1

1.8K 77 0
                                    

Levo sempre o Murilo pra escolhinha e fico uma horinha na praia observando o mar e sentindo a presença da minha vó, por incrível que pareça eu sentia que ela ta ali naquela imensidão de mar e aquela brisa então dos ventos batendo em meu rosto fazendo meu cabelo voar alí mesmo eu tinha certeza de que é ela acariciando meu rosto como sempre fazia toda manhã no nosso café da manhã.

Respiro fundo saindo um pouco do meu momento, enfio a mão no bolso do casaco tirando o meu cigarro e um isqueiro acendo o mesmo guardando no mesmo lugar e volto a minha caminhada matinal pela orla da praia tragando o meu cigarro, um dos vícios que não desejo a ninguém, comecei a ter logo após a depressão era como se fosse um alívio pra mente embora a minha mente queira outra coisa, mas eu não iria voltar, não iria dar esse desgosto pro meu filho.

Andando calmamente vendo outras pessoas correndo, outras pedalando e até algumas indo pro trabalho, Recreio de manhã é lindo parecia um dos paraísos tropicais, sorte de ser carioca.

Terminando o meu cigarro sinto o meu celular vibrar no bolso do meu casaco e pego o mesmo atendendo sem olhar para o visor.

Ligação On

Dafne -Alô?-

Colméia -Você tá aonde?-

Dafne -Bom dia pra você também papai, estou caminhando como sempre e você?-

Colméia -Na praia aonde? Dafne, você não tá usando nada não né??- Ao ouvir aquilo respirei fundo.

Dafne -Pai, estou bem, estou na praia caminhando, vai ir lá em casa hoje?-

Colméia -Eu me preocupo com você sabia?-

Dafne -Eu sei, te juro que estou apenas caminhando, chegando na padaria pra tomar café e ir pra casa-

Colméia -Ok, mais tarde dou um pulo aí pra ver vocês-

Dafne -Ta bom pai, vou desligar aqui quando eu chegar em casa mandarei mensagem avisando, beijos-

Colméia -Beijos-

Ligação Of

Essa preocupação dele, eu gostava até, mas as vezes era chato ele tinha que confiar em mim dnv.

“Mas como, se você fez ele perder a confiança em você?”

É, realmente seria difícil.

Minha vó morreu já fez uns 2 anos e no último ano na minha depressão eu optei pela pior escolha, fui inventar de cheirar, em qualquer canto da casa tava lá eu fazendo carreirinha e cheirando aquilo, no início eu ficava com medo mas foi aquilo que me deu alívio nos primeiros momentos, até que me descontrolei e acabei usando na frente do Murilo sem me importar se ele iria ver ou não e ele contou tudo pro meu pai, o que desencadeou do meu pai me dar um baita sermão e ficar meses morando comigo me controlando.

Não vou dizer que do dia pra noite conseguir sair, pq eu não consegui, demorou, mas eu fui me livrando daquele péssimo vício, aquilo não é vida não tá?!! Aí troquei aquilo por cigarro, também não é vida, mas aliviava um pouco.

Se estão se perguntando e o resto da família, eu não tive. Depois que mamãe morreu assim que nasci eles me culparam e culparam o meu pai pela morte dela, então ele escolheu se afastar, fora que eles me desejavam todo mal, aquilo pra uma criança não é nada legal, como pode um ser humano fazer isso. Pensava assim, mas vi que nem todos são como eu, como você ou até como o meu pai, cada um faz de acordo com o seu caráter e é assim que descobrimos quem é quem.

Após passar na padaria e comprar o de sempre que é misto quente com toddynho, vou seguindo o caminho do meu apartamento entro na portaria dando bom dia pro Otávio, porteiro até que é bonitinho, jovem, mas não faz muito o meu tipo.

Guio direto pro elevador e assim que ele fecha dou uma mordida no meu misto que de quente já estava ficando um pouco frio, chegando no meu andar vou direto pro meu apartamento pego a chave destrancando ele e entro trancando novamente me sento no sofá vou terminando de comer o misto logo tiro o meu tênis e vou caminhando pra cozinha, respiro fundo e vou dando início ao almoço logo, preparo um strogonoff rapidinho deixo pronto e vou fazer um suco de manga da fruta mesmo, lavando o que sujei e guardando tudo vou saindo da cozinha indo pro meu quarto e me deito na cama indo mexer no meu notebook.

Tá aí, o que eu fazia da vida em questão de faculdade não fiz nada por causa da gravidez e não fiz questão de fazer, mas fiz vários cursinhos que hoje em dia me ajudam muito, trabalho como lash designer e as vezes faço bolo de pote mais pra vender pelo prédio e vendia bastante, não tinha do que reclamar. Aah mas você não é filha de dono do morro, tem dinheiro. Sim amadas, tenho dinheiro e muito porém eu guardo na conta pq não sabemos o nosso dia de amanhã, ainda mais do meu pai, prefiro ser reconhecida fazendo algo pra caso ele morra ou seja preso eu tenha alguma coisa pra trabalhar e ter retorno.

Na época mesmo meu pai não concordou, dizia ele que eu não precisava, que já tinha tudo, mas eu não queria viver nas custas dele e muito menos depender da vida dele pra sobreviver, conhecimento é sempre bem vindo.

Termino de fazer a planilha da semana e respiro fundo fechando um pouco os olhos pra descansar um pouco digamos assim.

______

Acordo com uma gritaria na sala, abro os olhos pegando o meu celular e vendo que já são 13h, levanto da cama devagar pego a minha toalha e um vestido marrom de alcinha junto com uma calcinha, saindo do quarto passando pela sala encontro o meu pai e o Murilo jogando vídeo game, dou um beijo na cabeça dos dois e vou direto pro banheiro.

Tomo um banho maneiro aproveito lavo o meu cabelo que já estava me incomodando pelo cheiro, termino me enxugo passo meu desodorante que já fica no banheiro mesmo junto com o meu perfume penduro a toalha e aproveito passo o meu hidratante favorito com cheiro de madame Lily vou saindo do banheiro botando a roupa que estava usando na roupa suja.

Graças a Deus a mania de ser vaidosa e limpinha eu tenho. Ah, mas tu só vai ficar em casa, passo sempre perfume e hidratante, ah mas tu não vai receber ninguém, sempre passando até fazia skincare do nada.

Vou direto pra cozinha já imaginando que nenhum dos dois foram comer pego o prato do meu pai vou botando a quantidade de sempre e o do Murilo o mesmo, faço o meu prato boto na mesa e me sento.

Dafne -Pai, Murilo, comida tá na mesa!-

Cor Do Pecado [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora