Capítulo 2

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Eu estava recebendo hoje o diploma de medicina que cursei em Melbourne, na Austrália. Escolhi este destino para ter um pouco de liberdade. Mas, tudo que não tive foi isso. Meu pai me mandou uma foto minha em um pub na primeira festa dos calouros que fui convidado. Ele estava me monitorando. Eu tive sorte que não tinha feito nada de errado.

Então me retrai e não ia a lugar nenhum, por medo de ser vigiado. Eu olhava por sobre o ombro o tempo todo. Mesmo tendo aprendido a lição da pior forma possível. Meu passado era doloroso demais.

Foram seis anos intensos de faculdade e voltava ao Brasil somente nas festas de final de ano e alguns casos que a minha presença era obrigatória. O restante eu me dedicava 100 por cento do meu tempo nos estudos. Eu não podia ser o que eu desejava, mas poderia ser um excelente profissional e iria me especializar em cirurgias.

Seria mais quatro anos até obter minha especialização, mas meu pai me obrigou a voltar antes, e fazer a especialização no Brasil. Minha própria família não veio à entrega do meu diploma, mas fariam uma festa para a minha chegada, como se fossem a porra dos pais do ano.

Minha última noite nas terras australianas e me despediria com poucas lembranças, mas a maior delas seria da minha primeira e única experiência com um homem. Sim, eu consegui burla a vigilância do meu pai, foi algo inesperado, mas que só me fez ter a certeza do que eu realmente gostava.

Carson era da minha turma de Anatomia avançada e se tornou meu parceiro em um trabalho valendo trinta por cento da nota, então precisei passar algumas tardes com ele para fechar a apresentação. Não tínhamos nada em comum, ele era brincalhão e alto-astral, eu era retraído e até considerado esnobe pelos outros alunos da turma. Ele não tinha um tipo de beleza que marcasse uma pessoa, mas seu carisma conquistava muitos corações no Campos. Cheguei a presenciá-lo com várias garotas durante esse tempo.

Como já tinha descoberto o meu "segurança", fazia questão de estar perto dele o tempo todo, se eu não aproveitava meu tempo, ele tão pouco o faria. E foi em uma das poucas vezes sem a minha sombra que aceitei o convite do meu parceiro para ir a seu apartamento e terminarmos o trabalho por lá.

Não vi motivos para negar, ficamos um bom tempo repassando todas as partes do trabalho, eu era um perfeccionista, e ele riu da minha cara por isso, mas entre uma brincadeira e outra nossa interação mudou e antes que eu pudesse imaginar me vi prensado no sofá com sua boca na minha. Tentei recuar, mas eu já estava acesso. Eu sou um homem de 23 anos virgem, meu corpo foi meu traidor, e estava em ebulição.

***

Encostei a cabeça na poltrona, estava no meu segundo voo com escala em Beirute, quando uma jovem se sentou ao meu lado e me cumprimentou. Ela aparentava ter a mesma idade que eu, e tinha uma conversa agradável. Rapidamente entramos em diversos assuntos sobre o motivo das nossas viagens que no meu caso era retornando para casa após a faculdade e ela a passeio, foi um presente do seu pai de formatura, ela tinha terminado o curso de psicologia.

Camille morava em Porto Alegre e tinha um irmão assim como eu, falamos sobre as nossas expectativas e ainda contei sobre minha especialização, mas foi falar meu sobrenome que seus olhos brilharam, afinal minha família era bem influente. Ela foi bem insinuante em querer uma oportunidade no hospital Italian.

Não me vanglorio do que faria a seguir, mas passei a paquerá-la mesmo meu estômago embrulhando no processo. Ainda a convidei para passar uns dias na minha casa e ficar para a festa que estava sendo organizada para a minha chegada. Ela aceitou imediatamente.

Seis meses depois Camille tinha uma aliança no dedo e eu estava com a corda no pescoço para me enforcar. Meu avô me presenteou com um apartamento e a vaga no hospital para a minha residência e minha futura esposa também já estava trabalhando por lá.

Reencontrei com meu primo Lui, mas nossa relação era muito arranhada para manter uma conversação adequada. E ficou pior, quando ele assumiu seu namoro com o Benício, nosso colega de escola. Deus, eu tinha uma puta inveja dele por isso. Seus pais e sogros deram para o casal o total apoio. Para mim sobrava somente o fundo do armário.

A muito tempo meu pai não encostava um dedo em mim, mas naquela noite levei um soco dele para fazer claro a sua posição de carrasco. E me deu somente mais seis meses para fazer da minha noiva a próxima senhora Gregorinni.

Camille ficou eufórica com o meu anúncio e meus pais não pouparam nos gastos para essa festa. A lista de convidados era imensa e eu só me lembrava que na nossa primeira transa, eu mal conseguia sustentar uma ereção completa. Foi com a lembrança do Carson me fodendo que consegui gozar. Eu era uma farsa e estava me afundando ainda mais.

Contrariando as vontades dos meus pais, convidei meus tios, Lui e seu namorado para o meu casamento. Novamente meu pai me deu um soco, roubando meu ar. Mas, o convite continuou de pé. E eles foram. Não conseguia prestar atenção a nada ao meu redor, somente fiz tudo no piloto automático. Até meu sorriso era mecânico.

Na festa, bebi tudo para suportar a noite de núpcias que viria pela frente, mas tive um embate com meu primo e acabei o magoando, o chamando por nomes depreciativos por sua relação homoafetiva. Tio Caleb, pai do Lui que conteve o Benício de me bater no meio da minha festa, mas o meu primo fez o pior, apontou o dedo na minha cara e disse que tinha vergonha de um dia ter sido meu amigo.

Não satisfeito ele deu um beijo escandaloso no namorado na frente daquele monte de repórteres cobrindo o evento e ele foi a matéria das revistas durante toda a semana. Abafando meu casamento e deixando minha agora esposa, louca da vida. Afinal, não era todo dia que um herdeiro de família abastarda se assumia. Nem preciso dizer o que meu pai fez antes do final da festa, em uma sala reservada para os noivos.



Segundo capítulo da história do Leon.


Meu castelo de cartas - Spin-off de Má conduta( Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora