02 - O mais teimoso vence!

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✯ Ginny

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Ginny

Florine se divertia no parquinho junto das outras crianças enquanto eu estava sentada no banco lendo as notícias do dia.

Era uma deliciosa tarde de sol de um domingo e minha menininha se sujava no escorregador, manchando a calça bege de marrom de tanto rolar na terra e correr junto das outras crianças. Eu dei uma risada genuína ao vê-la tropeçar, cair, levantar e continuar correndo para não perder no pega-pega.

— Filha, trouxe pra você. — Minha mãe surgiu ao meu lado com um sorvete de casquinha e me ofereceu.

Ela se sentou ao meu lado com seu próprio sorvete de pistache e chocolate enquanto eu me deliciava com meu caramelo salgado.

— Ela tá tão grande! — Minha mãe suspirou. — Lembro de você quando era pequenininha. Era agitada igual ela.

— Como você aguentou? A Florine tem energia de três gatinhos filhotes.

— Você tinha a energia de quatro.

Nós duas rimos juntas e ela me deu um beijinho na bochecha.

Mamãe adora demonstrar amor através de toque físico e atos de serviço. Sempre foi assim, mas ela se tornou ainda mais grudentinha desde a morte do meu pai. Agora éramos só nós três, visto que as irmãs dela moram em outra cidade e elas só se veem de vez em quando.

— Olha aquele rapaz. Bonito! — Mamãe apontou para um homem que parecia acompanhar o filho pequeno no balanço.

Ela me cutucou e eu olhei brava para ela.

— Mãe!

— Deixa de besteira, menina. Você ainda é nova, é bonita! Pode se casar de novo!

— Eu tenho preocupações maiores do que um possível novo casamento.

Ela apenas suspirou em desaprovação, mas continuou sorrindo e dando indiretinhas para o pai solteiro que balançava o próprio filho.

Ele realmente era bonito, alto e com uma barba escura elegante. Era o tipo de homem que me atraía, mas eu andava tão cansada que até a ideia de sair para jantar com alguém me parecia amarga.

Meu celular vibrou e eu abri o display onde tive o desprazer de ler as palavras que uma certa carniça teve coragem de digitar.

Carniça (14:23): tô meio enrolado mas pago no próximo mês

A raiva corroeu minhas veias e eu quis gritar através do telefone até explodir os tímpanos dele.

Ginny (14:25): já que não faz questão de ver sua filha, ao menos deveria ter a decência de não querer vê-la morrendo de fome

— Menina, não passa raiva com essas coisas.

— Não tem como, mãe. Ele acha que a Florine é um enfeite. Não vem ver a menina, atrasa a pensão todo mês.

Glass HeartsWhere stories live. Discover now