𝖒𝖔𝖔𝖓𝖑𝖎𝖌𝖍𝖙 {𝖕𝖗𝖔𝖋𝖊𝖘𝖘𝖔𝖗 𝖙𝖔𝖒 𝖗𝖎𝖉𝖉𝖑𝖊}

𝖝

Aviso - Conteúdo desencadeador à frente.

Desde que Avani era pequena, as pessoas lhe diziam que ela tinha um temperamento forte. Que havia um fogo de inquietação e curiosidade em sua alma que um dia a queimaria.

Avani nunca foi de ficar quieta. Suas opiniões e pensamentos estavam sempre à mostra para as pessoas ouvirem. Essa não era uma boa qualidade, e ela sabia disso.

Alguns a confortavam dizendo que ela estava sendo verdadeira consigo mesma. Mas de que adiantava ser verdadeira se seu corpo estava se transformando em cinzas e fumaça, o sangue escorrendo como cera derretida, deixando para trás um cheiro pútrido que não cheirava a originalidade, mas a ingenuidade?

Tom era o seu anverso. Tudo o que escorria de sua língua de serpente era medido, manchado com melaço e envolto em fios de charme. Mas por quanto tempo a estrutura se manteria? As cordas se romperiam e o melaço escorreria, revelando ao mundo sua odiosa bifurcação. Ele começaria a picá-los com seu veneno, então? Quanto tempo isso duraria antes de quebrarem suas presas?

Não importa o quão poderoso o engano possa parecer, não importa o quão apreciado seja o desempenho do ator, ele se romperia se as cortinas do teatro não fossem fechadas logo. E quando isso acontecesse, ele arranharia os tecidos carmim para que caíssem. Quando sua máscara de porcelana perfeita caísse, quebrando-se em pedaços e revelando seu rosto feio, ele gritaria e clamaria em voz alta por misericórdia, implorando para ser escondido dos olhos ardentes que o observavam. Implorando para ser atenuado.

Seria uma peça fantástica.

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Avani se olhou no espelho, escovando os cabelos enquanto seus olhos embaçados se demoravam em seu reflexo. Ela estava inquieta e curiosa. Tom estava tão obstinado com a detenção de Mathias. Seria apenas sua mente cética ou algo realmente não estava certo?

Se ela fosse até o escritório de Tom agora, seria porque estava sendo muito intrometida? Ela arrastou a escova pelos cabelos escuros, estremecendo quando um nó puxou seu couro cabeludo.

Avani suspirou, colocando a escova sobre a penteadeira e caindo na cama. Mas então ela se sentou novamente. Desde quando ela começou a deixar que o excesso de pensamentos a impedisse de fazer o que queria?

— Vou sair, Circe — disse Avani enquanto calçava seus chinelos silenciosos.

— Onde você está indo?

— Não se preocupe, amor. Estarei de volta antes que você perceba.

Circe sorriu. — Não seja pega por um monitor. Você já está a ponto de ser expulsa. E eu nunca me perdoaria se isso acontecesse.

Avani revirou os olhos diante do dramatismo da amiga. — Eu vou ficar bem, não se preocupe.

Avani saiu de seu quarto, caminhando até o escritório de Tom.