Porta retratos

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Pov' Brunna

Eu pensei... Eu pensei que hoje acordaria com sua mensagem dizendo que havia terminado o seu namoro e agora estava me esperando. Mas acordei com o irritante toque o meu celular, um médico do hospital me ligando, avisando que o seu paciente havia precisando de uma cirurgia de última hora e que precisava de mim para dar início. Acho que nunca me arrumei tão rápido em toda a minha vida. Vesti a primeira peça de roupa que encontrei pela frente e saí de casa, sem ao menos tomar um café, ou dar bom dia para minha família que estava na sala, vendo o jornal da manhã.

Cheguei no hospital os os cabelos levemente desajeitados, devido a rapidez para retirar meu capacete, e a minha brutalidade para correr em direção ao centro cirúrgico. Esterilizei todos os equipamentos que iríamos usar e vesti a roupa adequada para esse tipo de cirurgia cardíaca. O paciente já estava sedado e sobre a mesa de cirurgia. Com a ajuda da enfermeira, coloquei o par de luvas e me posicionei ao lado do Doutor Lucas. Deixei com que ele fizesse os primeiros passos da cirurgia e só quando o quadro estava estabilizado, comecei a fazer minha parte. Esse paciente já estava com a cirurgia marcada pra retirada de gordura do coração, há quase dois meses á frente, mas devido ao seu mal estar, o doutor preferiu adiar.

Durante os procedimentos tivemos diversas instabilidades. A pressão arterial caiu, enquanto o oxigênio do cérebro subia. Mas conseguimos manter o bem estar e finalizar a cirurgia. Finalizar a cirurgia apenas sete horas depois do seu início. E foram as sete horas mais cansativas de toda a minha experiência. Assim que deixei a sala de cirurgia, retirei com cuidado as luvas e descartei no lixo apropriado. Minhas mãos estavam molhadas, devido ao suor, pelo tempo que fiquei com o plástico na mão. A touca já começava a rasgar e meus cabelos estavam grudados na testa.

Só depois de entrar no primeiro banheiro vago do corredor, tive oportunidade de me olhar no espelho, e o susto foi bem maior do que eu já estava esperando. Minha boca estava inchada, devido ao nervosismo e a quantidade de vezes que eu a mordi, enquanto fazia força para fazer algum corte no paciente. Debaixo dos meus olhos, duas olheiras enormes, estavam a mostra. E tudo que eu tive vontade de fazer, era me enfiar no primeiro buraco que encontrar pela frente. Mas isso infelizmente não irá acontecer.

Meu corpo já demonstrava o cansaço das horas sem se alimentar e se hidratar, então me apressei para ir até o escritório e pegar minhas coisas que havia deixado antes de entrar no centro cirúrgico. Sem pensar duas vezes, deixei o hospital, sem olhar para os lados, para não ter a consciência pesada, por ver pacientes ainda sem ter atendimento. Coloquei o capacete na cabeça e me sentei na moto, pronta para dar partida. Mas meu celular tocou, anunciando uma ligação e eu temi que fosse mais algo relacionado a saúde de alguém. Porém era a Ludmilla, me ligando apenas as quatro horas da tarde.

📱

- Oi, Ludmilla. - falei assim que atendi a ligação, e pude ouvir seu suspiro aliviado. Talvez pela minha demora de lhe atender.

- Oi, Bru. Boa tarde. - ouvi sua voz sútil - Acho que nunca te ligo em boas horas. - escutei sua risada baixa e lhe acompanhei, pois isso era uma verdade - Isso é uma confirmação.

- Realmente. - suspirei - Mas me diz, porque está me ligando? Aconteceu algo?

- Aconteceu. - fez uma pausa dramática - Eu tô com saudades de você. Muita saudade. - voltou a suspirar.

- Você sempre me liga quando está precisando da minha ajuda para alguma coisa. - confessei meu desapontamento com essa situação - Onde você que ir?

- Em lugar nenhum, Bru. Eu te liguei apenas pra dizer que sinto saudades. - escutei ela se jogar na cama - Mas se você quiser, podemos ir em algum lugar.

Maliciosa (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora