Capítulo 5

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Penélope Pelisone
Rancho Neverland, Santa Ynez
12 de junho de 1990, 21:21

   — Não acredito no quão péssima você é! — Michael fala entre risos, quase rolando no chão de tanto rir. Estamos aqui na sala de estar julgando roupas de celebridades, e estávamos falando mal de Madonna juntos. E claro, acabei soltando que sentia uma pequena invejinha dela. Como pode a maldita ser tão bonita e ainda ter tanto talento? Sinto uma mistura de amor e ódio — Ela é uma pessoa muito doce, mas definitivamente tem um parafuso a menos.

   — Quem é totalmente normal nesse mundo? Ninguém! — me recosto confortavelmente no sofá. Michael se deita completamente no chão ao lado do sofá onde estou. Já estamos aqui há horas, rindo e falando besteiras sobre celebridades e o mundo em geral.

   — Tem razão — ele suspira pesadamente — Mas, ela, Penélope, é realmente fora da curva! — ele volta a rir.

   — Então, você nunca teria nada com ela? Ou isso não te impede de nada? — pergunto. Ele se senta no chão e me encara pensativo.

   — Não, acho que não temos nada em comum. Não daríamos certo de forma alguma! — arqueio uma das sobrancelhas — Nenhuma mulher é boa o bastante para ser a minha namorada Penélope, só você! — ele abre um sorriso malicioso.

   — Você só quer me comer e depois fingir que não existo — brinco, fazendo uma careta enquanto ele parece surpreso.

   — Acha mesmo que sou um canalha? — Michael olha para o chão e logo após para mim — Eu sou um homem solteiro, trago mulheres para a minha casa porque gosto de boas companhias. Gosto de observar as pessoas! — responde com um tom doce e leve.

   — Talvez eu esteja sendo dura demais — sussurro — Mas, meu tipo de homem é mais discreto!

   — Do que você está falando, garota? Eu sou discreto! — Michael ri.

   — Nem você acredita nisso, Michael — digo entre risos.

   — Sinceramente Penélope, seja sincera! Vai me dizer que nunca passou pela sua cabeça "nossa, que vontade de dar uns beijos no Michael, aquele negão gostoso"?

   — Não! — digo morrendo de vergonha, porque, sim, já passou.

   — ADMITA! — ele fala escandalosamente e logo após começa a gargalhar — Você está mentindo para mim e para si mesma!

   — Ok, ok, você me pegou! — confesso, rindo — Mas, vamos parar com essa discussão antes que eu morra de vergonha! — Michael se levanta do chão e volta a se sentar ao meu lado no sofá, ainda rindo.

   — Amo esses momentos com você — Michael murmura enquanto se aconchega no sofá e traz sua mão até a minha e a segura. Não sinto borboletas no estômago. Não sinto vontade de correr. Não sinto medo.

   É a primeira vez que um homem chega perto de mim, e eu não sinto a necessidade de fugir por causa do medo intenso que surge sempre que sinto o toque de algum homem. Meu corpo tem repudiado qualquer tipo de contato masculino, mas, nesse momento, meu corpo quer Michael cada vez mais perto.

   — Eu confio muito em você, Michael, mas não a ponto de te dar uma noite comigo. Sou do tipo intensa que quando ama, ama de verdade e que não sabe ser morna. Não posso me dar o luxo de me afastar do meu objetivo agora e me entregar a algo que eu sei que não é certo. Michael, você parece ser movido pelo poder. O poder de ter qualquer uma que quer aos seus pés e, quando não consegue, fica incomodado e corre atrás como um cachorro faminto atrás de comida. Mas eu não sou um bife suculento, eu sou um animalzinho ferido e cheio de traumas. Não sou uma mulher difícil; o que você vê todos os dias não é eu tendo personalidade forte, é eu me protegendo e protegendo algo muito maior e valioso que a mim mesma — levo as duas mãos até a minha barriga. Michael desce seu olhar até a minha mão, enche seus olhos de lágrimas e me olha incrédulo — Estou grávida, são sete meses aguentando noites frias e sombrias. Não posso dizer que estou totalmente sozinha porque Dayse foi a luz que eu tanto precisava e quando eu precisava. Mas, às vezes me sinto sim.

Baby Be MineOnde histórias criam vida. Descubra agora