Você já se imaginou casada com alguém que você nunca suportou na vida?
Pitel também nunca havia imaginado isso, muito pelo contrário, era pra ter sido apenas mais uma manhã normal, Pitel acordaria, tomaria seu café com sua família, depois iria para...
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Sabe aquela sensação de estar dormindo e sentir tudo que acontece ao seu redor?
É assim que estou me sentindo.
Ouço vozes e sinto meu corpo se mover, como se estivesse saltando. Isso é efeito de alguma droga? Abro os olhos assustada, a possibilidade de eu estar drogada era alta já que minha vida deu um plot twist sinistro.
- Mamãe!
Escuto um gritinho e logo em seguida algo cai em cima de mim. Conheço essa voz, e conheço esse cheiro de bebê. Antes odiava que me acordassem, ainda mais assim, gritando e pulando em mim. Porém agora estou sorrindo, mas também, é ele, o pequeno ser encantador que me enche de alegria sem nem se esforçar. Não sei explicar mas, parece que a cada novo dia um sentimento maior por ele cresce dentro de mim, eu o amo, sei que sim, eu sinto isso. Isabelle disse que é meu instinto materno, mesmo eu não lembrando das coisas ainda assim o reconheço como filho.
Talvez seja verdade.
- Bom dia para você também, Celo.
Finalmente abro os olhos por completo e olho para baixo, ele está com o queixo apoiado em minha bariga e seus joelhos estão ao lado do meu quadril. Ele sorri ao me ver acordada e se arrasta para cima, até que sua cabeça esteja em meu colo.
- Bom dia, Mamãe.
- Celo! Vem aqui. - Fernanda parece irritada, o corpo de Marcelo enrijece sobre mim e segundos depois a porta é aberta bruscamente. É, ela parece mesmo irritada a julgar pela cara fechada e o rosto vermelho. Por que você saiu correndo, mocinho? Eu te disse que não era para você acordar sua mãe.
Ela o repreende e ele esconde o rostinho na curva entre meu ombro e pescoço, sinto dó por ele, Fernanda parece assustadora falando assim. Acaricio as costas do pequeno e beijo seus cabelos.
-Mas hoje é dia de dançar na chuva.
Ele fala abafado pois sua boca está pressionada em meu pescoço, olho curiosa para Fernanda, ela passa as mãos no rosto e nega com a cabeça.
- Dia do que?
Pergunto confusa, seria isso um tipo de código ou programa em família?
- Dia de dançar na chuva. - Fernanda responde e vem em minha direção e de Marcelo, ela o segura pela cintura e o puxa para cima, ele tenta em vão se segurar em mim. Penso em pega-lo e deixa-lo aqui, porém ele está rindo, parece estar gostando disso. Fernanda o segura contra seu corpo e olho para ele, só então noto que ele está vestindo apenas uma cueca de algum desenho animado. - Você, senhorzinho, vai tomar seu banho, e depois nós vamos conversar sobre você me desobedecer.
- Não precisa brigar com ele também, ele é só uma criança.
Falo sem pensar e Fernanda me lança um olhar que faz com que eu deseje sumir dali naquele momento. Ela sustenta esse olhar sério durante alguns segundos e sem dizer nada apenas coloca Marcelo no chão, o pequeno acena para mim e depois sai correndo do quarto.
