Capítulo 2: Noite de sangue

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Chloe, mais uma vez, acordou no meio da noite, mas dessa vez não foi por barulhos no corredor, mas devido à sensação intensa de sede. Sua boca estava seca, e seu corpo clamava por sangue. Ela sabia que não podia ignorar a necessidade de se alimentar por muito tempo, não seria prudente fazer isso.
Com cuidado para não acordar Sofia, a garota saiu silenciosamente do quarto e se aventurou pelos corredores escuros. A lua cheia lançava uma luz prateada através das janelas, iluminando seu caminho enquanto buscava por alguém para saciar sua sede.
A jovem  estava determinada a encontrar um pouco de sangue para satisfazer sua necessidade. Ela sabia que isso era arriscado, mas também era parte de sua natureza.
Enquanto percorria os corredores, avistou um estudante solitário, parado perto de uma das janelas. Ele parecia distraído e absorto em seus próprios pensamentos. Ela se aproximou com cautela e, com uma voz suave e hipnotizante, sussurrou.
— Você estaria disposto a me fazer um pequeno favor? — Ela olhou para ele com um sorriso esperançoso, aguardando sua resposta.
O estudante pareceu subitamente hipnotizado por sua presença. Ele assentiu, incapaz de resistir à aura de Chloe. Ela o guiou para um local mais discreto e, com destreza, fez um pequeno corte em seu pulso, permitindo que algumas gotas de sangue escorressem.
Ela se alimentou com moderação, sem prejudicar o garoto, não satisfez completamente sua sede, mas ela esperaria até de manhã . Após se alimentar, usou suas habilidades para garantir que na manhã seguinte ele se lembraria apenas de um encontro agradável com uma estranha.
Chloe então decidiu ir ao quarto pegar um casaco, pois precisava clarear sua mente,  a sensação de culpa  já pesava em seu coração. Ela sabia que se alimentar de outro estudante era uma violação grave de uma das regras da academia. A preocupação de ser pega e punida a atormentava, então prometeu a si mesma, não fazer isso com pessoas do instituto.
Do lado de fora, a noite estava quieta, então a vampira decidiu dar um passeio nos arredores da academia para acalmar sua mente inquieta. À medida que caminhava pelos terrenos, suas habilidades sobrenaturais se manifestavam plenamente. Ela podia ouvir os ruídos mais sutis e enxergar como se fosse dia.
Enquanto entrava mais fundo na floresta que cercava a instituição, ela  ouviu vozes distantes. Sua audição aguçada captou as conversas de três pessoas que estavam mais adiante.
Ela se escondeu atrás das árvores, observando cautelosamente. Então viu o que parecia ser dois homens e uma mulher conversando em voz baixa, como se estivessem tramando algo. A conversa a deixou apreensiva.
— Os Imundos estão escondidos em algum lugar lá dentro. Temos que encontra e eliminá-los! — disse um dos homens, com um tom determinado.
A mulher assentiu com seriedade.
— Eu ouvi falar de várias criaturas sobrenaturais. Temos de fazer o que for necessário para proteger os humanos. — Após sua declaração, ela começou a montar um plano meticuloso para investigar e neutralizar qualquer ameaça sobrenatural que pudesse surgir.
Chloe estava chocada. Ela não esperava encontrar caçadores  ali, no terreno da academia. E sabia que isso era perigoso, não apenas para ela mas também para todos os outros estudantes.
Enquanto estava escondida nas sombras da floresta, ela cometeu um erro crucial. Sem perceber, pisou em um galho seco, fazendo um estalo audível. Os caçadores imediatamente viraram suas cabeças em direção ao som.
Os olhos da loira se arregalaram de surpresa e medo quando os viu se aproximando. Sem hesitar, ela se afastou silenciosamente, se escondendo entre árvores e arbustos. A adrenalina pulsava em suas veias, e ela sabia que precisava se esconder e evitar a detecção a todo custo.
Os caçadores, no entanto, não desistiram. Com lanternas em mãos, eles vasculharam a área, iluminando a floresta enquanto seguiam a trilha que Chloe havia deixado . Ela sentia o coração batendo com força, enquanto tentava manter-se escondida nas sombras. Quando os caçadores estavam próximos, ela percebeu sua chance e se lançou sobre um deles com velocidade sobrenatural, pegando-o de surpresa. Com presas afiadas e olhos famintos, ela atacou com fúria.
Um deles tentou se defender, mas foi subjugado pela força e velocidade da vampira, fazendo-o ficar no chão por um tempo com o que parecia ter machucado as costas com o impacto.
Com as presas afiadas e olhos famintos, a vampira avançou com fúria sobre o segundo homem que conseguiu se afastar abruptamente . Seu corpo era uma sinfonia de movimentos  ágil como uma sombra na noite. Envolta a um manto de escuridão, ela se aproximou do homem em uma velocidade sobre humanas. Antes que ele pudesse reagir completamente a vampira lançou sobre ele agarrando seu pescoço com força, impedindo qualquer tentativa de resistência. O homem lutou, seus músculos retesados em uma tentativa desesperada de se libertar do aperto implacável da vampira, mas era em vão.
Com um movimento fluido a jovem se posicionou sobre o pescoço do homem, seus lábios entreabertos revelando suas presas afiadas como facas. Ela não hesitou, mergulhando-as na pele vulnerável do homem com uma precisão assustadora. Um grito rasgou o ar noturno enquanto a dor lancinante se espalhava pelo corpo do caçador.
