Capítulo 3.5 - Dissipando suspeitas

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Em meio às conversas animadas, Lúcifer mal percebeu que estavam se afastando consideravelmente do centro da cidade. Aos poucos, as luzes urbanas foram substituídas pela escuridão das estradas de terra, ladeadas apenas por densas florestas. O anjo olhou desconfiado ao redor, seu instinto alertando-o sobre o lugar isolado e estranho para onde estavam indo. E, quando Alastor realmente parou o carro naquele local ermo, o pensamento de que talvez tivesse o julgado errado se dissipou por um instante.

— Vamos andando daqui, tudo bem? - Ele perguntou, desligando o carro e retirando a chave da ignição. 

— Onde estamos? - O loiro questionou, olhando em volta, desconfiado e confuso. 

A estrada de terra sinuosa se estendia à frente, cercada por uma floresta densa e escura que parecia engolir qualquer traço de luz. Apenas a fraca iluminação da lua lutava para penetrar o dossel das árvores, criando sombras que dançavam sinistramente ao redor do carro. O silêncio da noite era interrompido apenas pelo som dos grilos e dos ruídos esporádicos da floresta. Lúcifer observava com desconfiança o ambiente ao redor, seu instinto alertando-o sobre a estranheza daquele lugar isolado.

— À uns 10 minutos do bar. - Respondeu calmamente, saindo do carro.

— Por que tão longe? - O anjo questionou, o acompanhando.

— Oh, querido, não queremos ser pegos, não é? - Alastor questionou, sorrindo enquanto trancava o carro. — Há sempre uma chance desses lugares serem descobertos pela policia, e geralmente eles vigiam as estradas por perto para pegarem qualquer um que tente fugir. Aqui eles não passam, então, não correremos esse risco. - Explicou calmamente enquanto seguia para uma trilha na floresta. 

Lúcifer o observou por um instante, mas logo deu de ombros e o seguiu, mesmo sob as suspeitas de sua mente. Enquanto caminhavam pela trilha em silêncio, o anjo observava atentamente o radialista. Alastor mantinha aquele sorriso constante no rosto, como se fosse uma máscara que ele não conseguia remover. Embora fosse intrigante, também era um pouco perturbador. Quem sorria o tempo todo, afinal? Além disso, Alastor se movia com uma elegância desnecessária. Sua postura era impecável, com o queixo erguido e uma aura de confiança inabalável. Era como se estivesse sempre desempenhando um papel, e isso deixava o anjo ainda mais curioso sobre quem era o verdadeiro Alastor por trás daquela fachada de homem perfeito.

No entanto, à medida que adentravam mais fundo naquela trilha sombria, Lúcifer sentia-se cada vez mais alerta, observando cada movimento do radialista, atento a qualquer ação suspeita. Após alguns poucos minutos, o anjo conseguiu enxergar o fim da trilha pouco mais a frente, mas a visão não era muito melhor. 

Uma vila antiga e abandonada se erguia diante deles, suas estruturas de pedra e madeira exibindo os sinais do tempo e do abandono. As paredes das casas estavam cobertas de musgo e heras, enquanto o silêncio reinava nas ruas estreitas e sinuosas. Janelas quebradas e portas entortadas davam uma aura ainda mais sombria ao local, contrastando com a beleza decadente das construções antigas. 

— Posso te fazer uma pergunta? - Alastor perguntou subitamente, interrompendo seus passos diante de uma construção que se erguia imponente a sua frente. A estrutura lembrava uma igreja antiga, mas suas paredes desgastadas e os vitrais quebrados davam-lhe uma aura assustadora. E o silêncio envolvia o local, apenas o sussurro do vento atravessava as janelas vazias, ecoando como um lamento nas ruas desertas da vila abandonada.

— Claro. - Lúcifer respondeu, parando a alguns passos atrás do radialista, olhando-o um tanto desconfiado.

— Você não sente medo? - Sua voz, agora grave, ecoava no ambiente silencioso, carregada de uma tensão palpável.

— Deveria? - O anjo respondeu, mantendo uma distância cautelosa, seus olhos fixos no radialista com uma mistura de desconfiança e curiosidade.

— Você já deve saber que há um assassino à solta em Nova Orleans. É perigoso andar por lugares abandonados como este com estranhos. - Alastor comentou casualmente, encarando o anjo com um olhar intenso e quase sem seu sorriso no rosto. — Você deveria ter mais cuidado, querido. Principalmente em quem confia daqui para frente, eu ficaria profundamente chateado se algo acontecesse com você. - Completou com um sorriso doce, abrindo a porta de madeira em seguida. — Você primeiro. - Apontou para dentro da igreja.

Entre o Inferno e a Terra - Lúcifer x AlastorWhere stories live. Discover now