Os colegas da escola o consideravam como um objeto de tortura e o usavam para fazer todo tipo de brincadeiras. Ou, pior, ignoravam-no por completo.
Contraindo a mandíbula, Jimmy tentou afastar as recordações. Não conseguiu. Os anos haviam passado, mas as lembranças ainda o feriam. Fora invisível, solitário e completamente incapaz de transformar seu mundo.
Com um longo e trêmulo suspiro, lembrou-se de que não era mais Park Jimin. Era Jimmy Scott, ao menos nos dias seguintes, até que seu divórcio fosse concluído.E não era mais um ser invisível. Ninguém poderia magoá-lo outra vez.
Atirou a pedra com toda a força, e esta bateu na letra "e" da palavra "Bem- vindo". A pedrada fora para as animadoras de torcida que se sentavam à mesa próxima à dele no refeitório. Elas riam de seu prato limpo e do copo de leite vazio. Tanto que no terceiro ano colegial, deixara de almoçar no refeitório e encontrara um canto na escada para comer seu lanche e tomar seu refrigerante.
Curvou-se, pegou outra pedra e a jogou. Atirou, então, uma terceira, uma quarta e uma quinta. Atirou tantas que perdeu a conta, e as marcas na placa se multiplicaram.
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Vingança Antípoda
FanfictionNo passado, Park Jimin mal podia esperar para ir embora da cidadezinha que o fizera se sentir sem valor e desprezado. Agora, oito anos depois, e totalmente mudado, ele volta a Taebaek a fim de procurar uma locação ideal para um filme. É a oportunida...