A vampira alimentava vorazmente segurando o sangue quente que jorrava do pescoço do homem. Cada gota era como um néctar para ela, saciando  sua sede e fortalecendo seu poder.
Enquanto Chloe sentia o saboroso gosto do sangue do caçador, a caçadora agarrou uma adaga que estava escondida em sua bota fazendo um movimento circular com o objeto. A vampira ainda envolta no êxtase sanguíneo avançou em direção a mulher , no entanto antes que ela pudesse alcançá-la, a outra desferiu um golpe preciso mirando diretamente na mã estendida da jovem . A adaga penetrou profundamente em sua pele pálida, arrancando um grito de dor agudo de seus lábios.
Surpreendida pela resistência, a vampira recuou, segurando sua mão ferida enquanto seus olhos vermelhos brilhavam de fúria.
No entanto, a vampira não desistiria facilmente. Com um ruído de  raiva, ela arrancou a adaga de sua mão, ignorando a dor que pulsava em sua ferida. Aos poucos sua pele ia se regenerando fazendo com o que estava aberto se fechasse completamente enquanto ela se virava para enfrentar a mulher.
A caçadora ficou assustada com a cena que acabara de presenciar, então  rapidamente se virou para seu amigo que jazia no chão, enquanto ele procurava o dardo da sombra. Com movimentos rápidos e precisos ele vasculhou o chão, seus dedos ágeis tateando cada centímetro da terra. Seu coração batia forte em seu peito, impulsionando-o a encontrar a arma que poderia significar a diferença entre a vida e a morte para ele e sua companheira.
Finalmente, após uma busca angustiante os dedos do homem encontraram o dardo frio e metálico, com um suspiro de alívio ele agarrou-o com firmeza, sem hesitar o caçador levantou a mão e entregou o objeto para sua  companheira.
Com um gesto rápido, ela disparou o dardo lançando-o na direção da vampira. Com agilidade a jovem conseguiu se desviar caindo ao lado do homem no chão, a loira se levantou rapidamente, mas antes que pudesse reagir o homem levou a mão na cintura, agarrando uma arma, com mãos trêmulas ele apontou na direção da vampira e pressionou seus dedos no gatilho fazendo-a disparar em direção a garota. O som ensurdecedor do disparo ecoou na floresta enquanto a bala rasgava o ar.
No entanto, a vampira se desviou, e a bala acertou seu joelho esquerdo, fazendo-a cambalear para o lado enquanto sua extremidade enfraquecida não aguentava seu próprio peso.
Enquanto a loira vacilava o homem se levantou, recolheu um dardo e foi em direção de Chloe rumo ao seu peito.
— VOCÊ VAI PAGAR POR TUDO O QUE FIZERAM COM O MEU SOBRINHO! — ele ergueu a jovem pelo ombro, sua expressão refletia uma mistura de raiva, desejo e vingança.
Segurando firme o dardo envenenado em sua mão trêmula, ele mirou em direção do peito da jovem, preparando para infligir o mesmo sofrimento que havia sido infligido ao seu sobrinho.
Antes que pudesse completar seu movimento, um estranho encapuzado emergiu das sombras, com um gesto rápido e poderoso ele jogou o homem para longe da garota, interrompendo seu ataque com uma força que parecia sobrenatural.
O homem caiu com um baque surdo, seus músculos retorceram em agonia enquanto ele tentava se recuperar do golpe inesperado. Em seguida, o sujeito encapuzado avançou como uma figura sinistra envolta em sombras enquanto se aproximava do caçador caído. Com um movimento rápido ele estendeu suas mãos fazendo-as unhas se alongarem, com um único golpe certeiro ele cravou as unhas no peito do homem arrancando seu coração.
O homem caiu ao chão jorrando sangue pelo buraco de seu peito, tingindo o solo escuro com uma sombra vermelha que ecoava a tragédia da vida que se esvai.
Com um último suspiro o dissimulado passou a mão sobre o caído e fez-o desaparecer como areia. Seu capuz  permaneceu em seu rosto, apenas virado diante da cena de destruição que ele havia causado.
A mulher saiu correndo em desespero com a cena que viu, seus pés batiam no chão com urgência que refletia a intensidade de sua angústia, e sumiu pela floresta escura deixando apenas seus rastros para trás.
— Quem é você, deixe me ver seu rosto — disse a jovem enquanto regenera seu joelho
O sujeito se aproximou da garota com a cabeça baixa e passou a mão sobre o ar em direção à jovem, fazendo-a se regenerar mais rápido do ataque, e fazendo a bala sair de seu joelho. Sobraram apenas sangue pela roupa da vampira
Sem olhar para trás o sujeito desapareceu com um piscar de olhos  nas sombras da floresta
Com o encapuzado desaparecido nas sombras, Chloe se viu sozinha na escuridão. Seu coração ainda martelava em seu peito, seus membros tremiam de exaustão e choque, enquanto sua mente girava em um turbilhão de pensamentos e emoções conflitantes.
As vestes da garota estavam manchadas de sangue, uma lembrança sombria do confronto violento que havia ocorrido momentos antes. Cada gota vermelha que adornava seu corpo era uma cicatriz visível de sua provação
Mas Chloe sabia que a batalha estava longe de terminar.
Havia morrido dois caçadores, mas ela tinha deixado uma escapar, a mulher era uma testemunha viva que poderia alertar outros de sua presença. E ela também não podia deixar de se perguntar quem era aquele homem que a ajudou.
Ofegante e coberta de sangue, Chloe sabia que teria que tomar medidas para proteger a si mesma e aos outros estudantes da academia.

O legado do inferno Where stories live. Discover now