Capítulo 8

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OLÍVIA

─ ELE TE OFERECEU UM EMPREGO?

Lena soa como se isso fosse uma coisa de outro mundo. Então, ri. Não uma risadinha. Ela ri tanto que chega a se curvar, com a mão na barriga.

Franzo o cenho em resposta.

─ E eu aqui achando que o auge dos meus encontros fosse o queijo. Não que esteja reclamando, adoro queijo. Se for de graça então, melhor ainda...

Ela se refere ao queijo de um quilo que ganhou de seu encontro ontem à noite, com o filho do senhor Eriberto, dono da barraca de queijos e derivados da feira livre que tem na rua de baixo todas às quintas de manhã.

─... Aliás, muito melhor do que aquele idiota, que me roubou ─ ela continua, meio indignada, meio divertida. ─ Juro, Olívia, eu sou muito azarada mesmo. Só queria um boy que quisesse meu priquito, não meu saco de arroz.

Chupo os lábios entre os dentes, tentando não rir.

Não importa quantas vezes ouça, ainda me choca saber que seu último encontro, antes que viesse morar com ela, tinha surrupiado um pacote de arroz de seu armário na manhã seguinte.

─ É bom saber que não estou só no quesito encontros inusitados.

─ Não foi um encontro ─ refuto, prontamente.

Lena faz uma pausa, com a faca no queijo, e ergue a sobrancelha.

Uhum. Continue dizendo isso a si mesma até se convencer.

─ Não foi ─ nego emburrada, me sentindo ridícula.

─ Então .

Ela me serve um pedaço generoso de queijo, e eu agarro o prato enfiando um bom pedaço na boca. Mastigando com um pouco de raiva.

Lena se serve, e enche sua xicara de café.

E depois, puxa seu celular.

─ Como disse mesmo que ele se chama?

─ Eduardo Senna.

Enquanto falo, seus dedos voam.

Espero com impaciência, e quando ela finalmente esboça uma reação, eu quase salto através da mesa para pegar seu celular e ver o que ela achou.

─ Nossa, ele é um gostoso!

─ Ele é casado ─ assinalo, não sei bem o porquê.

Não pode ser ciúmes. É simplesmente ridículo. Esse estranho por mais que seja encantador, não é nada para mim. Ainda assim...

Empurro meus pensamentos desordenados.

Recuso-me a deixar que esse homem me afete de tal modo.

─ Não seja por isso. Ele continua sendo um grande gostoso casado. Essa mulher dele deve ser uma louca para fugir de um homem desses.

Ela dá de ombros, e continua como se eu não tivesse dito nada.

─ Aqui diz que ele é sócio e fundador da SV Empreendimentos. ─ Ela me mostra a tela, nela aparece Eduardo e outro homem. ─ É ele, né?

Confirmo com um aceno.

Ela fuça mais.

─ Cacete!

─ O quê?

─ Essa família dele é podre de rica.

Não me surpreendo.

LEMBRE DE MIMWhere stories live. Discover now