Capítulo 45

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Suspiro.

-Você veio me matar?-Ela pergunta quebrando o silêncio.

Tiro um remédio do bolso.

-É para seu ouvido.-Falo.-Você mexe toda hora nele, deve está com dor.

Ela olha para o chão.

-Não?-Pergunto e então guardo o remédio.-Você é quem sabe. Eu fiquei responsável por você e não tem mais nada que eu faça. Já tentei conversar com você, fui calma demais até, mas você não colabora de nenhuma forma.

-Eu não te conheço.-Ela fala.

-E eu não te conheço.-Falo.-Você e seu grupo aparece, nos ataca, mata um dos nossos e agora mais dois dos nossos sumiram. As pessoas querem respostas, e eu tenho que dar a elas. Se eu não fizer isso, elas vão te matar. Já era para terem te matado, mas elas me escutem, pelo menos ainda. Só por favor colabora comigo, tá bom?

Ela não responde.

-Os cavalos de dois dos nossos foram encontrados, metade comidos.-Falo.-Sabe alguma coisa sobre isso?

-Como eu vou saber?-Ela pergunta.-Tô presa aqui.

Dou risada.

-Uau.-Falo.-Bom, mas o que sua mãe faria se encontrasse o nosso pessoal? Mataria eles?

-Mataria se precisasse.-Ela fala.

Ela então conta uma história de quando ela estava em um lugar com um pessoal, quando era mais nova. Entre eles, a mãe dela e o pai dela. Disse que uma vez um cara queria sair e acabou fazendo muito barulho e a mãe dela acabou o matando, e seu pai cantava para ela uma música com seu nome.

-Ele cantava isso para mim quando eu tinha medo.-Ela fala.-Eu tava sempre com medo naquela época.

-Só naquela época?-Pergunto e ela me olha.-Desculpa. Quantos anos tinha?

-Cinco...Seis... Eu não lembro.Ela fala.

-A sua mãe fez o que tinha que fazer.-Falo.

Ela não responde e passa a mão na orelha de novo, mas logo tira. Tiro novamente o remédio do bolso e jogo para ela e ela pega.

-Mas não precisa ser assim.-Falo.-Tem muita gente boa aqui. Vão te ajudar se você ajudar eles.

-Me dá um pouco de água?-Ela fala.

Ela vem para junto da grade. Pego a água com a concha e coloco um pouco dentro da cela.

-O que foi?-Ela pergunta.-Tá achando que vou te bater com isso aí?

Coloco mais a concha. Ela faz com que vai beber mas ela tenta pegar a chave em minha calça. Tentativa falha, fui mais rápida do que ela e seguro seu braço pelo lado de fora.
Puxo a manga da sua blusa e percebo seu braço marcado.
Ela cospe na minha cara e puxa o braço se afastando da grade e indo para o fundo da cela.
Antes que eu me estressasse e fizesse algo, saio dalí.

Eu voltaria lá mais tarde, quando esfriasse a cabeça, mas nesse momento eu iria ver outra pessoa.

-Oi.-Falo.

-Oi.-Rosita fala.

-Como você tá?-Pergunto.

-Indo.-Ela fala.

-Você tá bem com isso?-Pergunto.-Sabe, de ter um filho.

-Eu não sei.-Ela fala.-Eu não esperava isso, nunca. Mas aconteceu...

-Mas você quer isso?-Pergunto.

-Agora eu quero.-Ela fala.

-Que bom então.-Falo.-Ele ou ela vai ter muita sorte de ter uma mãe como você.

-O mesmo vale para você.-Ela fala e sorrimos.

Novamente o momento do silêncio e nesse momento nossos rostos se aproximavam.

-Eu...eu tô com o Gabriel agora e...-Ela fala sem graça.

-Claro, é, o Gabriel...-Falo.

-Sinto muito.-Ela fala.

-Não, para com isso.-Falo.-O Gabriel sabe?

-Ainda não.-Ela fala.

-Então você tá pesando em vocês dois criarem a criança lá em Alexandria?-Pergunto.

-Não sei ainda.-Ela fala.-Mas eu quero que ela fique perto de você também.

Sorrio ficando feliz em ouvir aquilo.
Conversamos mais um pouco e quando anoiteceu, peguei um galho e vou até Lydia.

-Sabe, alguns pais inventam qualquer desculpa só para dá uma surra nos filhos.-Falo.-Cintos são bons, mas tem alguns pais que não escolhem, usam o que tiver na mão.

Ela olhava assustada para o galho e eu arrancava as folhas uma por uma.

-Um galho de bétala funciona bem.-Falo me referindo ao galho que estava em minha mão.-Pelo visto seus pais eram desse tipo, menos quando cantava para você quando tinha medo. Esses pais gostam quando você tem medo. Essa é a única parte da história que não pareceu mentira. Você sabia exatamente o que era isso quando eu desci aqui e essas marcas no seu braço são de surra. Então se o seu pai morreu, quem fez isso com você?

-A minha mãe.-Ela fala.

-Onde ela tá?-Pergunto.

-Fique feliz por não saber.-Ela fala.

-Onde ela tá?-Pergunto.-Onde vocês estão? Por que tá protegendo ela? Tá mais segura aqui.

-Esses lugar não é real.-Ela fala.-O mundo mudou e vocês estão agindo como se tudo fosse voltar a ser como era. A minha mãe anda porque é isso que os mortos fazem. Esse mundo é deles e a gente tem que viver nele. E o que minha mãe faz, ela faz por um motivo.

Ela mostra o braço.

-A sua mãe te bate porque ela te ama?-Pergunto.-Conversa mole.

-Não, não é.-Ela fala.-Quando você fica mole, pessoas morrem.Você parece apanhar muito também, tem uma cicatriz grandona aí no seu olho.

Você parece apanhar muito também, tem uma cicatriz grandona aí no seu olho

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Essa era uma das minhas cicatrizes. Essa do olho já era um pouco antiga, nunca mais sairia provavelmente.

-Continue com suas histórias esfarrapadas.-Falo.

Ela continua a história do homem que a mãe dela matou. Eles iriam esperar que amanhecesse para tirar o corpo do cara dalí, e no meio da noite ela foi até o corpo, e então o cara se transformou em zumbi. Quando ela gritou, o pessoal acordaram e foram ajudá-la, e nisso, algumas pessoas alí foram mordidos.

Love in apocalipse•Maggie and S/nDonde viven las historias. Descúbrelo ahora